Moulin Rouge

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[DAKOTA CONTTI]

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[DAKOTA CONTTI]

Ao fundo um estrondo se fez presente, cessando toda e qualquer tentativa de diálogo casual que envolvia o enorme salão. Não havia mais música; era como se eles sequer ousassem respirar. Apenas o silêncio permaneceu por longos e intermináveis segundos. As luzes se apagaram de imediato e, surgindo no meio de um fino fragmento do teto, uma grande quantidade de fumaça reluzente cobriu meus olhos por inteiro. Era a minha deixa.

Assim, fingindo costume, agarrei as vigas de metal com uma força desumana, lançando um olhar discreto para quem quer que estivesse encarregado de me puxar pelo balanço. Os holofotes eram todos para mim e, isso não me intimidaria, se eu não estivesse a exatos dezoito metros do chão. Descobri meu medo de altura naquela mesma noite. No entanto, o medo era apenas um capricho se comparado ao que viria logo depois.

Mechas grossas da peruca ruiva caíam sob meus ombros desnudos, que davam destaque aos seios avantajados e bem apertados pelo espartilho feito de pedras reluzentes. Cruzei minhas pernas vestidas pela meia arrastão tão branca quanto a minha pele, arrancando suspiros dos homens ali presentes. Seus olhos sedentos pela garota sentada em um balanço perolado eram tão nojentos quanto os pensamentos sobre o que queriam fazer comigo após o show.

O show.

Eu era o Diamante Reluzante da boate de Vincent. A atração mais esperada. A dançarina intocada. Uma tentação imperdível para os magnatas que dariam rios de dinheiro por uma noite comigo. E aquele era apenas o meu terceiro espetáculo.

Com um sorriso provocativo desci todo o meu corpo para baixo, iniciando a primeira e única música. Através de uma corda firme puxada por um dos funcionários, rodeei toda a extensão do salão, esticando a mão para tocar os desconhecidos eufóricos abaixo de mim. Ainda numa elevação razoável, fiz de tudo para não demonstrar nervosismo.

Ele me observava de longe. Eu podia não vê-lo por conta das incontáveis luzes me cegando, mas seus pensamentos se destacavam em meio à multidão, lembrando-me a todo instante que eu não era a Dakota naquela noite. Eu era Satine e, Satine não se permitia errar.

Por fim, meus pés tocaram o chão e, por questões de segundos me vi engolida pelo aglomerado de homens vestidos com seus trajes de gala, para a grande festa. Muitos deles eram casados, pais de família, comprometidos de alguma maneira. Mas quem se importava? Minha função era animar suas vidas patéticas com música, dança e muita bebida durante toda a madrugada.

Abri espaço para subir no palco, recebendo um tapa estalado na bunda. Respirei fundo rapidamente, querendo chorar em resposta. Por uma fração de segundo pensei em tudo de errado que estava acontecendo, mas não durou muito. Subi os cinco degraus arredondados, indo em direção ao microfone para terminar aquela maldita canção - eu jamais daria a Vincent o gostinho de me ver falhar.

As dançarinas da boate fizeram uma fila indiana nas duas extremidades dos bastidores. Eram mulheres experientes, vindas de Las Vegas, pela oportunidade de ganhar o dobro que conseguiam em uma semana na cidade. O Moulin Rouge havia aberto suas portas há uma semana atrás e, desde que cheguei naquele lugar, elas me acolheram como se estivessem esperando ansiosamente por mim. Elas sabiam. Mesmo Vincent me mantendo distante de suas cortesãs, para que eu não pudesse contar o que estava acontecendo, elas haviam descoberto só com um olhar, uma análise cuidadosa, a esperteza de quem lida com caras muito piores que seu mais novo cafetão. E, por terem ciência do que estava acontecendo, todas mantinham sigilo total. Mas, de certa forma, eu me sentia acolhida por todas elas.

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