Capítulo 08 - O telefonema

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Ano 2327

— Não acredito! Ela ligou para Elisabeth? — espantou-se Yara, levando as mãos à boca, olhando para o holograma de Germano.

Com a intervenção inesperada de Yara, Germano interrompeu a narrativa e toda a cena que se passava diante de seus olhos ficou congelada.

— Sim, ela ligou e eu só fiquei sabendo mais tarde, já em casa, quando contatei a Elisabeth.

— Mas o que ela tinha que ligar para Elisabeth, e ainda escondida de você?

— Coisas de mãe — disse Germano sorrindo, enquanto desviava o olhar para a enorme mancha azul, coberta de pequenas partes brancas, que preenchia quase toda a janela do alojamento. — Realmente, vista aqui de cima, a Terra é linda. Jamais imaginei que um dia a veria, assim, tão do alto. Porém, na verdade, ao pé da letra, eu nunca a verei em vida, pois já estou morto há centenas de anos; e também não sou capaz de sentir as emoções que o meu eu de carne e osso sentiria ao vê-la. Esta sobrevida que estou tendo aqui, não terá mais sentido depois que terminar a narração de meu diário...

— Não! Não pode. — Yara olhou para Felipe suplicante. — Você não vai desativá-lo, vai? Eu já me afeiçoei a ele. Vai ser a mesma coisa que matar uma pessoa amiga.

— Não sei ainda — todos os olhares se voltaram para Felipe, que se sentiu pressionado, e nem mesmo ele sabia o que falar naquele momento. — Eu não havia pensado nisso, no que aconteceria depois que concluísse a narrativa de seu diário.

Yara levantou-se e foi até Felipe, que continuava de pé, encostado numa das paredes do alojamento. Encostou seu corpo no dele, para que ele voltasse a sentir todo seu calor, enquanto lhe passava as mãos por trás da nuca e puxava sua cabeça até que seus lábios ficaram na altura do seu ouvido direito.

— Mas você vai dar um jeito nisso, não vai, meu gatão? — perguntou sussurrando-lhe ao ouvido, enquanto passava a ponta das unhas com carinho em sua nuca, aumentando a intensidade da pressão aos poucos, mas sem interromper os movimentos.

— Prometo que depois vou pensar numa solução — disse enquanto fechava os olhos para sentir o momento. Mas Yara se afastou de maneira brusca, como lhe impondo um castigo, enquanto voltava para a sua posição inicial, sentada ao lado de Germano.

— Então, conversaremos depois, gatão, quando tiver achado uma solução para este problema. Assim como você não quis deixar sua pesquisa esperando algumas horas atrás, agora é minha vez de não querer perder mais nenhum detalhe desta história do Germano, que a cada momento está melhor — e sorriu maliciosa para Felipe, que também sorriu, aceitando a provocação dela, que era justificada, por sinal.

— Posso continuar, então? — perguntou Germano, olhando para os dois, à espera de aprovação.

— Claro, Germano, pode continuar, por favor — disse Yara, concentrando-se na cena tridimensional no centro do dormitório, que voltava a ganhar movimento.

***

Ano 2060

Elisabeth me contou mais tarde, que quando seu telefone tocou, e viu que era um número com prefixo do Brasil, atendeu de imediato, achando que era eu, ligando de outro aparelho. Tentou, então, colocar no modo de teleconferência para ver pelo vídeo quem a estava chamando, mas uma mensagem na tela informou que o outro aparelho não dispunha deste recurso. Foi então que tomou um susto, com a resposta que mamãe deu, dizendo que era a sua sogra.

— Minha sogra? — perguntou perturbada e sem ligar um fato ao outro.

— Claro, Betinha, sua sogra!

Amor Infinito  (Degustação: 21 capítulos)Where stories live. Discover now