I'll take care of you

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 Flashback On

 - Me solta Sebastian! - Alec tenta inutilmente gritar, enquanto o garoto loiro, consideravelmente mais alto apertava sua garganta contra o tronco áspero da árvore num terreno há alguns metros da entrada da escola.

 - Ah, eu sei que você gosta - Sebastian aproxima seus corpos e com a mão livre, aperta a bunda de Alec, empurrando-o cada vez mais contra a árvore - Anda, não faça assim... da última vez você estava mais animado. Dessa vez vai ser melhor.

 - Me deixe ir, por favor - lágrimas rolavam por sua bochecha enquanto ele tentava se debater. 

 Sebastian abre o seu próprio cinto com a mão livre e prende as mãos do garoto, desabotoando sua calça e a dele logo em seguida. Depois aproxima seu rosto do pescoço de Alec e começa a beijá-lo no local. De repente Sebastian sente algo puxando seus cabelos com força, afastando-o de Alec e derrubando-o no chão.

 - Ele disse para deixá-lo em paz! 

 Alec se esquecera em que momento havia fechado os olhos. Mas eles se abriram instintivamente assim que a voz de Magnus ecoou por seus ouvidos. Seus olhos se encontram e Alec tenta arrumar sua calça aberta. Magnus joga Sebastian no chão e soca seu rosto repetidas vezes, até que suas mãos fiquem manchadas de sangue, tanto quanto o rosto do garoto. Em seguida, se levanta, puxando o loiro consigo pela gola da camisa.

 - Me solte seu imbecil! - Sebastian esbraveja enquanto gotas de sangue escorriam por seus lábios.

 Magnus aperta sua garganta do mesmo jeito que Sebastian fizera com Alec. Os olhos de Magnus exibiam pura raiva e nojo. Ele encara Alec, que ainda tinha os pulsos atados e lutava para controlar a respiração.

 - Eu vou soltar você - Magnus diz sem diminuir a intensidade do aperto - e você nunca mais vai chegar perto dele. Não vai falar com ou sobre ele. Não vai se aproximar dele. Eu fui claro?

 Sebastian confirma com a cabeça, lutando por ar. Seu rosto adquirira um tom arroxeado.

 Magnus o solta e ele cambaleia um pouco, tentando manter o equilíbrio e sem se atrever a olhar para Alec.

 - Mas antes - Magnus continua enquanto se coloca ao lado de Alec de uma forma ameaçadora e protetora - peça perdão à Alec.

 O loiro o encara incrédulo, pensando em negar, mas muda de ideia no instante em que sente o calor do olhar de Magnus sobre si enquanto fechava os punhos, como forma de conter a raiva.

 - Me desculpe - ele diz, virando-se para ir embora logo em seguida.

 - Eu disse para pedir perdão, Sebastian. E ajoelhe-se.

 - Mas isso é humilhação!

 Magnus caminha novamente até ele.

 - Isso não é nada perto do que você estava prestes a fazer com ele. Ajoelhe-se e implore seu perdão.

 Sebastian, com os músculos tensionados, tamanha sua fúria, ajoelha-se na grama, próximo à Alec.

 - Me perdoe. Por favor.

 Alec não responde, apenas olha para Magnus.

 - Agora vá! - Magnus o ergue do chão pelos ombros.

 O garoto loiro corre para onde os olhos dos dois não alcançam. Magnus rapidamente se joga ao lado de Alec e solta sua mão.

 - Se você não tivesse chegado ele iria... de novo... - o garoto balbuciava quando seu corpo começava a tremer.

 Magnus encosta na árvore e puxa Alec para um abraço, acariciando seus cabelos. 

 - Eu cheguei, Alexander. Eu estou aqui agora... não vou deixar que nada aconteça com você. E como assim "de novo"?

 Alec se afasta de Magnus e limpa as lágrimas que rolavam com a manga da blusa azul escuro.

 - Alec - começa Magnus, se aproximando receosamente - você pode confiar em mim. 

 Alec permanece em silêncio por alguns instantes até voltar a encarar Magnus. Novamente as lágrimas teimosas voltaram a tomar conta de sua face. Ele amaldiçoou-se internamente por não conseguir contê-las. Cada átomo de seu corpo queria gritar, mas os gritos saíam em forma de água de seus olhos. Por mais estranho que possa parecer, Alec queria se aproximar de Magnus. Queria abraçá-lo simplesmente. Não entendia tais sentimentos que afloraram em tão pouco tempo. Simplesmente sabia que Magnus lhe trazia paz, conforto e proteção. Não era algo que Alec quisesse perder. Ele escorrega seus dedos até os de Magnus, roçando-os levemente. 

 - Vamos fazer assim - Magnus continua, tentando liberar a tensão que se espalhava no ar - Você ainda me deve uma aula, então o que acha de sairmos daqui? Podemos faltar só hoje... além do mais será para fins acadêmicos - ele dá um empurrão de leve no ombro de Alec, que sorri pequeno - E se você se sentir confortável, pode se abrir comigo. Eu vou te ouvir, Alexander, e não vou julgá-lo sob nenhuma hipótese - ele entrelaça seus dedos.

 - Tem um parque aqui perto... vamos? - o garoto aperta sua mão firmemente.

 Flashback Off

(HOJE)

Naquela altura, Magnus já não sabia diferenciar suas lágrimas das gotas de água no chuveiro. Estava sentado dentro do boxe, com as costas apoiadas na parede gelada e a cabeça entre os joelhos. Pensava em Alec. Na verdade era impossível encontrar um momento em que ele não estivesse pensando nele durante os quatro dias que o garoto estivera desacordado. 

 Queria Alec. Precisava de Alec tanto quanto precisava respirar.

 Seu corpo doía. Não metaforicamente. Doía como se tivesse sido espancado. Quase como suas paredes, que, a essa altura, choravam lágrimas de sangue quase tanto quanto seus pulsos.

 Ele não lembra exatamente em que momento saiu do banheiro, ou se vestiu, ou caminhou até o quarto. Agora estava sentado na beira da cama, com um moletom azul escuro de Alec entre os dedos, já molhado de lágrimas. Não havia nada que ele olhasse que não lhe lembrasse Alec. Ele estava em tudo. No aroma da casa, na decoração, nas roupas espalhadas pelo apartamento, nos lençóis e travesseiros que Magnus não tivera coragem de trocar. Mas ao mesmo tempo que estava em tudo, não estava em nada. Não estava deitado ao lado de Magnus. Não estava ali para beijá-lo, lhe fazer carinho ou sussurrar coisas bobas somente para ver crescer o sorriso nos lábios do moreno.

 Estava vazio. Todo e completamente.

                                                                                               ***

 O relógio marcava 03:45h quando Magnus acorda com o barulho do celular tocando. Ele abre os olhos com dificuldade e atende, assim que percebe quem está ligando.

- Izzy? O que...? Estou indo.

The cruelty of hope (Malec)Where stories live. Discover now