O Retorno

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Estava me sentindo nostálgica, esse sentimento parecia bom, mas também tinha seus muitos contras naquela situação.

Finalmente eu estava indo para minha antiga casa, eu queria ter certeza que alguma parte de mim, da infância, tinha restado, acho que a única era o meu medo besta da escuridão.

Meu nome é Rachel da Cruz, 24 anos, sou negra e com um cabelo longo liso meio bagunçado porque costumo esquecer de pentear. Estava realmente estressada naquele momento.

Desenho de Rachel (sem a lente de contato do olho esquerdo)

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Desenho de Rachel (sem a lente de contato do olho esquerdo).

Retornando para minha cidade natal, Towerkuns, que é um nome em africâner, significando "mágico", simbolizando o fato do lugar ser cheio de lendas sobre o sobrenatural e besteiras como essa, antes até era chamada de "Bonatuurlike", acho muito estranho este lugar se orgulhar de algo assim, mas tem gente para tudo mesmo.

Eu tinha ficado fora por tanto tempo na faculdade sem querer me comunicar com minha família, nem tinha falado muita coisa com eles ao saber que minha tia Lúcia havia falecido. Ela tinha sido uma inspiração na minha infância, mas não sabia o que falar. Tinha ido para sempre, já era.

Queria ver meu irmão, meu pai e minha mãe de novo. Queria me desculpar por ter me afastado tanto, apesar de que eu tinha meus motivos.

Minha mãe era engraçada, inteligente e meio doida, mas quando precisava fazer seu papel de mãe e agir com pulso firme ela fazia, foi ela quem tinha me avisado da morte da minha tia pelo celular.

Meu pai era o tipo de cara que iria sempre me convidar para um churrasco no quintal de um amigo, mesmo sendo divertido, quando precisava, podia ser bem rígido.

Meu irmão Vitor sempre foi levemente fechado, menos pra mim. Ele sempre falou o que pensava e o que acontecia, quando chegava da escola.

Ele nunca teve nenhum amigo ou amiga de verdade, sem ter sido eu (pelo menos é o que parece). Mas isso não parecia incomodar tanto ele, apesar de meus pais terem ficado preocupados com a vida social dele em locais públicos e principalmente na escola.

Não sabia se estariam bravos comigo ou ainda em luto pela morte de minha amada tia. No momento em que lembrei do rosto dela, escorreu uma pequena lágrima dos meus olhos por não ter ficado para me despedir, mesmo que eu não soubesse que ela viria a morrer, eu deveria ter falado com ela antes de ir.

Eu não me orgulho muito disso, mas eu sempre acabo fugindo os meus problemas, por isso não queria passar pelo sentimentalismo de me despedir das pessoas, apenas fui embora para a faculdade e só avisei pelo celular mesmo.

Comecei a sentir saudade e uma pontada de culpa, queria voltar para aquele tempo em que era tudo mais fácil, pelo menos para mim.

O mais estranho é que eu pensava que quando ficasse adulta, ia ficar tudo mais fácil, ficava ansiosa só de pensar. Agora eu sinto medo, estou me sentindo como se estivesse passando muito rápido e agora eu estava voltando para encontrar minha família que, por tanto tempo, tentei evitar ao máximo possível.

A Essência da Morte: O Olho VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora