Ares

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Voltei para casa sozinho, Taehyung nem mesmo entrou no barco comigo, apenas sumiu tão rápido quanto os nórdicos fizeram, me acompanhando somente até o porto de Jeju. No barco ouvi as pessoas falando sobre os jogos, que tiveram de ser encerrados, não pelo tufão bizarro, mas sim pelo desaparecimento de alguém na ilha. A competição fora remarcada para a semana seguinte, mas nenhum deles sabia sobre a pessoa desaparecida. No caso eu. Provavelmente Yifan faria um comunicado em breve dizendo que fui encontrado, somente para aquietar os nativos e tudo seguiria na normalidade. Talvez dessa vez eu visse pela TV.

Me encolhi no canto da embarcação, tentando olhar para qualquer ponto que não fosse o mar, mas foi uma tarefa quase impossível levando em conta que estaria cercado por água pelas próximas 3 horas. Quando já estávamos perto do continente comecei a reparar nas pessoas apontando para a água. "É um tubarão! ", "Olha, está pertinho do barco". Me inclinei na borda vendo a barbatana emergir e submergir vez ou outra, qualquer pessoa normal se assustaria, mas não pude conter um sorriso. Mesmo com a distância e minha visão horrível, consegui ver que tinha uma marca azulada em forma de seta na cabeça do tubarão, que me pareceu estranhamente familiar. Ele não parecia assustador, assim como o tubarão da lembrança de Namjoon também não parecia. Seria possível que...

— Você é o Tipsy? — sussurrei para o animal, que continuou seguindo o barco de perto, chamando atenção de mais turistas. "Não, nenhum animal viveria tanto tempo" — Mas se for, diga a Taehyung que eu o odeio.

"Aquele... baiacu idiota! " Que culpa eu tinha do Destino me sequestrar? Eu não saí intencionalmente, só fechei a porcaria da porta e sumi por dois dias! Dois dias! Ele devia estar feliz por eu ter voltado, não com raiva por algo que nem escolhi acontecer. Eu estava exausto porque meu corpo sentia a falta de sono durante esse tempo, o cansaço de dois dias sem dormir vindo de uma única vez. Por que era tão difícil acreditar? Para onde mais eu iria? "Peixe-palhaço burro! Cabeça de sardinha! Eu não preciso dele. Não estou interessado, então foda-se tudo isso. "

Quando enfim peguei o trem de volta a Seul, dormi toda a viagem, me sentindo ainda mais quebrado quando acordei. Minha vontade era apenas deitar e dormir pelo resto do dia inteiro, então arrastei meu corpo morto até um táxi que me levou de volta ao meu prédio sujo e sem vida. Ele parecia ainda mais deprimente e pobre depois de ver a casa do Destino e a de Taehyung. "Eu sou muito fodido mesmo. "

Logo na entrada vi o porteiro dormindo, o aviso do elevador interditado e um cara largado nos degraus da escada - apesar de ser muito bonito e bem vestido para ser só um dos meus vizinhos bêbados - com uma caixa nas mãos. Parei um momento para admirar o auge de minha decadência.

— O quão fundo você caiu, Jeon Jungkook — resmunguei comigo mesmo, ficando muito feliz por morar no terceiro andar e não ser uma subida tão sofrida. Consegui subir dois degraus antes de sentir algo agarrar minha perna e gritei alto no susto, fazendo o porteiro finalmente acordar. Olhei para baixo, vendo o desconhecido ainda segurar minha perna.

— Você é Jeon Jungkook?

— Sim, sou eu — o rapaz esfregou os olhos e me soltou.

— Já é a quinta vez que venho aqui. Você é um homem difícil — estalou as costas e se apoiou no corrimão para levantar. — Olá, eu sou Mark. Meu senhor Jackson, me pediu para entregar isso — colocou a caixa em minhas mãos e deu um tapinha em cima da tampa. — Desculpe o atraso, ele tem um milhão dessas e eu sou o único escravo, digo, assistente dele.

Meu cérebro sonolento demorou a associar do que ele falava, até que me ocorreu que Mark era o nome da pessoa que Jackson falou ao telefone quando fui vê-lo. Eu nem me lembrava mais das cartas.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOWhere stories live. Discover now