Cap 87 Heitor

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Entro no posto quase correndo com minha mulher nos braços já gritando as enfermeiras

Heitor: Ela desmaiou, alguém faz alguma coisa pelo amor de Deus

Um enfermeiro vem com uma maca e me pede pra por ela, eles a levam pra uma sala, tento ir junto mas sou impedido

Matt: Calma pai, senta e respira, ela vai ficar bem

Heitor: Tô preocupado mlk, sua mãe nunca foi de desmaiar assim, isso só aconteceu quando... Meu Deus.. Quando tava grávida de você

Matt: Você tá achando que minha mãe tá grávida?

Heitor: É possível, me assusta é ela não ter ficado antes porque o que a gente bem faz é s...

Matt: Não preciso saber dos detalhes sórdidos

Caio na gargalhada mas logo fecho o semblante quando penso que pode não ser isso e ela tenha algo grave

Heitor: Espera, pode não ser isso

Matt: Como?

Heitor: Pode ser algo grave filho, e se ela estiver doente

Matt: Pai, fica calmo tá, mamãe é super saudável, vamos esperar a resposta do médico ok?

Heitor: Está bem

Sento e tento ficar quieto mas a inquietação me toca, acabo levantando e começando a andar de um lado ao outro feito uma barata tonta

Alice: Pai? Como tá a mamãe? O que aconteceu

Heitor: Não sabemos, até agora não nos deram nenhuma notícia

Matt: Papai achou ela desmaiada no banheiro, trouxemos ela pra cá e estamos até agora esperando que nos digam como ela está

Alice: O que será que minha mãe tem papai? Ela nunca foi de desmaiar assim

Heitor: Eu queria muito saber meu bem

...

Finalmente a Dra. sai da bendita sala e nos olha sorrindo, pelo menos deve ser uma notícia boa

Lívia: Sr. Heitor, sua mulher quer ver você

Matt: Oxente, e a gente aqui?

Lívia: Bom, ela pediu apenas para ver o seu pai

Matt: Mamãe tá se saindo uma bela traidora viu

Alice da um tapa na cabeça do irmão que a olha indignado mas ri em seguida

Matt: Vai lá pai

Assinto e sigo a Dra. até a o quarto que minha linda está, assim que entro a vejo deitada, ela não parece tão feliz quanto imaginei que estaria porque a Dra. chegou sorrindo

Me aproximo e dou um beijo em sua testa

Lívia: Vou deixar vocês sozinhos

Sorrio agradecendo e Lívia deixa o quarto nos dando um momento a sós

Heitor: Oi amor

Joy: Oi

Heitor: O que aconteceu?

Joy: Eu me senti tonta e simplesmente apaguei

Heitor: Como se sente?

Joy: Agora melhor, mas a gente precisa conversar

Sento na pequena poltrona ao lado da cama e toco sua mão

Heitor: Diz meu amor, o que você tem?

Joy: Na verdade é o que a gente teria amor, eu tive um aborto espontâneo, a gente ía ter gêmeos, dois bebês amor, e eu não consegui segurar eles dentro de mim

Meu mundo simplesmente vai ao chão, não por decepção, jamais me decepcionaria com a minha mulher, até porque não foi culpa sua mas por saber a dor que ela está sentindo, pois é exatamente a mesma que eu

Acabo não me segurando e choro feito criança, abraço meu amor e choro junto com ela

Por que meu Deus?

Não temos mais direito de ser felizes?

Sua mão toca meus cabelos, a olho e sinto ainda mais dor por vê-la assim

Heitor: Sinto muito meu bem

Joy: Eu também

Ouvimos gritos e a porta de repente é aberta com certa brutalidade, é Bianca

Ela corre até a cama e começa a tocar Joyce como se estivesse procurando alguma ferida mas para quando olha pro rosto dela

Bih: O que aconteceu?

Como Joyce só responde com lágrimas, Bianca olha pra mim com cara de interrogação

Heitor: Ela estava grávida, de gêmeos...

Bih: Pera aí, como assim estava?

Heitor: Ela perdeu eles

Bianca só abraça Joyce sem dizer qualquer palavra, apenas a conforta

Olho pra porta e vejo Alice agarrada ao irmão chorando, vou até eles e os abraço na tentativa de acalmá-los

Heitor: Tudo bem meus amores, fiquem calmos

Matt: Perdemos dois irmãos papai, não há como ficarmos calmos, ainda mais sabendo da dor que você e a mamãe estão sentindo

Heitor: Dói muito mesmo, mas precisamos ser fortes pra ajudar sua mãe, vão lá dar apoio a ela, eu vou tomar um ar

Alice me dá um beijo no rosto e toca meu ombro como quem diz "sinto muito"

Sorrio fraco em agradecimento e saio do quarto, deixo o posto totalmente desolado, sigo a pé para casa, lá pego meu carro e saio de casa, na entrada minha passagem é liberada

Dirijo por sei lá quanto tempo e acabo parando num bar qualquer, bebo tanto que acabo esquecendo até do meu nome

Mal tenho controle das minhas pernas, alcanço meu carro e entro com dificuldade, procuro o lugar da chave e quando consigo achar ligo o carro e saio, não sei como consegui chegar na praia mas chego, estaciono o carro de qualquer jeito e desço, ando pela areia

Pulo na água pra ver se ela tem o poder de me arrancar essa maldita dor

Por que Deus? Tá brincando comigo por acaso?

Primeiro me dá um filho e depois me tira dois

Que tipo de idiota você acha que eu sou enh? Me diz!

Sinto me puxarem para fora da água, eu revido com tapas mas a pessoa insiste

Heitor: Me larga!

Bih: Seu idiota

Recebo um tapa na cara que me faz ter noção da realidade novamente

Bih: Que tipo de marido você é enh? Sua mulher lá sentindo a maior dor que uma mãe pode sentir e você simplesmente a deixa sozinha e vai encher a cara e tentar se afogar, eu sei que dói Heitor, mas pensa, se você tá sentindo muita dor, imagina a Joyce, ela foi quem estava grávida, ela perdeu os bebês e precisa de apoio, não de um marido morto

Abaixo a cabeça e começo a chorar, deito na areia pegando montes dela e apertando

Sinto meu corpo ser abraçado, Binca me ajuda a levantar e me carrega até o carro dela

Heitor: Meu carro...

Bih: Mando buscarem

Não respondo nada, apenas apago no banco do carro













#Continua...

ALEMÃO-"A DONA"Where stories live. Discover now