Ainda dói...

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Brooklyn, NY.


Eu tinha acabado de sair da lavanderia e carregava a bolsa de roupa cheia em meio a rua assolada pela nevasca de manhã. Minha mãe preparava o almoço e meu pai estava trabalhando e chegaria somente no final da tarde.

O amontoado de prédios estavam barulhentos já que era fim de ano e as crianças estavam na rua brincando agasalhadas fazendo guerra de bolas de neve enquanto o trem passava sobre a ponte acima de nossas cabeças.

Às chaminés impregnavam o bairro com cheiro de lenha e as sacadas dos prédios e algumas casas estavam enfeitadas com luzes de Natal me fazendo recordar da minha infância. Eu amava as festividades de final de ano.

- Mãe! – entro em casa retirando a touca que aquecia minhas orelhas e a coloquei junta com o casaco penduradas no suporte na entrada. – Mãe! – bati a bota no tapete e a retirei.

- Colin! – minha mãe apareceu com mais lenha em suas mãos. – Coloque lá na área de serviço que vou estender. – sorriu para mim e se ajoelhou em frente a lareira e colocou a lenha ali dentro fazendo o ambiente ficar mais quente e aconchegante.

Para não dar mais trabalhar a ela, eu mesmo estendi as roupas e voltei para sala. Minha mãe não parava nenhum minuto e percorria a casa toda fazendo seus afazeres e para não atrapalhar eu saio do apartamento e fico sentado encolhido num emaranhado de roupas quentes vendo as crianças brincando na neve enquanto o sol queria sair, mas as nuvens não deixavam.

Eu olhava a rua com seus apartamentos baixos e encurralados e tinha lembranças de que sempre que acontecia alguma coisa todos ali sabiam. Era uma confusão.

- Colin. – Alicia, uma antiga amiga de colégio chamou minha atenção.

Ela estava deslumbrante. Era a garota dos sonhos dos garotos e garotas do colégio e uma antiga intriga minha que virou uma grande amiga na faculdade. Sua pele negra e o cabelo trançado de baixo da touca rosa mostrava que sua pele estava radiante, ele sempre foi linda.

- Alicia. – ela se sentou do meu lado e encarou as crianças que jogavam bolas de neves umas nas outras. – Quanto tempo.

- Você está bonito... quem diria. – disse fitando ainda as crianças e sorriu se virando para mim.

Eu sorrio me aquecendo e a empurro pelo ombro brincalhão.

- Obrigado. – falei a olhando com aquele belo sorriso. – Você continua linda. – fui sincero.

- Eu sei. – disse sorrindo e se virou me encarando. – O que houve? Seus olhos estão tristes.

Eu não queria a encarar. Nesses últimos dias eu me pegava chorando pelo Bruce todas às noites antes de dormir. Minha mãe aparecia todas às vezes que me escutava chorar. Meu pai ficava parado na porta observando nos dois sem saber o que fazer.
Nunca me impedi de chorar por amor. Era uma lavagem de dentro para fora e isso me ajudava a superar e me amar mais. Todos os dias eu me lembrava dele e todas as noites eram de saudades.

MR. WAYNE - CONTOOnde histórias criam vida. Descubra agora