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Emily

O apito é incessante, minha vontade é de pegar esse despertador e jogar com todas as minhas forças na parede.

- Será que dar para desligar essa merda? - A voz sonolenta e rouca de Thomas me assusta, quase me fazendo cair da cama.

- O que você está fazendo aqui? - Digo tentando me recuperar.

- Foi mal - Ele se senta e coça os olhos - Fui expulso da minha cama, então eu vim para a sua.

- Simples assim? - O sarcasmo e palpável. Sugo o ar com força antes de me levantar, sinto uma leve tonteira, mas não caio - Como foi expulso?

- Jane - Ele bufa e se levanta dentre os lençóis. Thomas está apenas de cueca, uma cueca preta com corações e o nome da Jane dentro de cada um deles - Para de manjar meu pau, sua tarada - Encaro Thomas tentando não rir.

- Isso é uma cueca com o nome da Jane? - Ele olha para si mesmo e depois solta um risinho.

- É, ela me deu doze dessas - Ele faz cara de poucos amigos, o que dificulta ainda mais minha tentativa de não rir - De aniversário - Foi a gota d'água - Porra, para de rir Mitchell.

- Foi mal - Recupero o fôlego e tento cessar a risada - Mas, e então, como ela te expulsou?

- Ela está de tpm, eu só queria... - Ele faz um gesto obsceno com as mãos - E ela surtou.

- Tentou obrigar ela?

- Não, claro que não - Ele volta a se jogar na minha cama - Ela disse que queria espaço e que estava morrendo de calor - Andrew faz uma cara de exagero - E estava fazendo cinquenta e sete graus fahrenheit. (Quatorze graus célsius)

- Não esquenta, pelo menos ela te expulsou apenas da cama - Vou até meu closet e pego meu uniforme - Lembra quando te expulsei da casa?

- Lembro, foi a primeira vez que dormi na rua - Reviro os olhos. Thomas é tão exagerado.

- O corredor do prédio não é a rua - Aponto para porta - Agora saia, vou me trocar.

- Já te vi pelada, Emily - Aperto os olhos e ameaço avançar sobre ele - Está bem, está bem - Andrew levanta os braços em rendição e passa por mim, saindo do quarto - As mulheres dessa casa são loucas - O ouço resmungar.

Sim, Thomas e Jane estão namorando há quase um ano. Nos mudamos definitivamente para Washington DC, porém nossas tarefas mudaram bastante. Trabalho no Hospital Militar Nacional de Walter Reed, em Bethesda. Não fica assim tão longe da capital, mas é um bom pedaço.

Quando voltei do que deveria ser uma missão de resgate, a pouco mais de um ano, meu pai conversou comigo e disse que se sentiria em paz se eu não fosse mais para essas missões. O Walter Reed estava com vagas para médicos, enviei meu currículo e fui chamada quase instantaneamente para uma entrevista, passei. Acho que tem dedo do meu pai nessa história, porém estou feliz trabalhando lá. Ainda sou militar, só que atuo em outra área.

Thomas já é mais complexo, foi chamado para ser segurança do pentágono. É ótimo com armas e muito eficiente. Ele foi indicado pelo meu pai, mas claro, teve que passar por todas as provas e exames físicos, mentais, entre outros.

Jane veio morar conosco, ela abriu um pequeno bistrô no centro com a ajuda de seus pais ricos. Jane ama cozinhar e eu sou apaixonada pela comida dela.

Saio do quarto já arrumada e tomada banho. Calça jeans branca e uma blusa branca com o símbolo do hospital. Cabelos devidamente presos.
O cheiro de café me guia até a cozinha , encontro a loira assobiando distraidamente enquanto faz uma dança esquisita.
Faço um barulho com a garganta e ela se vira para mim.

Amor De GuerraWhere stories live. Discover now