| 3 | " Tu não sabes de nada. "

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Abro a porta rapidamente saindo do jardim dirijindo-me ao meu quarto. Os pedaços que ainda restam do meu coração partem-se completamente deixando-me mais vazia do que nunca.

Quando entro no quarto vou diretamente até à minha cama enterrando a cabeça entre as duas almofadas que estão sob a mesma. A dor no peito voltou e a vontade de me ir embora cresce a todos os momentos. Ele não devia ter perguntado aquilo, ele não tinha o direito.

Por muito que eu tente simplesmente esquecer tudo o que aconteceu eu não consigo e isso faz-me sentir fraca, faz-me sentir inútil, faz-me sentir desprezada. Todos os dias luto para esquecer tudo mas memórias atravessam a minha cabeça a todos os segundos fazendo com que a cada dia que passe a minha vontade de aqui estar diminua.

São 19:00 horas quando abro os olhos percebendo-me de que adormeci. A noite passada foi horrível e precisava de descansar nem que fosse por breves minutos. Levanto-me e vou até à sala, olhando para a rua através da janela atrás do pequeno sofá. A chuva bate na janela com toda a força e o céu está negro, as árvores abanam à velocidade do vento que assobia fortemente.

Caminho devagar até à cozinha pegando numa pêra, comendo-a. De seguida volto para o quarto onde me deito novamente e adormeço passado breves instantes mas não por muito tempo, pois um pesadelo faz-me acordar sobressaltada.

A semana passou devagar, muito devagar e hoje é sábado. São precisamente 17:00 horas e eu estou a caminhar pelas ruas de Newcastle com os fones nos ouvidos, o volume está no máximo fazendo com que eu me perca completamente na música. Hoje, tal como segunda feira, o tempo está frio e chuvoso fazendo com que não haja muitas pessoas a andarem na rua, ao invés disso carros estão parados no trânsito fazendo assim com que os condutores businem reclamando uns com os outros.

Estou a caminhar calmamente com as mãos nos bolsos do meu casaco quando alguém me agarra o braço, viro-me lentamente encontrando o rapaz de cabelo negro que vive na casa ao lado da minha e que tem Inglês comigo, Zayn.

" Hey Charlotte" Ele diz assim que os meus olhos encontram os seus.

Durante esta semana vi-o com três raparigas diferentes em dias também diferentes perto de casa.

Ele não voltou a falar comigo desde segunda feira, o dia em que abandonei o jardim. Não quero falar com ele, não quero voltar a ouvir a sua voz, dele não quero nada a não ser distância. Ele tocou na minha frida mais profunda, naquela que me faz ter vergonha de mim mesma todos os dias.

Liberto o meu braço da sua mão e continuo a andar deixando-o para trás mas claro que ele tinha de vir atrás de mim.

"Ouve, eu não sei o porquê de seres tão fria e tão arrogante mas podes falar comigo se quiseres" Ele diz sério.

Páro de andar e olho para ele aproximando-me e tirando um dos meus fones do ouvido.

"Escuta bem o que te vou dizer. Não tentes dirijir-me a palavra novamente. Eu sou assim, gosto de estar sozinha, não tenho amigos e carrego ódio. A única coisa que te resta fazer é afastares-te."

"Sabes o que tem mais piada em tudo o que acabas-te de dizer? É que eu sei que não gostas de estar sozinha, eu sei que odeias a tua vida e que te sentes inútil todos os dias quando acordas, dentro de ti está um vazio enorme e há dias em que só te aptece fugir. E o mais engrançado é que tu só precisas de alguém para voltar a juntar todos os bocadinhos partidos dentro de ti. Tu precisas de alguém que te dê força para te levantares dia após dia." Ele diz com a sua respiração a embater contra mim.

 "Eu sei o que isso é, eu sei o que isso é melhor que ninguém Charlotte" Ele diz falando cada vez mais baixo e mais próximo de mim.

 "Afasta-te de mim." Rosno afastando-me dele.  "Tu não sabes de nada" Finalizo começando a andar mais rápido para longe dele confirmando assim que desta vez ele não está atrás de mim.

Quando já estou longe o suficiente sento-me num banco de madeira que havia debaixo de uma pequena árvore. Quando me sento volto a colocar o fone que tinha tirado para falar com o Zayn e meto as pernas em cima do banco escondendo a minha cara entre as mesmas pensando assim no que aquele rapaz me disse.

Talvez ele esteja certo mas eu não posso deixar que alguém se aproxime de mim ou no fim esse alguém vai ser magoado, por é isso que eu faço, eu magoo as pessoas.

 Ele não viveu a minha vida, ele não chorou o que eu chorei no passado e muito provavelmente ele não tem pesadelos horríveis todas as noites, ele não sabe o que é estar sozinha no mundo porque ele tem a vida perfeita, tem os pais em Los Angels e provavelmente são os seus pais que pagam a sua casa e que lhe compraram o carro. Ele tem tudo o que sempre quis então ele não pode falar como se soubesse exatamente tudo o que eu estou a passar porque não foi ele que sofreu da maneira que eu sofri e não foi ele que foi abandonado por toda a gente. Ele fala como se já tivesse passado por isso mas no fundo, no fundo ele é apenas um rapaz mimado que tem tudo o que quer e não tem que se preocupar com nada. Ele não deveria ter sequer começado a falar comigo na segunda feira. Ele deveria de me ter deixado, como todos fazem. 

E neste momento tudo o que eu consigo sentir é raiva e tristeza. Não choro à dois anos e agora lágrimas escorrem pela minha face e os meus soluços são notórios. Porquê? Continuava a ser a pergunta que ocupava maior espaço na minha cabeça e mesmo que tentasse evitar a resposta eu sabia perfeitamente qual era, porque eu sou uma merda.

(N\A)

Desculpem ter demorado a publicar este capítulo mas estava à espera de ter mais leituras e quando finalmene as tive comecei a escrevê-lo. Espero que estejam a gostar da fic tanto quanto eu. Eu dedico horas a escrever para vocês e espero mesmo que estejam a gostar. Se quiserem dar opiniões ou se a fic vos estiver a desiludir podem comentar ou mandar-me mensagem. Obrigada por continuarem a ler a fic, significa muito para mim :)

Everyone Got A Dark Side || z.m fanfictionWhere stories live. Discover now