CAPÍTULO 4

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O relógio marcara sete da noite, o sol também já tinha se posto e dava lugar ao crepúsculo que ocupava as imediações próximas da estrada. Não havia mais muitos lugares claros, não fosse pelas luzes dos faróis que iluminavam a metade do caminho. Ao barulho do conversível de Oliver, falávamos qualquer coisa que não envolvesse mulheres, sexo, ou da minha parte, pecado, mas mesmo assim eu sentia que a dúvida esbanjava diante de Oliver.

Tínhamos chegado ao tal ponto de nossas conversas que não pude deixar de notar a hesitação em sua voz, ainda assim ele não disse nada menos que quatro palavras "Ãhã" e "Com toda certeza ". Acho que em algum momento consegui escutar um ganido entrecortado, seguido de uma tosse esganiçada que concluir ser um dos motivos que ele achou para esconder a grosseria. Provavelmente não teve como pensar em outra forma menos "sutil ", se é que me entende.

Aliás, essa na verdade estava sendo a última coisa que eu queria me importar pois minha curiosidade alcançava o auge de um colapso.

— E para onde estamos indo exatamente? – eu me atrevi a perguntar.

Oliver mantivera os olhos na estrada durante dois segundos até olhar para mim curioso e voltar ao estado anterior. Podíamos estar indo a essa hora da noite para qualquer lugar longe do nosso conforto habitual, ele mais do que qualquer um sabia para onde. Dakota do Sul é tão extensa que tínhamos muitas opções de cidades vizinhas para irmos juntos. Pelo menos ele entendeu quando eu disse que precisava visitar um ambiente onde ninguém pudesse me reconhecer ou saber que eu existo.

— Brandon. – por fim disse.

Eu balancei a cabeça satisfeito com sua resposta. Brandon ficava apenas quatorze quilômetros de Sioux e já havíamos percorrido metade do caminho até lá.

— Chegaremos em meia hora. – comentou ele ainda concentrado na direção.

Durante um tempo considerável nenhum de nós disse uma só palavra. Eu fiquei olhando a escuridão através da janela, tentando captar alguma coisa que não tivesse a cor preta, como se fosse possível. Mas só após podermos ver uma quantidade enorme de luzes multicoloridas bem mais adiante e escutarmos buzinas de veículos é que Oliver anunciou a nossa chegada em nosso destino.

— Conheço um bar aqui perto. – falou, quando já estávamos nas ruas da cidade. — Ele é bem frequentado, acho que a metade da cidade vai até lá. Famoso por fazer a melhor batida da redondeza.

— Do jeito que você fala, parece até que vem sempre aqui. – eu dei uma olhada para fora, subindo olhos pelos altos prédios e comércios na beira da calçada.

Oliver parou o carro no sinal vermelho, o motor descansou baforejando no mesmo segundo.

— Tenho negócios na cidade. – Respondeu. — você pode fazer as duas coisas.

Nós nos encaramos por algum tempo e desejei absurdamente saber no que ele estava pensando naquele exato momento. Infelizmente, o sinal abriu e eu nem tive tempo de fazer nem que fosse uma pergunta. Não sobre aquilo.

—Dois caras pegando a estrada da perdição. É o que somos! – eu brandi a voz como se não me importasse com o efeito aleatório que àquelas palavras soavam. — Dois homens sem nada melhor para fazer num domingo a noite. Você, um cara que faria qualquer coisa para salvar o casamento. E eu, um padre que precisa realmente afogar as magoas em um gelado copo de cerveja, e quem sabe depois um pouco de diversão mais profunda.

Eu depositei uma das mãos sobre o ombro direito de Oliver e massageei àquela região em um gesto amigável. Ele entendia muito bem por sinal o que minhas últimas palavras queriam dizer, embora não demonstrasse nenhum pouco de intimidação.

O Padre:(+18) COMPLETOWhere stories live. Discover now