O Padre:(+18) COMPLETO

CAPÍTULO 22

Surpresa! Finalmente, após tantos meses saiu capítulo novo.

Estavam com saudades? Bom, então tenham uma ótima leitura.

Vamos ver o que aconteceu com Henry aquela noite. Boa leitura e não esqueçam de ler a nota no final do capítulo.

P.S.Feliz 2020 a todos vocês.

ψψψψ

— Ouvi um barulho de sirene ecoar dentro da minha cabeça. O som era tão alto que eu sentia que ele estava perto demais. Talvez eu estivesse imaginando coisas, mas quanto mais eu me esforçava para não ouvi-lo, mais eu sentia que meu cérebro derreteria dentro do meu crânio. De certa forma isso iria acabar acontecendo.

Quando abri os olhos só consegui ver infinitas labaredas que engoliam sem piedade a madeira dos pilares que antes serviam para sustentar o teto da igreja. Os poucos bancos  ainda restantes da platéia começavam a chamuscar. Dava para ver o verniz derretendo e se misturando a tinta que gotejava feito ácido no chão. Àquela altura, já não se podia salvar muita coisa. Nem mesmo eu. O pensamento me arrancou algumas risadas e me fez  tossir.

Então é assim o inferno?

O fogo consumia tudo o que tocava. E quanto mais ele crescia maior a temperatura ficava. Eu sentia o peso dela na minha pele, a pele que logo começaria a fermentar como água esquentando no fogão. Depois eu teria de suportar as bolhas estourando uma a uma até o meu couro se diluir e se transformar em uma casca dura de cinzas. No fim das contas eu não estava livre de me tornar o maior peru assado de natal feito pela caridade daquele filho da puta. Eu sei, eu sei. Eu podia estar ficando louco, mas imagino que parte das minhas alucinações, pensamentos deturpados fossem por conta da quantidade de fumaça que inalei.

Eu podia facilmente atravessar aquela cortina de chamas e sair pelo que um dia foi a entrada da igreja. Mas havia um problema...talvez dois problemas. Eu não podia sair. Quer dizer, não que eu não quisesse, minhas mãos estavam amarradas então eu não podia mesmo. Eu mal sentia minhas pernas. Elas pareciam fracas demais. E cá entre nós, analisando o gosto de sangue na boca, o líquido quente descendo da minha testa, eu tinha sangrado bastante nos últimos trinta minutos.

Se eu passasse mais tempo alí, logo eu estaria reduzido a cinzas, ou  esmagado pelo peso do teto e consumido pelas chamas ardentes.

Você não parece ter muitas alternativas agora, não é mesmo Henry? Eu me perguntei, esperando obter respostas. Mas isso só revelou que eu tinha problemas mentais muito sérios. O cenário na minha frente era a melhor resposta que alguém poderia ter.

Então me veio uma grande dúvida. A maior delas. Provavelmente a maior dúvida que qualquer pessoa na minha situação tenha tido. Pelo menos as que tiveram chances de se indagar ou as que ainda puderam ser salvas. Bem, eu estava grato por ter tido a chance de contestar a fantasia que tantas pessoas criaram e que muitas delas esperam durante sua morte.

Onde estava o filme que tantos dizem passar num milésimo de segundo bem diante de nossos olhos? Onde estava o meu filme, o filme da minha vida? Depois que me perguntei isso, eu esperei por ele, admirando os vidros das janelas estourarem, as centenas de fagulhas atravessarem a parte do teto que já havia terminado de pender e, finalmente o fogo se aproximar do altar onde eu estava amarrado.

Eu esperei pela oportunidade de vislumbrar mentalmente todas as coisas boas, ruins e tristes que vivi. Mas não tive muitas coisas boas na vida. Só coisas ruins e tristes que de certa forma, seria a última coisa que eu iria querer lembrar antes de morrer. “Ah, mas você deve estar fazendo drama por pouco. Deveria estar grato e blá blá blá...”. Por que merda eu teria gratidão alguma? Por que Deus iria querer que alguém como eu fosse salvo? Não tinha razão alguma para alguém atravessar aquela porta e me tirar dalí!

Se eu listasse as coisas boas que aconteceram comigo em toda a droga da minha vida,  elas se resumiriam em Kate e Oliver. Mesmo assim, parando pra pensar. Eu não causei o mesmo efeito na vida deles. Ninguém com uma mente estável depois de saber o quão doente eu sou me acharia uma boa companhia.

