14 - A COR VERMELHA

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A presença de Lione não me incomodava, sequer queria direcionar alguma palavra a ela ou Héktor.

— Eu saio por alguns dias e vocês se metem em problemas. — Lione estava muito nervosa. — Vocês foram atrás dele sem me esperarem...não deviam ter feito isso seus moleques irresponsáveis.

— Lesath levou Leo...— disse Héktor tentando interrompe-la.

— Silencio Héktor! — gritou Lione. — Com certeza isso foi ideia sua Alium. — Aquela foi a primeira vez que me lembro de ela ter nos chamado pelo nome.

— Não importa de quem foi a ideia. — falei em voz baixa.

— Claro que importa. — gritou novamente. — Vocês estão proibidos de ir na floresta escura...se pensarem em ir eu mato vocês antes. — Lione abriu a porta apontando dois dedos, e a fechou da mesma forma.

— Ela nos mataria mesmo? — perguntou Héktor.

— Talvez — respondi.

Eu não conseguia dormir, o que minha mãe pensaria sobre o que havia acontecido, eu devia ter protegido ele, não deixá-lo ir embora com Lesath. O que fariam com ele?

— Consigo ouvir o beliche balançando — disse Héktor. — Ele vai ficar bem.

— Como você sabe? — respondi entristecido.

— Eu não sei.

"Eu não sei", Era só aquilo que ele tinha para dizer? Mas...o que eu poderia fazer? Leo escolheu ir com Lesath, eu só estava tentando protegê-lo. Ele estava fraco, não sabíamos o que poderiam pensar se o vissem daquele jeito, deveria ter alguma enfermaria no castelo, mas não quero pensar no que fariam com ele se vissem a marca.

Talvez eu só estivesse tentando não me culpar por eu ter deixado ele no quarto, me sentir melhor comigo mesmo.

...

Era noite, eu deveria ter anos, não era muito baixo, pelo menos para mim não.

— Alium? — disse meu pai. Seu rosto não possuía um traço de cansaço, e seu cabelo encaracolado de cor clara estava comprido, carregava dois sacos grandes, cada um com uma corda amarrada na ponta.

— Sim? — O beliche estava organizado como nossa mãe sempre havia ensinado, a cama dos meus pais tinha alguns lençóis finos cobrindo o colchão recheado de feno.

— Temos que colher as maças hoje, vista uma roupa velha. — Ele tinha tanto para pensar que nunca se preocupava em lembrar que tínhamos apenas roupas velhas.

Passamos pelo pequeno corredor e descemos as escadas para o cômodo com feno amontoado para o Giants do meu pai e da minha mãe.

— Como dormiu Alium? — Os cabelos ruivos da minha mãe escorriam pelo seu ombro, quase não se conseguia notar suas sardas de tão claras, ajoelhada em frente ao seu Giants escovando seu pelo branco com uma escova de madeira. Leo sempre muito pequeno para sua idade, estava acariciando o Giants do nosso pai deitado ao lado.

— Posso fazer mamãe? — Amandi tinha apenas 4 anos, estava em pé tentando pegar a escova das mãos da nossa mãe. Seu curto cabelo louro estava misturado com fios de feno, provavelmente deveria ter se lançado em meio a cama dos Giants como sempre fazia.

Mamãe entregou a escova para Amandi que apressada deslizou sobre o pelo do Giants com toda a força que tinha, o fazendo sibilar tão algo que as casas vizinhas deveriam ter escutado.

— Calma Tellas — disse mamãe acalmando seu Giants. Segurou a mão de Amandi fazendo os movimentos no pelo de Tellas, o acalmando. — Tenham cuidado na colheita. — E nos despedimos com o Giants do nosso pai nos seguindo, ele era adulto e tinha a altura do meu pai.

Os Gigantes de ArmaduraOnde histórias criam vida. Descubra agora