Entro no posto quase correndo com minha mulher nos braços já gritando as enfermeiras
Heitor: Ela desmaiou, alguém faz alguma coisa pelo amor de Deus
Um enfermeiro vem com uma maca e me pede pra por ela, eles a levam pra uma sala, tento ir junto mas sou impedido
Matt: Calma pai, senta e respira, ela vai ficar bem
Heitor: Tô preocupado mlk, sua mãe nunca foi de desmaiar assim, isso só aconteceu quando... Meu Deus.. Quando tava grávida de você
Matt: Você tá achando que minha mãe tá grávida?
Heitor: É possível, me assusta é ela não ter ficado antes porque o que a gente bem faz é s...
Matt: Não preciso saber dos detalhes sórdidos
Caio na gargalhada mas logo fecho o semblante quando penso que pode não ser isso e ela tenha algo grave
Heitor: Espera, pode não ser isso
Matt: Como?
Heitor: Pode ser algo grave filho, e se ela estiver doente
Matt: Pai, fica calmo tá, mamãe é super saudável, vamos esperar a resposta do médico ok?
Heitor: Está bem
Sento e tento ficar quieto mas a inquietação me toca, acabo levantando e começando a andar de um lado ao outro feito uma barata tonta
Alice: Pai? Como tá a mamãe? O que aconteceu
Heitor: Não sabemos, até agora não nos deram nenhuma notícia
Matt: Papai achou ela desmaiada no banheiro, trouxemos ela pra cá e estamos até agora esperando que nos digam como ela está
Alice: O que será que minha mãe tem papai? Ela nunca foi de desmaiar assim
Heitor: Eu queria muito saber meu bem
...
Finalmente a Dra. sai da bendita sala e nos olha sorrindo, pelo menos deve ser uma notícia boa
Lívia: Sr. Heitor, sua mulher quer ver você
Matt: Oxente, e a gente aqui?
Lívia: Bom, ela pediu apenas para ver o seu pai
Matt: Mamãe tá se saindo uma bela traidora viu
Alice da um tapa na cabeça do irmão que a olha indignado mas ri em seguida
Matt: Vai lá pai
Assinto e sigo a Dra. até a o quarto que minha linda está, assim que entro a vejo deitada, ela não parece tão feliz quanto imaginei que estaria porque a Dra. chegou sorrindo
Me aproximo e dou um beijo em sua testa
Lívia: Vou deixar vocês sozinhos
Sorrio agradecendo e Lívia deixa o quarto nos dando um momento a sós
Heitor: Oi amor
Joy: Oi
Heitor: O que aconteceu?
Joy: Eu me senti tonta e simplesmente apaguei
Heitor: Como se sente?
Joy: Agora melhor, mas a gente precisa conversar
Sento na pequena poltrona ao lado da cama e toco sua mão
Heitor: Diz meu amor, o que você tem?
Joy: Na verdade é o que a gente teria amor, eu tive um aborto espontâneo, a gente ía ter gêmeos, dois bebês amor, e eu não consegui segurar eles dentro de mim
Meu mundo simplesmente vai ao chão, não por decepção, jamais me decepcionaria com a minha mulher, até porque não foi culpa sua mas por saber a dor que ela está sentindo, pois é exatamente a mesma que eu
Acabo não me segurando e choro feito criança, abraço meu amor e choro junto com ela
Por que meu Deus?
Não temos mais direito de ser felizes?
Sua mão toca meus cabelos, a olho e sinto ainda mais dor por vê-la assim
Heitor: Sinto muito meu bem
Joy: Eu também
Ouvimos gritos e a porta de repente é aberta com certa brutalidade, é Bianca
Ela corre até a cama e começa a tocar Joyce como se estivesse procurando alguma ferida mas para quando olha pro rosto dela
Bih: O que aconteceu?
Como Joyce só responde com lágrimas, Bianca olha pra mim com cara de interrogação
Heitor: Ela estava grávida, de gêmeos...
Bih: Pera aí, como assim estava?
Heitor: Ela perdeu eles
Bianca só abraça Joyce sem dizer qualquer palavra, apenas a conforta
Olho pra porta e vejo Alice agarrada ao irmão chorando, vou até eles e os abraço na tentativa de acalmá-los
Heitor: Tudo bem meus amores, fiquem calmos
Matt: Perdemos dois irmãos papai, não há como ficarmos calmos, ainda mais sabendo da dor que você e a mamãe estão sentindo
Heitor: Dói muito mesmo, mas precisamos ser fortes pra ajudar sua mãe, vão lá dar apoio a ela, eu vou tomar um ar
Alice me dá um beijo no rosto e toca meu ombro como quem diz "sinto muito"
Sorrio fraco em agradecimento e saio do quarto, deixo o posto totalmente desolado, sigo a pé para casa, lá pego meu carro e saio de casa, na entrada minha passagem é liberada
Dirijo por sei lá quanto tempo e acabo parando num bar qualquer, bebo tanto que acabo esquecendo até do meu nome
Mal tenho controle das minhas pernas, alcanço meu carro e entro com dificuldade, procuro o lugar da chave e quando consigo achar ligo o carro e saio, não sei como consegui chegar na praia mas chego, estaciono o carro de qualquer jeito e desço, ando pela areia
Pulo na água pra ver se ela tem o poder de me arrancar essa maldita dor
Por que Deus? Tá brincando comigo por acaso?
Primeiro me dá um filho e depois me tira dois
Que tipo de idiota você acha que eu sou enh? Me diz!
Sinto me puxarem para fora da água, eu revido com tapas mas a pessoa insiste
Heitor: Me larga!
Bih: Seu idiota
Recebo um tapa na cara que me faz ter noção da realidade novamente
Bih: Que tipo de marido você é enh? Sua mulher lá sentindo a maior dor que uma mãe pode sentir e você simplesmente a deixa sozinha e vai encher a cara e tentar se afogar, eu sei que dói Heitor, mas pensa, se você tá sentindo muita dor, imagina a Joyce, ela foi quem estava grávida, ela perdeu os bebês e precisa de apoio, não de um marido morto
Abaixo a cabeça e começo a chorar, deito na areia pegando montes dela e apertando
Sinto meu corpo ser abraçado, Binca me ajuda a levantar e me carrega até o carro dela
Heitor: Meu carro...
Bih: Mando buscarem
Não respondo nada, apenas apago no banco do carro
#Continua...
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ALEMÃO-"A DONA"
Teen FictionJoyce é uma mulher doce e amável "as vezes" e super protetora com quem é próximo a ela, mas é do tipo frio com quem atravessa seu caminho, mata sem dó nem piedade, se tornou assim após sofrer um abuso aos 12 anos e ver sua mãe morrer tentando a livr...