Capítulo 13 - Bárbara: Recomeço

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— Como é que é? — levantei-me pronta a tomar satisfações com aquela mulher. Respeitava sua dor — que eu já duvidava se era mesmo tanta assim — mas ela não falaria daquela maneira na minha frente.

"Rapidamente, o Caetano também levantou e ficou parado na minha frente, impedindo que eu avançasse sobre Juliana. Meus nervos estavam tão abalados pela noite passada, e o início macabro desta manhã, que não conseguia mais medir minhas atitudes com clareza. Ainda bem que ele obstruiu a passagem, ou teria enfiado a mão com vontade naquela mulher, que não me conhecia e já tirava conclusões erradas a meu respeito."

— Calma, Bárbara! — Caetano abraçou-me e fomos até outro sofá em frente ao que estávamos, onde ele insistiu para que eu sentasse. — Calma! Você tem que se acalmar. Juliana está abalada com a morte trágica do marido, não adianta querer brigar agora. Fica calma, e deixa que eu falo com ela. Ok?

— Tá bom, Caetano, mas que ela não fale assim de novo, ou perco a cabeça de vez — minha voz saiu trêmula e eu sentia meu sangue ferver.

— Então, essa aí é a putinha da vez? Agora o safado estava reduzindo a idade das suas conquistas... — Juliana avançou de novo em minha direção, mesmo com Caetano se colocando à sua frente, barrando a intenção de me alcançar.

— Calma, Juliana! Você está entendendo tudo errado — agora ele a segurava pelos braços e tentava afastá-la de mim, pois eu já tornara a levantar e estava em guarda, prevenida para o que ela pudesse tentar. — O Alfredo não teve nada com a Bárbara, eu posso te garantir...

— Garantir como, Caetano, se ela mesma disse que estava morando no apartamento do Alfredo? — Juliana berrava e tentava desvencilhar-se dele para poder atacar-me. — Bem que uma amiga havia falado sobre ele ter um apartamento para onde levava suas piranhas. Mas o safado sempre negou e desconversou, dizendo que era fofoca de amiga invejosa,porque ela tinha dado em cima dele e não fora correspondida. Mas, então, era mesmo verdade, o traste tinha um ninho de amor onde colocava chifres na minha testa, e, com certeza, ainda ria de mim enquanto transava com suas biscates.

"A empregada veio correndo até à sala para ver o que estava acontecendo e voltou em desabalada carreira até a cozinha, retornando com um copo de água com açúcar para a patroa. "

— Aqui, doutor Caetano, dá essa água com açúcar para ela se acalmar — entregou-lhe o copo com a mão trêmula, voltando a sair apressada do raio de visão da patroa, que já a olhara enfurecida.

— Eu não vou beber nada, Caetano! Não quero ficar calma, eu quero é saber dessa história toda, tin-tin por tin-tin. Chega de mentiras, de levar uma vida de mulher compreensiva, cuidando da família, enquanto o Alfredo vivia por aí circulando com mulheres. Chega de mentiras que elas eram colegas de trabalho, ou modelos para matérias do jornal. Chega de amigas trazendo fuxicos, e que eu rebatia, mas que no fundo sabia que deviam ser verdade. Chega! Chega! Chega! — para nosso espanto, sentou-se no mesmo sofá onde estivera sentada antes, colocou as mãos sobre o rosto e começou a chorar.

"Até eu senti um pouco de pena, mas não muita, porque meu santo, como dizia mamãe, não tinha batido com o dela. Caetano foi sentar-se ao seu lado, tentando consolá-la. Abraçou-a e procurou ser gentil."

— Calma, Juliana! Sei que é muita emoção para começar o dia. Uma desgraça...

— Caetano, nossa vida como casal já não era lá essas coisas, nos últimos meses ele estava muito mudado, e não estou falando só das outras mulheres, pois acho que ele sempre teve. Mas quando pedia para fazermos alguma viagem, ou que reformássemos nossa casa de Cabo Frio, ele vinha com uma história de que era melhor esperar, que o dinheiro estava todo comprometido no jornal, sempre tinha uma desculpa. Várias vezes discutimos, pois eu rebatia suas negativas falando que você e a Luíza estavam sempre viajando e não sentia que vocês estivessem tão apertados assim de dinheiro. Ele desconversava e saía de casa, ou se trancava no escritório e ficava lá por horas. Eu cheguei a pensar que você o estivesse roubando na administração do jornal. Mas não podia mesmo acreditar nisso, afinal você e a Luíza sempre foram nossos grandes amigos. Sei como os funcionários do jornal te admiram, e te respeitam, por isso não poderia ser um trapaceiro.

Amor Infinito  (Degustação: 21 capítulos)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt