CAPÍTULO DEZESSEIS

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Na manhã seguinte acordei sentindo uma dor dilacerante no meu corpo. Espíritos ainda manifestavam-se no quarto, Dian dormia profundamente do meu lado. Escorreguei para fora da cama, me sentindo atordoada. No banheiro absorvei meu ombros e meu pescoço, os cortes já estavam cicatrizando. Algumas feridas ainda estavam abertas, mas era questão de minutos para minha magia começar a cicatrização.
Dian adentrou no banheiro sorrateiro, coçando os olhos ainda sonolento.

— O que você está fazendo acordada de madrugada? — bocejou, esticando os braços.

— Dian, já passa do meio dia. — Falei, ligando a torneira da banheira. — Ficamos ocupados no restante da noite.

Quando me virei, flagrei Dian petrificado, o macho perdeu completamente a cor do rosto. Estava mais pálido que cor natural da minha pele.

— Eu fiz isso; — aponta para meu pescoço e ombros marcados. — Morgana, sinto muito. Eu não queria machucá-la.

— Shhh. Está tudo bem. Estou me curando, você é um mestiço e precisa de sangue.

Dian de imediato segurou no meu rosto com cuidado.

— Me perdoe, por favor. Eu não queria; — fechou os olhos por alguns segundos. — Não vai acontecer de novo.

— Quê?

— Eu vou buscar a Mayo, eu consigo controlar minha sede com ela. Com minha Escolhida de Sangue será…

— NÃO; — Gritei, cerrando os punhos. — Não quero Mayo aqui, não quero Mayo perto de você ou próxima do que estamos construindo juntos.

— Morgana; — puxa-me pelo braço, posicionado meu corpo na frente do espelho novamente. — Você está vendo esses cortes profundos? Eu poderia matá-la.

— Poderia, mas não matou.

— Você não entende, preciso dela ou todas as vezes que me alimentar diretamente de você; — rosna. — Vou machucá-la.

— Eu não me importo, minha decisão está tomada. Se você procurar Mayo, nossa relação estará acabada.

Dian amaldiçoou os deuses, batendo a porta com força quando saiu do banheiro.
Não posso aceitá-la. Não tenho uma mente aberta como a Rainha Yasmine, Dian será apenas meu. Não pretendo dividir meu Escolhido com outra fêmea.
O príncipe respeitou meu espaço, só entrou no banheiro quando sai. Desci para o primeiro andar, Emmaline já estava correndo pelos cômodos com um pequeno cachorro gorduchinho e com pelos longos.

— Bom dia pequena Emmaline! — cumprimento sorridente. A menina encara com seus olhos azuis inacreditáveis.

— Bom dia, Morgana.

— Que belo amiguinho; — abaixo-me para acariciar os pelos do cachorrinho, que lambeu minha mão em resposta. — Ele tem nome?

A criança me avaliava um pouco receosa. Eu consigo entender, sou uma completa estranha. Com uma aparência distinta e medieval.

— O nome dele é Chulé, porque ele fede às vezes.

Gargalhei, concordando com a cabeça.

— O Chulé precisa de um banho.

Emmaline, inclinou a cabeça para frente, sussurrando no meu ouvido:

— Sabe guardar segredo?

— É claro que sei; — cochichei, formando um concha com as mãos envolta da minha boca. — Sou a Senhora da Penitência, guardo vários segredos.

A menina piscou aqueles cílios volumosos e lindos.

— De vez em quando eu roubo as colônias da vovó para deixar o Chulé mais perfumado.

Dian - O Príncipe Dos MortosWhere stories live. Discover now