Atração

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Juliana estava parada, sentada na mesa de sua casa, eles tinham se mudado, o pai, mesmo acordado antes dela do coma, ainda precisava de alguns cuidados e passava o dia deitado, ela mal o via, já que ela não conseguia se lembrar deles, aos poucos ela tinha umas dores de cabeça, mas nada surgia para clarear suas duvidas, mas Lupita fazia de tudo para que ela se sentisse bem e segura, e Juliana agradecia por isso, ela não se lembrava do acidente, nem de memorias longas ou curtas, sua mente estava se formando agora, ela se surpreendia cada dia mais com coisas de sua vida.

Pegando seu celular, que foi entregue para sua mãe no dia do acidente, ela sempre tentava encontrar coisas ali, mas a memoria estava limpa porque a mãe tinha apagado suas fotos sem querer, as mensagens estavam ali mas nada esclarecia suas duvidas, ela continuava pensando em Valentina, ela se sentia estranha em relação a ela, seu peito sempre batia mais forte quando via uma foto da modelo, ela só não conseguia entender, ela tinha o contato da modelo salvo e algumas mensagens, mas ela leu uma por uma e não tinha nada de surpreendente, eram mensagens de trabalho, de horarios de trabalho, aviso para sessões de fotos, nada revelador, nada que explicasse o que elas tinham, se tinham algo.

Juliana estava com a mente longe, mexendo no celular, abrindo aplicativo por aplicativo, ela foi para as ligações, o historico estava salvo, descendo as ligações, tinham algumas de numeros privados, então uma de Valentina, e então outra, Juliana se ajeitou no banco, arregalando os olhos, uma série de ligações de Valentina, clicando em todas, Juliana viu que a duração das chamadas passavam de minutos, muitos minutos.

Valentina estava mentindo para ela, elas não eram meras desconhecidas e aquelas ligações provavam isso, pegando seu celular, ela chamou um táxi, sua mente estava no lixo e ela iria buscar algumas informações.


Ao chegar na mansão Carvajal, Juliana foi parada no portão, o taxi precisava se identificar, descendo a janela, ela estava pronta para dar uma imensa explicação para o segurança de porquê deveria entrar, mas o homem ergueu as sobrancelhas surpreso e lhe lançou um sorriso.

- Senhorita Juliana- ele sorriu mais, parecia contente em vê-la ali.

- preciso falar com Valentina- ela falou nervosa, com medo que ele negasse o pedido, mas o homem apenas ergueu um dedo e deixou o carro passar.

Olhando para trás, ela sorriu inacreditada, era uma mansão de gente rica, apenas pessoas autorizadas passavam pelo portão, nem revistada ela foi, Valentina estava mentindo para ela e Juliana não sabia o porquê, mas ela iria descobrir.


Quando entrou na casa, a primeira coisa que a empregada fez foi chamar Valentina, Juliana estava ansiosa, ela queria explicações e estava ali por elas, a modelo morava realmente em uma mansão, a casa era enorme, alta, larga para todos os lados, esfregando as mãos, ela parou e esperou por longos minutos.

- O que faz aqui?- A voz da modelo surgiu dura, ela não parecia com muita paciencia, mas Juliana precisava conversar.

- Preciso te fazer uma pergunta- ela falou seria, colocando as mãos nos bolsos da frente da calça, analisando Valentina cruzar os braços debaixo dos peitos, seu rosto também estava duro, ela parecia cansada, seus olhos grandes a olhavam com atenção.

- Faça e saia, estou sem tempo- Valentina mexeu na boca, claramente incomodada com sua presença ali, mas Juliana não se importava muito, ela não tinha nada a perder.

- O que nós somos?- ela perguntou sem dúvidas ou receios, Valentina fechou os ollhos e mexeu nos dedos, Juliana percebeu quando ela oscilou o olhar, mas se manteve fechada, não demonstrando mais emoçoes que aquilo, sua frieza.

- Não somos nada!- ela garantiu, seu olhar estava cerrado em sua direção e Juliana não conseguia entender, ela parecia estar sofrendo, por algo, por alguém, Valentina parecia brava com ela, ela queria se lembrar da modelo, de qualquer coisa que tinha a ver com ela - Pode sair da minha casa agora?- seu tom de voz aumentou e tremeu e Juliana assentiu, mas parou antes.

