Rising Sun - Parte 1

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[DAKOTA CONTTI]

"Ei, senta essa bunda no banco" Treinador Carter resmungava prestes a usar seu apito pela milésima vez. O som ruidoso do objeto estava tirando Seth do sério. Seu corpo grande e espaçoso se remexia ao meu lado sem encontrar uma posição que o favorecesse.

"Vem cá." Meus dedos tocaram seu rosto quente com delicadeza. Ele me fitou por breves segundos, seguindo seu olhar cansado para minhas mãos que batiam contra meu colo pedindo que ele se deitasse ali. "Passou mais da metade da madrugada na reserva. É normal que esteja estressado e exausto." Sussurrei enquanto dedilhava seu cabelo negro, que cintilava a medida em que o sol batia contra seus fios acetinados. "Pode fechar os olhos. Está tudo bem agora. Pode dormir tranquilo." Pousei meus lábios no dele por alguns instantes.

Seth pegou no sono em uma fração de segundo.

Continuei a passar meus dedos pelo couro cabeludo dele, enquanto endireitava os óculos no rosto para continuar com minha leitura. A letra Escarlate. Um clássico que procrastinei bastante antes de começar de fato a ler. Romance baseado na penitência, autoflagelação e retrato da hiprocrisia de uma sociedade julgadora e moralista. Era tudo o que eu precisava.

"Dakota" Senti um dedo magricelo cutucar meu ombro, sem tirar minha atenção da página que lia.

"Hm" Murmurei desatenta ao mundo à minha volta.

"É hoje!" Hanna exclamou animada.

"Sim. A semifinal. Eu sei."

"Não."

"Não?"

"O que está lendo?" O corpo de minha amiga esquivou-se atrás do banco de Seth, e metade de suas mechas loiras cobriram minha visão por poucos instantes, até ela se equilibrar melhor.

"O que você quer, Hanna?" Revirei os olhos, fechando o livro logo em seguida.

"Que converse comigo. Estou carente, Dakota."

"E o Dylan?" Perguntei virando levemente para trás, sem acordar o menino que dormia como um anjinho em meu colo. "Não tem conversado com ele?"

"Sim, nos falamos todos os dias. Era isso que estava tentando te dizer. Hoje vou conhecê-lo pessoalmente." Ela deu pulinhos em seu banco, fazendo May resmungar ao seu lado.

Minha boca se abriu automaticamente revelando meu espanto.

"Tinha me esquecido que ele era jogador do time adversário. Hanna, isso é incrível!"

"Não. Isso é uma tragédia. Apesar de estar feliz por poder vê-lo de verdade finalmente, não vou poder fazer nada. Como dizer um 'oi' esperando que ele me reconheça, porque ele acha que sou você."

"Essa maldita história." Neguei com a cabeça me lembrando. "Ele vai entender se contar a verdade. Talvez ainda dê tempo."

"Não" Hanna aumentou o tom de voz, avançando por impulso por conta da tensão. Suas mãos tocaram minha boca, me impedindo de proferir algo mais.

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