Amor Infinito (Degustação: 21 capítulos)

Capítulo 09 - E agora, Bárbara?

Cheguei em casa cansado, joguei a maleta em cima da cama, peguei uma cueca no guarda-roupa e fui direto para o banheiro.

A água estava uma delícia, se pudesse ficaria ali por horas, mas infelizmente já começavam a acontecer algumas restrições ao seu consumo exagerado. Os chuveiros agora tinham um temporizador. Iniciado o banho, você tinha apenas quatro minutos de funcionamento. Após este tempo, ele ficava bloqueado por oito horas, antes de liberar mais quatro minutos de água. Os novos aparelhos vinham com um sensor de liga e desliga ativado por biometria. Você era obrigado a colocar seu polegar direito no sensor para ativá-lo. Para usá-lo antes deste prazo, ele teria que ser acionado pelo polegar direito, de outra pessoa diferente. Assim, uma família com várias pessoas garantia o banho de todas elas, mas uma nova chuveirada para cada um deles, só depois do prazo programado.

Se eu quisesse tomar um banho mais demorado, como era meu desejo, teria que arrumar outro polegar direito para ativar o chuveiro quando ele bloqueasse. Logo me lembrei da vizinha do 507, poderia pedir a ela, que aceitaria de bom grado, tenho certeza. Afinal, era uma loura deslumbrante, cabelos longos, olhos azuis, pele bronzeada pela praia de Ipanema, pernas e curvas torneadas por muita malhação na academia, pois sabia se cuidar. Mas agora eu era um homem comprometido, acabara a época da galinhagem. Dei uma risada alta, com o jato d'água enchendo-me a boca, e me fazendo engasgar.

Terminei a ducha alguns segundos antes do temporizador desligar. Peguei uma caixa de suco na geladeira, me servi em um copo alto e fui sentar na sala. Liguei a TV e fiquei zapeando por alguns canais, não achando nada interessante. Mesmo assim, deixei-a ligada, mas minha atenção se voltou para o smartphone. Estava na hora de ligar para Elisabeth. Com o controle, sintonizei no canal 3 e procurei no celular a função Transferir Ligação, depois escolhi TV. Pronto, a tela da TV estava reproduzindo a do meu telefone. Fiz a ligação e, após três toques, Elisabeth atendeu.

— Oi, meu amor! — ela disse com uma voz ainda mais meiga do que eu já tinha ouvido antes. — Pensei que não ia me ligar mais, que já tivesse me esquecido.

— Eu seria o homem mais idiota do mundo se fizesse isso — disse com a voz mais calorosa que consegui. — Teria que ser internado como louco, se, de um dia para o outro, esquecesse a mulher que amo.

— Falando assim, eu acredito. Nossa! Como você fica gostoso com essa cuequinha branca que está usando — ela disse enquanto fazia uma careta marota. Seu rosto reproduzido na tela de 65 polegadas me deixava fascinado. — Por que você não trouxe cuecas brancas também para Nova Iorque, só de outras cores? Fica um gatão ainda mais gostoso com essa cor, sabia?

— Claro que sei — disse enquanto levantava e dava uma rodada no melhor estilo modelo de passarela, para que ela pudesse apreciar todo o material. — Está gostando do que vê?

— Muito. Pena que não inventaram ainda o teletransporte, pois adoraria estar agora sentada no teu colo, ouvindo você dizer no meu ouvido que eu sou tua.

— Você é minha, minha, minha, minha... E só minha!

E assim, ficamos matando a saudade por quase uma hora. Eu precisava resolver aquela situação logo cedo. Assim que chegasse ao jornal, falaria com o Araújo, o editor-chefe. Não podia deixar passar nem mais um dia. Teríamos uma reunião de pauta logo cedo, depois falaria com ele.

Aquela foi uma noite maravilhosa, pois sonhei com Elisabeth o tempo todo. Pela manhã "alguém" estava dolorido, e aquela ereção não era a costumeira de todas as manhãs, era devido ao teor de meus sonhos. Não pude deixar de rir, enquanto me levantava da cama e caminhava em direção ao banheiro.

XXX

No trajeto para o jornal, senti um incômodo no peito, não uma dor, mas certa aflição, como se alguma coisa não estivesse bem. Aproveitei a tranquilidade do metrô naquela manhã para ler um pouco no tablet. Havia comprado mais alguns e-books e estava começando a ler o volume 15 de Game of Thrones. Como a sensação continuava, interrompi a leitura e chequei minhas mensagens pessoais.