Capítulo 1 - A manhã seguinte

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Não deveria haver um som de ambulância no meio de um campo de flores.

Jungkook olhou ao redor sentindo-se confuso. O som da ambulância ficou cada vez mais forte e real até ele perceber que não estava em um campo, estava deitado na sua cama e da janela aberta vinha o barulho da rua movimentada lá embaixo.

Mas que porr... Seu coração quase saiu pela boca quando finalmente despertou e se lembrou de onde estava.

Na noite passada, seus joelhos se toparam com a quina da cama enquanto ele se desfazia da própria jaqueta. Ela riu do quanto ele era desajeitado e não fez questão alguma de cobrir os próprios lábios. Deitada sobre seus lençóis, as mãos esticadas no ar procurando pelo corpo dele, sua imagem se assemelhava à de um anjo. Ele deveria ter temido por seu coração assim que pousou os olhos sobre ela, mas não o fez e obteve do destino a melhor das consequências.

Não tiveram muito tempo para conversar. Ele se sentia triste e solitário, afogado em seus problemas, questionando-se quando a vida lhe daria uma pausa de tanta turbulência e deixaria que seu barco seguisse em paz. Ela parecia cabisbaixa naquele canto do bar. Apoiando uma caneca de cerveja em uma mesa vazia enquanto o espaço ao seu redor estava lotado.

Não sabia o que de fato aconteceu, porque raramente se colocava em tal posição, mas foi invadido por uma necessidade absurda de se aproximar e chamá-la para pista de dança. Seus amigos bateram palmas como os grandes patetas que eram e não pouparam piadinhas quando ele acenou de longe que se demoraria com a garota das pálpebras de pêssego muito mais do que imaginara. Estava certo que levaria um fora, mas ela prolongou a dança por muitas músicas e terminou a noite permitindo que ele lhe beijasse o pescoço enquanto se aconchegavam na pequena e desconfortável cama no apartamento dele. 

Calma Jungkook, respira, o que você vai falar pra ela? Bom dia! Oi?! Dormiu bem?Mas que grande bosta, vai parecer um pateta se falar desse jeito. Tá, no três você abre o olho e dá bom dia como uma pessoa normal, ou o mais próximo que você conseguir disso. Ok, um...dois...três! 

Jungkook se deparou com um quarto vazio. Levantou a cabeça para vasculhar o lugar. Talvez ela tenha ido ao banheiro. Mas percebeu, numa mistura desigual de culpa e alívio, que sob a cadeira de rodinhas não havia mais um casaco de lã amarelo-mostarda e um sutiã preto, arrancados às pressas e arremessados para longe no frenesi do momento. 

A mão direita tateou a mesinha de canto à procura do celular, mas o que encontrou foi um aparelho descarregado. Sentou-se na cama rápido demais e se arrependeu quase que imediatamente. A cabeça latejava anunciando uma ressaca mais que merecida depois da quantidade desgraçada de álcool que havia colocado para dentro na noite passada. O mundo parecia estar em câmera lenta quando se colocou de pé e foi atingido por lápsos de memórias com imagens confusas de peles expostas, lençóis e o barulho de pés tropeçando no caminho para a cama.

O que foi que eu fiz?

— Bom dia, bela adormecida!

Jungkook não precisava se ver no espelho para saber que sua cara inteira adiquiriu um tom vermelho tomate quando Namjoon o cumprimentou com uma piscadinha debochada, assim que entrou na cozinha.

— Que horas são?

Jungkook sentou-se em um dos bancos do balcão que separava a cozinha da sala, uma mão alcançou o celular do amigo enquanto a outra esfregava os olhos obrigando-o a acordar. Sentia-se perdido no espaço e no tempo e seu estômago resmungava alto.

— Deve ser umas três. Cadê seu príncipe?

Namjoon colocou três pratos no balcão e despejou um macarrão meio estranho neles. Ele era um pouco mais alto que Jungkook, usava um óculos de aros escuros que harmonizava com seu cabelo preto e potencializava o ar de Steve Jobs misturado à Gandhi que tonalizava sua personalidade. Hoje ele estava especialmente animado. Namjoon só cozinhava quando estava animado. 

o sábado que mudou nossas vidas ∘ jjkWhere stories live. Discover now