Prólogo

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Naquela momentânea manhã de terça-feira, as garotas estavam em frente ao escaninho do terceiro ano enquanto falavam sobre uma história louca que Mariana estava lendo, era uma verdadeira confusão. Na verdade não era só uma que falava e sim as seis juntas, cada uma falando algo com a que estava ao seu lado e Mariana falava abertamente mas, verdadeiramente, só Renata e Rafaela prestavam atenção nas suas palavras.

  Era assim toda manhã, as pessoas provavelmente às achavam loucas e, realmente, eram um pouco durante as manhãs, tarde e noites; de longe podem achar que é uma briga e um diálogo de hienas, pois nesse grupo elas podem até brigar de verdade mas sempre vão estar rindo de uma piada solta no vento.

Rafaela olhava seu celular buscando onde estava a história que Mariana falava naquele momento, pois jurava que já tinha lido mas não a encontrava na sua imensa biblioteca.
 
- Achei!

Sua voz fina soou e Mariana parou de falar para conferir onde sua amiga tinha parado, pegou o celular de suas mãos e afastou um pouco seu cabelo curto cor de mel da frente dos olhos.
 
- Nossa, você está muito atrasada! Nem chegou na hora que as mortes começam!
 
- Como assim?!

Mariana voltou a falar e a rir de seus próprios comentários enquanto Rafaela pegava seu último livro no escaninho quando o sinal tocou, a música que tocava no celular de todas que ouviam, parou com uma notificação. Clara foi a primeira a olhar a notificação e um enorme sorriso preencheu seu rosto, ela colocou seu cabelo cacheado atrás da orelha sorrindo cada segundo mais.
 
- Olhem seus celulares.

Cada uma foi olhando e Rafaela por ser a que gostava de ver as reações, observou a de todas elas; Marcela inflou suas bochechas morenas e levantou o óculos que começava a escorregar no nariz, Renata ficou vermelha e por ser muito branca deu pra reparar que ela começou a se emocionar internamente, mas como é muito tímida só deu um gritinho, Eduarda escandalosamente deu um grito e seu cabelo preto cacheado balançou no vento quando pulou.

Ansiosa, Rafaela olhou seu celular com Mariana ao seu lado que olhou nele também pra não ter que tirar do capítulo que ela estava lendo.

"Cinco anos!! Abram a caixa tontas!"

  Rafaela ficou muito feliz, se lembrou quando colocou aquele lembrete cinco anos atrás em seu celular enquanto Clara cavava seu quintal, como era a única de cabelo longo ela tinha até pensado e brincado sobre colocar uma mecha de seu cabelo dentro daquela caixa, só que ficou feliz de não ter colocado, puxou seu cabelo na ponta e pensou o quanto ele tinha crescido.
 
Quando levantou sua cabeça viu Clara a observando e já sabia o que se passava em sua mente.
 
- Ok, 00:00 na minha casa, pulem o portão, não se esqueçam!
 
- Pra que pular o portão?
Duda perguntou e Rafaela respondeu com o "apelido" que elas usavam.
 
- Porque jamal, se eu abrir o portão tem chances dos meus pais acordarem.
 
- Ah Jamal desculpa eu não tinha pensado nisso.

Elas riram e foram para a sala, era terça, primeira aula: história. Elas podem até não gostar muito de história mas o professor conseguia fazer todos gostarem, então o dia delas foi como todo dia normal de escola, já era o primeiro mês de aula e aquele ano elas prometeram curtir ao máximo como seu último ano de colégio, também provável último ano de estudos juntas morando no mesmo país.
 
Aquele ano definiria a vida de todas e isso às assustava muito, mas elas sabiam que sempre estariam juntas e isso amenizava o medo, afinal uma sempre poderia contar com a outra.

*****
  00:00 em ponto e as meninas chegaram lá na porta de Rafaela, Clara bufava enquanto se acalmava depois de correr toda essa maratona.
 
- Aqui faz tanto frio...

Disse Renata puxando a manga da blusa de frio e soprando as mãos.
Realmente lá fazia muito frio, ainda mais essa hora da noite.
 
- Nós enterramos a 5 pés daquela árvore.

Elas foram para o pé da licoala chorão e andaram, só que não dava para confiar cem porcento que estava certo afinal, já faziam cinco anos e o solo deve ter mudado com a chuva e o calor, também elas poderiam ter contado mais longe, era realmente incerto.
 
- Quem cava? - Mariana perguntou.
Todas olharam pra Clara que a 5 anos tinha cavado o buraco.
 
- Sempre eu nessa merda.

Elas riram e Clara pegou a pá começando a cavar, depois de um tempo ela sentiu a pá bater na caixa de metal, depois de puxá-la de debaixo da terra, bem lacrada, elas só puxaram a alavanca e tudo dentro dela estava em perfeitas condições.

Elas se juntaram e começaram a olhar dentro da estrutura de metal e nela tinha uma foto delas em Polaroid e uma foto normal, suas pulseiras da amizade (cada pulseira tinha uma cor específica de acordo com suas cores preferidas) e umas pétalas que já tinham murchando mas continuavam da mesma cor de cinco anos atrás.
 
- Nossa... 5 anos. Nós nos conhecemos a todo esse tempo e eu não acredito que em 5 anos eu nunca matei nenhuma de vocês, isso é tão caloroso. Eu realmente amo muito vocês assim, nem dá pra acreditar que vivemos tudo aquilo juntas e que hoje ainda estamos aqui! Realmente esse ano provavelmente vai ser nosso último ano que vamos ficar mais de duzentos dias nos incomodando então vamos fazer ser o mais memorável!

  Mariana a sentimental que sabe fazer os discursos mais bonitinhos deixou todas felizes pois, realmente, cinco anos que eram melhores amigas, se amavam e riam juntas como se não tivesse amanhã a todo esse tempo.

  Elas se juntaram e fizeram um abraço em grupo, elas tinham amadurecido bastante, naquelas fotos da caixa elas pareciam crianças, em comparação, elas tinham não só amadurecido, como também tinham ficado muito mais bonitas.

Só faltava dois amigos delas ali,um tal de Fernando gente boa que sempre estavam juntos zoando algo e Isabela amiga delas que estava em um intercâmbio.

  Elas secaram as lágrimas que começavam a se formar nos cantos dos olhos, daqui a um tempo seria o começo da faculdade e a amizade que passou e sobreviveu ao fundamental II e ao ensino médio seria levada a faculdade.
 
- Ehh... Agora voltem pra casa de vocês amanhã temos aula e já era pra estarmos na cama.

Rafaela falou na com muito sono, mas antes elas colocaram as pulseiras nos braços e sorriram vitoriosas, como se fosse o maior tesouro do mundo.
 
- Antes uma foto.

Clara disse e elas juntaram suas mãos formando uma estrela, tiraram uma foto daquela forma e parte do símbolo das "The6" que é como elas chamam o grupo.
 
- Agora vãaaooo...

Rafaela entrou em casa trancando a porta e se deitou com a mão segurando a pulseira. Suas amigas pularam o muro voltando pra casa delas, a aventura de suas vidas está só começando e tudo por causa de uma caixa de metal com umas fotos delas.

A única certeza delas naquela noite era que nada estragaria sua amizade... Isso está totalmente certo?

*****

LostWhere stories live. Discover now