Capítulo 36

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– Gigi, deixe a moça em paz! – dona Tereza aumentou o tom da voz.

– Oi, eu meu nome é Giovana. Qual o seu nome? – ela me pergunta, ignorando Tereza.

– Lia... – respondi meio sem saber o que fazer.

– Ela tá usando roupa de menino! Não pode! – o menininho veio atrás da irmã.

– É claro que pode! É só um pedaço de pano, tá vendo. – Abri meus braços para ele olhar bem. – Não vai cair um braço meu por causa disso!

Eles ficaram me olhando muito chocados. O que René estava ensinando a essas crianças?!

– E menino pode usar roupa de menina também? – a menina perguntou.

– Claro que pode! – respondi.

René nem conseguia falar nada, só olhava para Tereza, para os filhos e para mim, completamente perdido.

– Gigi, Gael, vão pro quarto de vocês! – Tereza mandou.

– Vem, Gael! Eu tenho uma saia linda que você vai gostar! – A menina pegou na mão do menino e os dois saíram correndo.

René finalmente se levantou do chão e deu um passou para longe de mim e de Tereza. Ele olhava para os lados, nervoso. Tereza não se atreveu a entrar. Ficou na porta. sua boca estava enrugada e seus olhos bem abertos. Parecia furiosa.

– A professora de Gigi ficou doente. Não conseguiram falar com você. Agora eu sei o motivo – ela disse.

– Ela... Er... Lia só... – Ele não conseguia formar uma frase completa.

– Alguém pode me explicar qual o problema? René é viúvo há mais de dois anos, não é? A gente se conheceu na faculdade, se curtiu e foi só isso. – Tentei amenizar a situação. – Nem é nada sério, então pra quê tanto drama?

– Vocês se conheceram na faculdade? Não me diga que... – Ela nem terminou a frase.

Olhei para René e ele passou a mão no rosto, visivelmente frustrado. O rosto de Tereza havia ganhado um tom de vermelho "vou te matar se tiver que olhar pra você por mais uma segundo".

– Ligue pra mim quando sua aluna tiver ido embora – ela disse para René e saiu.

Finalmente me dei conta da merda que fiz. Se antes ela não tinha motivo para ficar brava, acabei de lhe dar um.

René se encostou na parede e escorregou até se sentar no chão. Escondeu o rosto entre os joelhos dobrados e murmurou algo que não entendi. Eu me senti completamente desconfortável ali. O que porra eu ainda estava fazendo naquela casa?!

– Acho melhor eu ir. Talvez ainda consiga pegar a aula da tarde – falei tirando a camisa dele, jogando em cima da cama, e saí do quarto.

– Lia, espera! – ele se levanta rápido e segura minha mão. – Me desculpa! – ele parecia sincero.

– Por que você está pedindo desculpas? Você não fez nada de errado. Ou fez? – perguntei, curiosa para saber de onde vinha esse sentimento de culpa dele.

René abriu a boca para responder mas não disse nada. Acho que nem ele sabia por que estava se desculpando. Soltei da mão dele e saí do quarto. Ele veio atrás de mim, quieto, andando devagar. Vesti meu sutiã e minha blusa. René ficou de braços cruzados, olhando para o chão, sem dizer uma palavra. Sorte a minha que escolhi usar uma sapatilha esta manhã, pois aquilo já estava ficando ridículo. Aquele típico sentimento de fuga que eu tinha após o sexo estava ali novamente. Eu precisava sair correndo. Despedi-me dele, que só respondeu com um aceno. Mal olhou para mim.

Meu Bom ProfessorWhere stories live. Discover now