o sábado que mudou nossas vidas ∘ jjk

Capítulo 24

Este capítulo será dedicado à duas seguidoras incríveis que estão comigo desde os primórdios dessa história e cujos comentários carinhosos e apoio me motivam muito a continuar.  Muito obrigada @SharleneMelo e @ieziswag !!!    

(...) 

 Os parques de Seul estavam abarrotados de casais posando toscamente ao lado de Árvores de Sakura carregadas de flores rosas. O clima ameno da primavera, que aos poucos tomava conta do país inteiro, deixava as pessoas propensas a abandonarem o conforto de suas casas e invadirem as ruas a procura de sol e ar fresco, aliviadas com o fim daqueles longos meses de frio e escuridão. Jeon Jungkook desviava dos pedestres em seu caminho, completamente consciente da sua cara fechada e do quão alto era o volume da música em seus fones de ouvido.

Elis faltou à aula e não atendeu nenhuma de suas ligações. Pensou em passar no seu alojamento, mas Yoongi o impediu, dizendo que ela merecia um tempo sozinha e que aparecer sem ser chamado poderia lhe custar uma possível ida ao hospital. Em casa, Namjoon reafirmou o que Jungkook já sabia: que ele era um grande de um babaca e provavelmente morreria sozinho por ser tão mole. Não era a primeira vez que ele deixava suas inseguranças afastarem uma garota. Parecia um tipo de praga que ele tinha a convicção de ter sido jogada pela menina dona do seu primeiro beijo.

Jimin foi o único que escutou suas lamúrias do início ao fim. O jovem psicólogo era ,definitivamente, o único entre eles que ainda mantinha as faculdades mentais num local seguro o suficiente para ouvir Jungkook detalhar, por horas, suas fracassadas tentativas de ganhar o coração das garotas por quem já foi interessado.

"O Hyung diz que quer que dê certo, mas não faz nada realmente prático para que dê certo, entende? É como se lá no seu subconsciente você estivesse torcendo para que o sentimento dela não seja recíproco, porque aí você não vai ter que lidar com o que vem depois do "sim"."

As palavras de Park Jimin lutavam por um lugar na sua consciência lado a lado com as de Elis Porto:

"Você é um imbecil, Jeon Jungkook!"

Elas estavam lá, martelando sua cabeça, enquanto o diretor da academia de dança lhe explicava os motivos da sua demissão:

"Eu e o Chang-hyung recebemos uma baita duma proposta em Hong Kong, foi mal Jungkook-ssi, mas aconteceu tudo muito rápido. Sabe como é, a gente tem que agarrar as oportunidades."

Ainda era quarta-feira e ele já tinha conseguido: estragar tudo com a garota mais legal que conheceu nos últimos anos, enfurecer seu pai, decepcionar sua mãe, e perder a única fonte de renda que poderia garantir sua permanência na cidade. O contrato temporário na escola de línguas acabaria em julho, quando o professor que estava substituindo voltaria de seu intercâmbio. Maravilha.

Seu telefone não parava de tocar, e ele nem precisava checá-lo para saber que eram seus pais. Depois do que tinha acontecido na frente do restaurante, eles vinham tentando de todas as artimanhas possíveis para reobter o controle de sua vida. Entraram em contato com a escola de línguas, com a sua faculdade, até com os pais dos gêmeos insuportáveis que tutoreava aos sábados.  Conseguiram o que o rapaz mais temia quando se mudou para Seul, todos os mínimos detalhes da sua vida estavam, agora, sob o alcance das garras do senhor Jeon e do seu septo de doidos. A única parte que ele foi capaz de esconder da família por todos esses anos agora já não lhe pertencia mais.

Minha vida é ridícula.

Abriu a porta do restaurante de Jin e deu de cara com Namjoon e Yoongi de pé e boquiabertos, olhando fixamente para uma moça de cabelos escuros, que estava de costas para os dois, arrumando distraidamente uma mesa. Foi uma questão de segundos para que ela se virasse para Jungkook e o chamasse pelo apelido que só ela usava, como se nada tivesse acontecido, como se sua história junto àquele grupo não fosse cercada por corações quebrados.