Decisão. (9)

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- Eu estou acordado?

- Sim. -respondeu Leandro indo em sua direção para o beijar de novo.

- Eu te beijei acordado?!

- Qual o problema?

- Aí não!!! -gritou levantando. - Desculpa, eu não deveria ter feito isso!

- Mas fez e eu gostei! -Leandro sorriu e segurou a mão dele. - Você não gostou?

- Sim, mas...

- Então volta aqui! -ele o puxou de volta para cama.

- Espera, eu não posso fazer isso!

- Por que não?

- Eu nunca fiquei com homem! -Mateus se levantou novamente.

- Sei disso, por isso eu não tentei ficar com você antes, mas agora você me beijou daquele jeito, não vou mais conseguir me conter depois de algo tão claro! -Leandro se levantou.

- Eu sei, mas entenda meu lado, estou confuso, nunca me imaginei nessa situação, eu não esperava me apaixonar justamente por você.

- Eu também estou apaixonado por você, não deveríamos ficar felizes por corresponder o sentimento um do outro?! -Leandro colocou as mãos no ombro dele.

- Estou com medo de tudo isso, estou com medo de fazer coisas com você e gostar tanto a ponto de querer fazer várias outras vezes, de depois querer ficar com você para sempre e ter que encarar a reprovação da minha família...

- Entendi, está com medo do preconceito das pessoas?

- Sim...

- Ok, não lhe culpo por isso. -Leandro saiu de perto dele. - Afinal eu também deixo de fazer muitas coisas com medo desse preconceito, estão, faça o que achar melhor.

- Preciso pensar, vou para casa.

- Tudo bem, mas antes... -Leandro foi até ele o abraçou forte e em seguida deu um beijo rápido. - Não sei quando vou poder fazer isso de novo, só espero que não seja a última vez.

- Le. -Mateus passou a mão no rosto dele. - Eu sinto muito.

   Ele pegou sua carteira e chaves que estavam em cima da mesinha e saiu, no fundo sabia o que queria, porém o medo de passar por uma mudança tão grande o fazia recuar em suas decisões, Leandro entendia perfeitamente isso, pois também por muitas vezes se deixava ser levado pelo medo do preconceito das pessoas, só lhe restava esperar o que Mateus iria decidir.

  No outro dia como de costume Leandro saiu cedo de seu apartamento e foi buscar Mateus para ir trabalhar, demorou um pouco até ele aparecer, o clima entre os dois estava estranho, afinal a situação não era tão simples.

- Oi. -disse baixinho enquanto pegava o capacete da mão de Leandro.

- Como você está?

- Bem, fiquei com um pouco de dor na cabeça por causa da bebida, mas estou melhor.

- Que bom...

  Nenhum dos dois sabia mais o que dizer, então simplesmente seguiram para a clínica, chegando lá assim que Ju os viu percebeu que havia algo estranho, mas achou melhor perguntar depois quando eles estivessem separados. A tarde Mateus estava indo almoçar e ela o parou.

- O que aconteceu com vocês?

- Quer mesmo saber? -ele estava claramente desanimado e sem vontade de responder.

- Claro!

- Beijei ele, mas não tive coragem de ir adiante e pedi um tempo para pensar.

- Que bosta, se os dois querem, qual o problema?

- Ju como eu vou fazer para explicar para minha família meu relacionamento com ele?

- Quem se importa com a opinião da família?! -perguntou indignada. - Qualquer um pode opinar sobre a sua vida, mas geralmente essas pessoas não estão com você quando você está chorando porque não pode ficar com quem ama. -ela pegou as mãos dele. - Ninguém vai conseguir ver por dentro de você e saber o quanto dói, mas você vai saber e só você sabe o quanto gosta dele.

- Acho que eu amo. -Ju sorriu.

- Então não pode abrir mão de um sentimento tão lindo.

- E se eu não for bom para ele?

- O único que pode decidir isso é o Le, tente conversar com ele a noite quando estiverem a sós.

- Ok, vou tentar quando voltarmos para casa.

- Isso, boa sorte.

  Eles voltaram ao trabalho, tudo correu como normalmente, quando fecharam a clínica Leandro apareceu calado, entrou no quarto dos fundos sem dizer nada e ficou lá, Mateus ficou esperando para eles voltarem para casa, mas o rapaz não saiu de dentro, como já estava tarde Mateus foi até a porta para falar com ele. "Chega de ser covarde, vou falar com ele de homem para homem!"

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