Lara chegou ao hospital para ver a situação de André junto com Olivia, que falava com Ana Maria pelo celular. A mulher acordou e estava querendo ver a filha.
— Tia, estou no hospital, vou passar em um lugar antes, mas vou falar com a senhora.
— Seja honesta comigo, Olivia. Eu preciso disso. Sonhei com a minha filha, preciso conversar com ela. Abraçá-la.
— Tudo bem, a mantenho informada.
Lara chegou perto do advogado de André.
— O que aconteceu, doutor Carlos?
— Eu o deixei em casa, conversei um pouco com ele e saí, antes de sair do prédio resolvi voltar e o encontrei com os pulsos cortados.
— Por que decidiu voltar, doutor?
— Ia pedir para ficar longe da noiva dele, doutora! — respondeu lançando um olhar julgador para ela.
— Onde ele está? — perguntou já indo à procura de um médico ou alguém que pudesse responder às suas perguntas.
Uma enfermeira avisou que ele estava sendo operado e Lara resolveu esperar.
Olivia se sentou enquanto falava com a esposa por mensagem. Meia hora depois, uma médica entrou na sala de espera fazendo todos se levantarem.
— Como ele está, doutora? — Carlos perguntou preocupado.
— Está fora de perigo. Apesar da profundidade dos cortes, a cirurgia foi um sucesso. Vai dormir até à noite. Vai ficar em observação. Podem vê-lo, se quiserem, mas não poderão ficar por muito tempo.
Apenas Carlos e Lara foram ao quarto. Alana estava de um lado da cama e Almir do outro.
Lara o observou por uns instantes e resolveu sair.
— Até logo, doutor Carlos. Eu preciso trabalhar. — Saiu.
Carlos viu os braços do homem sangrando em demasia e viu duas sombras perto dele, correu para chamar uma enfermeira.
A enfermeira chegou e viu o curativo limpo. Carlos franziu o cenho.
— Alguém trocou! — disse apontando para os curativos. — Eu juro que vi.
— É melhor o senhor sair. O paciente precisa descansar.
— Você tem que acreditar em mim! — pediu segurando-a pelos ombros.
— Senhor, por favor, saia.
Carlos verificou a iluminação do local e tentou achar a fonte daquelas sombras, mas não conseguiu nada e saiu do quarto suando frio, ofegante. Olhou em volta e viu as pessoas distraídas com seus próprios interesses. Tirou um lenço do bolso e secou o suor da própria testa. Respirou fundo e se encaminhou para a saída.
Foi seguido por Almir, que tinha um semblante carregado de ódio. Passou em uma loja de conveniência perto dali e comprou bebida. Tomou todo o conteúdo da garrafa rapidamente e entrou em seu carro.
Almir se sentou no banco do carona e ordenou:
— Corra!
Carlos pisou no acelerador e se distanciou do hospital. Avançou alguns sinais fechados e quando chegou à estrada notou o veículo correndo a quase 200 km por hora. Arregalou os olhos quando viu Almir ao seu lado.
— Você não vai livrar aquele assassino estuprador da cadeia! — disse com sua voz rouca e grave assustando o homem, que já estava abalado.
Carlos ainda gaguejou algumas palavras, mas se viu crescendo demais para ficar ali dentro. Gritou quando sua pele começou a rasgar devido ao inchaço.
— Olha pra frente, Carlos! — disse sorrindo e se deleitou quando o veículo acertou em cheio o início de uma retenção de concreto.
O corpo do advogado foi partido ao meio com o impacto. A batida foi tão violenta que não havia a menor possibilidade de sobrevivência.
Almir acompanhou o advogado quando o homem deixou a delegacia junto com André. Sabia de sua fama de ótimo criminalista e quis se certificar que André pagasse por seus crimes.
— Manicômio judiciário não é prisão para aquele desgraçado. Ele não é doente. — gritou no ouvido do advogado já todo desfigurado. — Ele precisa pagar na cadeia. Sofrer o que minha filha e eu sofremos.
†
Lara chegou ao Instituto Médico Legal com Olivia. Foram recebidas por Jenny.
— Boa tarde, Jenny. Esse caso está me fazendo perder completamente a sanidade... — confessou respirando fundo.
— Boa tarde...
— Essa é a Olivia.
— Oi, Olivia, tudo bem? — cumprimentou.
— Sim, e você?
— Ótima!
— Viemos ver a moça da estrada. — Lara avisou depois dos cumprimentos físicos.
— Ah, sim! Murilo a declarou indigente. Estamos lotados e precisei tirá-la daqui, mas ainda se encontra nas dependências do instituto. — avisou e começou a andar.
As duas a seguiram.
— O Murilo a declarou indigente quando?
— Hoje de manhã. Preciso dar andamento ao trabalho. Muito tempo sem sinal de familiar e espaço ocupado. Você sabe como é, né? O espaço aqui é muito pequeno.
— Tudo bem, Jenny. Podemos vê-la?
— Claro. Mandei para o subsolo para ser preparada para o enterro. Vou buscar o corpo. — avisou e entrou em um elevador.
Olivia estava nervosa. Sentiu a mão de Lara em seu ombro.
— Fica calma. Estou torcendo de verdade para que a Alana esteja viva.
— Eu também estou torcendo. Mas confesso que acho bem difícil. Essa mulher que está fingindo ser ela tomou conta de sua vida de tal forma que é praticamente impossível, Lara.
O sinal do elevador anunciou a chegada do corpo. Olivia sentiu o coração acelerado quando viu a médica e um ajudante saindo com a maca sob um lençol branco.
A jovem médica engoliu saliva enquanto via os dois se aproximando e tudo ao seu redor ficando lento. O desfecho daquele mistério sobre o sumiço de sua amiga poderia estar ali.
A gelada maca foi colocada no centro da sala perto das duas. Jenny olhou para Olivia, que tinha o semblante apreensivo. Sobrancelhas franzidas. Mandíbula pressionada.
— Preparada?
Com um aceno de cabeça, Olivia respondeu. Marejou os olhos quando a médica retirou o lençol do rosto do cadáver. A jovem foi às lágrimas.
— Não pode ser ela. Ela era tão linda! — disse quase para si, mas foi ouvida pelas duas. Olhou em volta e viu uma caixa de luvas. — Posso?
Jeniffer pegou um par de luvas e entregou a ela, olhou para Lara, que assentiu com os olhos.
Olivia colocou as luvas e retirou todo o lençol, expondo completamente o corpo rígido e desfigurado ali na sua frente.
Jenny semicerrou os olhos e ficou observando. Ofegando levemente, a jovem tocou na mão da amiga e mostrou a Lara, que observava concentrada, o dedo faltando.
Respirou profundamente e se preparou para verificar o sinal atrás da orelha. Torcendo para que ainda estivesse ali ou que não estivesse nunca estado ali.
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Alana
HorrorAndré é um empresário bem-sucedido da pacata cidade de Holambra, interior de São Paulo. Perde o pai numa situação sinistra durante um jantar oferecido para apresentar a nova namorada, a bela e misteriosa Alana. O homem vê sua vida se transformar num...