Capítulø Dezessete

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Josh se deitou e logo caiu no sono. Ele havia colocado um criado mudo na frente da porta, só por precaução.

"J- Josh?"

Os olhos do garoto de abriram rapidamente. Aquela voz era mais do que familiar. Era a voz calma, baixa, assustada, confusa, infantil, aveludada e com tons de rosa bebê de Tyler. Ela soava abafada por trás da porta.

Dun pulou da cama, já não sentindo sono algum.

"Tyler?" Ele se inclinou no móvel que segurava a porta, preparado para movê-lo.

"O- Onde é que eu tô?"

O rosto de Josh brilhava.

Tyler estava falando.

Josh tirou o criado mudo da porta rapidamente e abriu a porta. O movimento brusco acabou assustando Joseph, que cambaleou para trás, confuso.

"Você lembra de mim?" Dun perguntou animado.

"Talvez." Tyler respondeu, envergonhado.

O garoto estava de pé, parecia estar quebrado e fraco. Pequeno. Talvez ele estivesse sentindo medo de Josh, mesmo considerando que ele não parecia nem um pouco com um monstro.

"Ai, Tyler." Josh disse, se jogando em cima do garoto, abraçando-o.

Joseph se chocou com a ação e soltou um rosnado inconscientemente.

Foi aí que Josh se ligou. Tyler não tinha voltado ao normal como ele havia pensado.

Dun se afastou.

Os olhos de Tyler se encheram de lágrimas. "Me desculpa! E-eu não queria fazer isso!"

Lágrimas caíam dos olhos do garoto enquanto ele murmurava "me desculpa" repetidamente.

Josh estava com pena dele, de verdade.

"Tá tudo bem, Tyler, tudo bem." Dun certificou, tendo suas mãos no ar em sua frente.

Joseph chorava. "Não! Não tá tudo bem! Não tá nada bem! Você tem medo de mim!"

"Não tenho! Tyler, eu-"

"Eu não tenho certeza de quem eu sou! Não tenho certeza de quem você é! Não faço ideia de onde eu tô! Tudo que eu sei é que tem algo dentro de mim que me faz querer arrancar minha própria cabeça fora! Tudo que eu sei é que no momento eu consigo sentir o cheiro de 37 corpos diferentes cheios de sangue quente e que tudo que eu quero é sangue! Eu só sei que sou um monstro inútil e que não posso ter frens! Eu só quero que você seja meu fren! Eu só quero falar com você! Quero te conhecer e quero que você me conheça! Eu não quero te machucar! Eu só quero um fren!"

Suas pernas ficaram bambas, fazendo-o cair no chão e abraçar seus joelhos enquanto chorava.

Josh derramou uma lágrima. Uma lágrima única e cheia de pena.

Nada disso deveria ter acontecido.

Dun disse o nome de seu amigo baixinho antes de se agachar ao seu lado e descansar uma mão em seu ombro. Tyler rapidamente passou seus braços em volta do torso do mais velho, abraçando-o forte. Josh ficou um pouco chocado com a ação, mas abraçou-o de volta lentamente. Joseph chorava tendo seu rosto enterrado no peito de Dun e lutava contra sua urgência de mordê-lo

E ali eles ficaram, no chão, chorando, por uma hora bem longa.

Quando Tyler finalmente se acalmou, o garoto afastou sua cabeça e virou seu olhar para Josh, que suspirou vendo os olhos vermelhos de seu amigo.

Josh indicou o caminho da cama com a cabeça e se levantou, em seguida dando sua mão para ajudar Tyler a fazer o mesmo.

Joseph o seguiu pelos dois passos que levaram para chegar na cama.

Ambos se sentaram, olhando um para o rosto do outro. Seus joelhos se tocavam e Tyler segurava forte nas mãos de Josh com ambas as suas.

"Do que você se lembra?" Josh perguntou com uma voz calma.

Joseph inspirou, falhando um pouco. "Seu nome é Josh Dun. Você é um grande fren meu. Eu sei tocar um instrumento chamado ukulele. Eu como pessoas como você e eu e bebo o sangue delas também. Eu sei cantar. Eu lembro de um tal de clique e esqueletos, mas não consegui relacionar nada com nada. Tem, erm, uma loira chamada Jenna, eu acho. Eu acho que costumava amar ela. Meu nome é Tyler Joseph e eu acho que tenho um irmão. Ah! Você toca bateria! Calma! A gente- A gente tá numa banda, né?! Twenty, não, Thirty One Planes!"

Tyler olhava curioso como uma criança para Josh.

Dun deu risada. "Yeah, na verdade é Twenty One Pilots."

As pupilas do garoto se dilataram. "Sim" Sim! Twenty One Pilots! Jenna era a minha esposa! Eu tenho dois irmãos! E- E uma irmã! Nossos fãs são o Skeleton Clique! Eu amo basquete! E Taco Bell! E você é muito gostoso!"

Josh corou. "V- Você lembra de mais coisa?"

Tyler assentiu. "Sim! Sim! Eu lembro mais! Me conta mais!"

Dun começou a citar fatos aleatórios e coisas que ele acreditava que desencadeariam memórias de Tyler, o que funcionou. Ele dava leves risadas enquanto o garoto falava.

Até que-

"Era. Ela era a minha esposa. Ela morreu. Nosso último show. Um homem matou ela. E depois eu matei ele. E eu sou um canibal desde então." Tyler disse sério. Josh engoliu seco.

"Não, tá tudo bem, Josh. Eu tô bem." Joseph acalmou-o. "Eu- Eu só tô percebendo o que me tornei."

"Tyler-"

"Não. Tá tudo bem. Tô falando."

Josh suspirou triste.

"Eu ainda não sei onde a gente tá."

"Estamos em Nova York. Fugindo e nos escondendo da sociedade, eu acho." Josh deu de ombros.

Tyler assentiu.

"Eu lamento Tyler. Por tudo. Se tiver qualquer coisa que eu possa fazer..." Josh disse, passando seu dedão na parte de cima da mão do garoto.

"Eu tô bem , obrigado." Tyler fingiu um sorriso. Ele só precisava de um tempo para pensar, mais nada.

Joseph se deitou na cama, segurando as cobertas.

Josh tentou se levantar, mas Tyler segurou seu punho e puxou-o para baixo.

Eles se deitaram juntos, em silêncio.

Cannibal • Jøshler - VERSÃO EM PORTUGUÊSWhere stories live. Discover now