Resultado

1.9K 174 275
                                    

As aulas tinham custado a passar.

Todos tinham me perguntado o dia todo o que eu tinha por estar tão calada e quieta. A hora do almoço tinha sido uma tortura. 

Eu não tinha comido quase nada da salada que a Cheryl tinha me levado. Estava distante de todos e com os pensamentos longe. 

Pedi licença da mesa e fui para a sala de revelação das fotos. Lá eu poderia ficar longe das pessoas e pensar um pouco. 

Mas eu não pensei em nada. Apenas em minha mãe e em toda a bagunça que ela tinha deixado para mim. 

O sinal do fim da aula tocou e eu fui para o estacionamento. Antes de subir em minha moto, senti alguém me puxar e me virei, vendo as mechas ruivas que eu amava. 

-Para de fugir de mim. -Ela me empurra para seu carro que estava estacionado do lado da moto. Me encosto na lateral do mesmo e ela abre a porta e joga sua mochila lá dentro. -O que tem de errado com você?

-Só estou pensando. -Digo e ela pega minha mochila e joga no banco de trás do carro. Coloco minhas mãos no bolso da jaqueta que estava usando e fecho os olhos. -Eu tenho de ir pegar o exame. Depois vou passar na casa do seu pai e ir trabalhar.

-Não se deixa abalar por isso. Sei que vamos resolver tudo. -Ela segura meu braço e me puxa para si.

-Eu só estou com medo de o resultado ser positivo. E se acontecer, eu não sei o que vou fazer da minha vida. -Começo a chorar e abraço ela de volta. 

-Não foi você mesma que disse que tina certeza que ele não era seu pai? E além do mais, eu nem sei se ele é mesmo meu pai, então se ela for seu pai as coisas vão ser bem diferentes. Mas quero que saiba que eu ainda vou te amar. -Ela estava passando as mãos pelas minhas costas e eu comecei a relaxar. 

-Tenho de ir. Quero saber o resultado o mais rápido possível para acabar com isso de uma vez. -Ela me soltou e secou as lágrias que estavam em meu rosto. Sorrindo, ela beijou minha bochecha e eu sorri e fui para a moto. 

Dirigir era libertador. Ter o vento contra meu rosto, ver os carros ficar para trás e saber que eu era a dona da minha vida e tinha te ter cuidado para não morrer ali, era até engraçado.

Alguns minutos depois eu estava na clínica. A rapidez me acalmava. 

Entrei no local e fui até a recepção, tinha apenas uma moça ali.

-Boa tarde, eu vim buscar um exame. -Ela me olhou e pediu meu nome e depois de eu ter falado e ela ter digitado, pediu uns minutos para poder ir buscá-lo. 

Me encostei no balcão e coloquei as mãos sobre o cabelo, mexendo nos mesmo de forma nervosa.

-Nervosa? -Olho para a mesma moça que tinha me atendido antes, sorrio de forma simples e ela retribui com um sorriso cheio de dentes. -Espero que tenha o resultado que queira. E se ele não for seu pai, não desista de procurar. E se, talvez quiser conversar, aqui está meu número. 

Ela me entregou o envelope e um papel em cima com seu número escrito. Pisquei algumas vezes e sorri.

-Desculpa, mas eu tenho namorada. Talvez ainda tenha depois do resultado, mas foi gentil da sua parte. -Digo de forma calma e aceno em despedida e saio indo para minha moto. Subo na mesma e guardo o envelope no bolso e ligo a moto, indo em direção a mansão Blossom.

Aquela casa me dava arrepios. Grande demais, escura também. Era ruim.

Ao chegar, fui recebida por Nana Rose no jardim. 

Ela estava ao lado de um canteiro de rosas e olhava as mesmas. Me aproximei e ela se virou em minha direção.

-Pensei que nunca mais voltaria aqui. -Ela me olha e sorri. 

-Tenho motivos para isso. Mas prometo vir mais vezes te visitar. -Sorrio e ela pega minha mão antes de eu passar por ela. 

-Não se preocupe com o que aquele meu filho, cabeça oco e sem juízo, diz. -Ela fala baixo e eu fico olhando para ela, sem entender o quanto ela sabia de tudo aquilo. -Me ajuda a entrar?

Me recomponho e empurro sua cadeira de rodas pela trilha de pedras ali para a entrada da mansão. 

-Que bom lhe rever, Topaz. -Escuto ele dizer enquanto eu chegava a porta junto de Nana Rose.

-Aposto que não é nem um pouco agradável para ela te ver de novo. Nem eu aguento ver sua cara todo dia mais. -Nana Rose dizia enquanto eu empurrava sua cadeira para dentro da casa.

-Mamãe, por favor. Vamos parar com essa briga. -Clifford disse e cruzou os braços.

-Que seja. Vou para meu quarto, quero acabar de ler. Se interromper minha leitura eu vou te bater. -Nana começa a se mover para seu quarto e em alguns minutos, ela já não estava mais na sala.

-Espero que o resultado lhe agrade. -O Blossom mais velho se senta em uma poltrona e me indica o sofá em um pequeno gesto.

-Não vou demorar, prefiro ficar em pé. E o resultado só vai me agradar quando eu ler o negativo. -Retiro o envelope do bolso da jaqueta e abro o mesmo em sua frente. Nao estava a fim de ler toda a burocracia que vinha antes, então pulei direto para a próxima folha, está que contia o resultado.

"O suposto pai tem no mínimo 0,01% de chance de ser o pai biológico da filha."

-E então, o que está escrito? -Ele me perguntou e eu lhe entreguei as folhas.

-Está escrito que não sou sua filha. Essa chance é nula. -Respiro fundo e solto o ar pela boca.

-Eu não entendo. O primeiro deu positivo. -Ele me olha.

-Talvez seja porque você pegou um fio de cabelo da Cheryl. Normal, dormimos na mesma cama. -Digo e coloco as mãos nos bolsos da jaqueta. -A propósito. Na manhã do dia que você nos visitou, eu tinha trocado a roupa de cama. Cheryl tinha passado em casa para poder trocar de roupa e ir para a livraria.

-Então você está dizendo que o cabelo era dela? -Ele olhou para as folhas em sua mão.

-Provavelmente ela deitou na cama quando foi para casa. -Eu retiro as mãos dos bolso e me viro para a janela. -Estou tão leve por saber, ter a certeza na verdade, de que eu não sou sua filha. Isso é libertador. Então, passar bem e espero não te ver tão cedo.

Sem esperar respostas, me viro e saio da sala e em seguida da mansão Blossom.

Vou as pressas para a moto e ligo a mesma, coloco o capacete e volto para o centro da cidade.

Eu tinha de contar para Cheryl o quanto antes, então resolvi que faria um jantar em comemoração.

Essa noite seria perfeita. E leve também. Leve por saber que estávamos livres de um fardo que não suportaríamos carregar.

###

T.T eu te amo tanto.

Ei amores da minha vida.

Desculpa por esse capítulo. Escrevi ele as pressas e durante minha aula de embriologia e minha reunião com a Liga da faculdade.

Mas aqui está para vocês.

Votem e comentem. Compartilhe com os amigos também. Isso me deixa feliz.

Beijos bb's lindos do meu coração.

Sem te perder.Where stories live. Discover now