- Se não somos nada, porque existem centenas de ligações suas no meu celular?- cobrou e Valentina deu um passo para trás.

- Eu também não sei- A magoa na voz de Valentina deixava claro o quão brava ela estava, Juliana olhou para ela por segundos que pareciam interminaveis, até a loira igonorar sua presença e subir as escadas, voltando de onde tinha vindo.

valentina olhou em seus olhos e lhe disse o que tinha que dizer, o problema era: Juliana não acreditava em nenhuma palavra que ela dizia, elas podiam não ser amigas, mas foram algo e Juliana iria descobrir.


Juliana estava em mais um dia de trabalho, ela gostava do que fazia, de desenhar, de passar o dia com a mente ocupada, descobrindo coisas sobre ela, sendo ajudada por Juan, ela morria de rir com as estorias que ele contava para ela, mas mesmo assim não se lembrava de muita coisa, mas se sentia feliz por ele confiar nela e acreditar em tudo que ela fazia.

Agora sua mente estava longe, ela estava olhando as fotos das modelos, clicando para o lado, uma foto de Valentina surgiu fixa na tela e Juliana parou, dando zoom na foto, respirando fundo, ela não conseguia tirar a modelo de sua mente, era como se seu corpo fosse atraído por ela, por Valentina e ela não entendia aquilo, se ela gostasse de mulher ela se lembraria?

as peças em sua mente estava desencaixada, todas para todos os lados, e Valentina estava no meio, sua mente estava quase explodindo por não conseguir pensar em nada, em como tudo podia se encaixar, saindo da foto de Valentina, Juliana se voltou para Juan, ela não sabia como perguntar aquilo, mas ela tinha que ter respostas e ela só podia tê-las se perguntasse, porque sua mente estava em branco completo.

- Juan- ela chamou a atenção do homem, e ele se virou, erguendo as palpebras - Eu sou gay?- ela soltou confusa, talvez ela soubesse se fosse, Juan começou a tossir e sorrir sem controle, virando sua cadeira totalmente para ela.

- Pelo que sei de ti, não- ele falou e Juliana murchou, mas ele sorriu logo em seguida - mas todos temos segredos- provocando com uma sobrancelha, ela sorriu junto, a pergunta não saia de sua cabeça.


Mais um dia se passou, Juliana estava batendo os pés, ela estava ansiosa desde a noite anterior, sua mente estava rodando em 10 direções diferentes, não conseguia parar para nada, ainda sem repostas e tudo ainda muito mais confuso, Valentina estava no ateliê, conversando com Juan, ela não sabia porque suas mãos estavam suando e seu coração acelerado, mas desconfiava que o motivo era Valentina, ela só queria entender o que estava se passando, mas duvidava muito que teria ajuda.

Ela estava esperando Valentina sair da sala de Juan para tomar coragem, tinha que fazer alguma coisa, então quando Valentina saiu, Juliana se aproximou, chegando perto e segurando as mãos que estavam tremendo, seu estomago estava girando, era como se ela fosse ter um ataque cardiaco, abrindo a boca, ela se preparou para falar, mas por um segundo a presença de Valentina a intimidou.

Ela parecia melhor, seu cabelo estava solto em ondas volumosas, seus olhos pareciam mais claros e ela se vestia de forma mais confiante, ela parecia mais bonita do que a alguns dias atrás, limpando a garganta, ela chamou a atenção da modelo.

- Veio me perguntar outra bobagem?- Valentina lhe calou com seu olhar e Juliana engoliu em seco, tocando na testa, no curativo que ainda tinha que usar, ela percebeu os olhos de Valentina suavizarem quando fez o gesto, olhando-a perto.

- Ainda dói- Juliana explicou e respirou fundo, ela não se importava em receber um não, ela tinha que perguntar -Podemos sair?- falou por fim, mas seus ombros ainda pesavam e Valentina parecia incredula, cerrando os olhos - Juntas?- ela completou com um sorriso amarelo, seu coração saindo pela boca, pronta para receber um não, porque a unica coisa que Valentina sabia fazer era trata-la mal e ignorar tudo que ela fazia.

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