Família? Onde foi parar todos que diziam me amar? Há tempos que não ouço falar neles. Há tempos não recebo uma ligação sequer. Quando a porra das pessoas que disseram que te amavam abandonam você, tudo que te resta é você por você mesmo! Mas nem isso eu tenho afinal. 

As pessoas só me cumprimentam nas ruas e em lugares de eventos sociais pelo simples fato de eu ser um padre. De estar a serviço do que eles acreditam. De estar disposto a ajudar a manter a fé deles intactas. Se eu fosse qualquer outra pessoa o máximo que eu receberia de alguém seria um olhar indiferente, adjetivos repulsivos ou até mesmo elogios que eu nunca ouviria da boca de alguém. Porque é isso que acontece quando você não tem utilidade alguma para as pessoas. Você é esquecido e ignorado. A maior piada de ser humano é que chega um dia que você é esquecido por todos. E esse dia chega quando você não tem mais utilidade. Quando você percebe que sempre esteve sozinho no mundo.

Quer saber de uma coisa? Quando àqueles bombeiros derrubaram as portas da igreja e vieram até mim mesmo que morressem queimados ou soterrados. Eu soube que eles não estavam se sacrificando por mim. Não era eu quem eles foram salvar. Ninguém sabia que eu estaria alí dentro. Ninguém nem sequer pensou na possibilidade de eu ter sido arrastado alí para dentro. A pessoa que ligou para emergência sabia  que quem estava dentro daquela igreja poderia morrer, mas não pensara que eu teria sido colocado lá, amarrado, e torturado por alguém que disse ser meu amigo. E quer saber de uma mais um detalhe? Eu gosto da sensação que é lembrar de Ethan reduzido a cinzas e não eu.

A imagem do seu corpo em chamas, dos seus gritos de dor e de seus berros que só pararam vinte minutos depois que o fogo tinha se alastrado, a sensação é muito melhor que se drogar.

— Percebe que está se auto-violando, Henry? Fisicamente, mentalmente, emocionalmente. Não a saída para você a menos que você queira. — a mulher de cabelos escuros falou, enquanto fingia anotar qualquer coisa no seu bloco de papel

Foi naquele momento que eu percebi que certas pessoas me enojam de um jeito que eu poderia matá-las se quisesse.

— Eu quero que repita tudo que disse outra vez. Mas vamos fazer diferente. Dessa vez eu quero que use isto.

Ela me entregou o bloco de papel com os principais pontos do que tinha observado naquela consulta. Àquilo me fez ferver por dentro.

Eu segurei a cânula do soro brutalmente e numa fração de segundos enrolei envolta de seu pescoço. Foram mais de quatro voltas. Eu apertei com o máximo de força que consegui. Ela se contorceu. Lutou pela vida. Repetiu meu nome, ou pelo menos tentou. Implorou até sufocar e morrer asfixiada.

O corpo dela pendeu para o lado da maca esvanecido e vazio. Mas eu não dei importância, pois apreciava o êxtase da adrenalina penetrando os poros da minha pele. Era bom demais, a sensação me consumia....

— Henry? — A psiquiatra falou, me trazendo de volta a realidade. — Você está bem?

Levou um tempo para eu perceber que tudo àquilo não passou de uma fantasia psicótica. Então só quando ela refez as pergunta que eu consenti com um gesto de cabeça.

ψψψψ

Esse foi o capítulo tão esperado por muitos de vocês. E aí, o que acharam? Triste, tocante, vazio, diferente?

Comentem aí qual a opinião de vocês que responderei com maior prazer. E quem puder votar e divulgar o livro com amigos, grupos de whatsapp, grupos de facebook. No stories do instagram, twitter sintam-se a vontade. Eu ficarei muito grato pela ajuda. O Padre está com quase 70k então vamos bater a meta de 100k.

E quem se interessar, vou deixar meu instagram aqui, então quem quiser seguir, me marcar, me mandar mensagem no direct, fique avontade também. No momento não estou postando muitas coisas. Mas em breve vou estar anunciando por lá as novidades. E também pelo grupo do Whats, quem quiser entrar me chama no pv.

Instagram: @maygabriel7

Bom, é isso. Estava com saudades de postar o livro e de todos vocês. Aliás ele já está concluído, então vou postar ele aos poucos só pra variar. Bjs :3