Capítulø Ønze

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Tyler foi acordado pelo som de algo sendo entalhado na madeira.

Abriu seus olhos lentamente, piscando algumas vezes antes de bocejar.

Viu um prato sendo empurrado por um pequeno retângulo no canto de baixo do guarda-roupa.

"V-você tá acordado?"

Joseph não queria deixar Josh sem resposta, então simplesmente rosnou.

"Ah, beleza." Ele engoliu seco. "Aqui tem café da manhã, eu imaginei que você tivesse com fome."

Noite passada, Josh finalmente decidiu sair de seu quarto. Seus pais gritaram com ele por umas três horas, e o garoto tomou vários tapas de sua mãe. Eles não acreditavam que seu filho teria batido em seu amigo daquele jeito; sinceramente, nem ele acreditava. Nesta manhã, Laura havia fritado algumas asinhas de frango para Tyler e adicionou algumas cruas só por precaução. Josh, por outro lado, tinha certeza que ele não comeria nada daquilo.

Tyler olhou o prato de asinhas esperando-o em sua frente enquanto sentava em uma posição desconfortável.

"Eu não vou comer isso." Ele cuspiu as palavras.

"Tyler, por favor." Josh pediu. "Você não pode ficar com fome."

"Traz alguém pra eu comer então."

Josh suspirou. "Não vou ter essa discussão com você de novo."

Joseph ficou quieto.

"Quer água?"

Tyler hesitou. "Sim, por favor."

Apertou seus olhos, se arrependendo de ter dito aquela frase. Não devia ter usado o 'por favor'.

Uma tigela de água foi colocada para dentro do armário, fazendo o mesmo barulho que o havia acordado.

Tyler esticou seus braços para alcançá-la. Trouxe-a para sua boca e inclinou-a para beber seu conteúdo. Água já não era mais saborosa. Claro, água já não costuma ter muito gosto normalmente mas, chegava a ser repugnante para ele nesse momento. Mas sua garganta estava seca e seus lábios rachados; ele tinha que beber.

Assim como precisava comer.

"Te vejo depois, amigão." Josh disse, fechando a porta.

Tyler fitou as asinhas. Ele estava faminto. A fome o deixava fraco. Ele precisava comer. E se ele desse só uma mordidinha? Ninguém ia perceber. Haviam tantas no prato, Josh não iria notar.

Ele pegou, com cuidado, uma delas e levou até sua boca. Inspirou profundamente e expirou com falhas. Deu uma mordida.

Eca.

Joseph mastigava cautelosamente. O sabor o incomodava e a textura era muito diferente da carne humana; era exaustivo morder a carne macia. Enquanto aquilo descia por sua garganta, sua vontade era de jogar aquela coisa longe, de nojo.

Mas ele não podia.

Estava faminto.

Seu estômago pediu por mais, fazendo seu cérebro obedecer e levar sua mão até sua boca novamente. Ele deu mais mordidas, agora mais rápidas.

Tyler logo lambia o osso limpo.

E aquele osso? Onde ele o esconderia? Como ele omitiria a verdade sobre sua submissão?

Só havia um lugar onde ele poderia colocá-lo.

Joseph começou a mordê-lo; seus dentes afiados e fortes trituravam o mesmo, fazendo-o engolir todos os pedacinhos.

Sabendo que não teria mais nada para fazer, abraçou seus joelhos e pegou no sono; tendo seu cenho franzido no início.

Depois de algum tempo, Josh voltou ao quarto. O garoto sorriu quando ouviu os roncos baixos e calmos de seu amigo.

Calmamente e com cuidado, aproximou-se do guarda-roupa e retirou dali o prato com as asinhas.

Ele fez questão de contá-las antes de sair; havia deixado oito cruas e sete fritas.
Agora, haviam sete de cada.

Josh sorriu, vitorioso.

...

"Você não pode tratar ele daquele jeito, Joshua."

Josh suspirou. "É mãe, eu sei.'

"E você faz mesmo assim." Laura disse, cruzando seus braços em seu peito. "Você trata um ser humano, seu melhor amigo, como um animal."

"Ele não deveria ser tratado como um humano, mãe."

Tapa.

"Por que dessa vez?" Josh perguntou tendo seus olhos fechados por causa da dor.

"Ele é o mesmo Tyler de antes do incidente." A senhora Dun disse, cerrando seus olhos.

"Eu já te falei umas mil vezes que não é! Ele mudou! Que parte você não consegue entender?!" Dun gritou, levantando da poltrona em que estava sentado.

Laura cobriu sua boca com sua mão, chocada, enquanto Bill entrava no cômodo batendo seus pés.

Josh bufou, bravo, indo em direção ao seu quarto.

"Você não ouse fugir de mim, mocinho!" Seu pai gritou.

"Eu tenho vinte e oito anos!" Josh gritou antes de bater a porta de seu quarto.

Ele ouviu um barulho vindo do armário; Tyler havia se assustado.

"Merda, desculpa ter te acordado, Tyler." Josh disse, coçando seus olhos, nervoso.

"Você deveria me deixar ir."

"O que? Por que eu faria isso? Pra que você machuque a minha família? Não vai acontec-"

"Eu não vou te machucar. Vou embora. Vou pra longe de você."

Josh franziu o cenho. "Como assim?"

"Eu tô causando problemas. Você tem brigado com seus pais por minha causa e se tornou violento do nada, tudo por culpa minha. Você fica melhor sem mim."

"Ah, vamo lá Tyler. Você é meu best fren, quero cuidar de você. Além disso, onde você moraria? Você não tem pra onde ir."

Josh não conseguia ver, mas Tyler deu de ombros. "Eu moraria na floresta, eu acho. Pelo menos eu conseguiria qualquer comida que eu quisesse."

Dun suspirou. "Humanos não podem morar na floresta, Tyler."

"E eu por acaso sou um humano, Josh?"

Cannibal • Jøshler - VERSÃO EM PORTUGUÊSWhere stories live. Discover now