capitulo 7 - Coisas do Diabo

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No silencio de seu quarto, Marina tinha as mãos a carta que Valeria lhe havia mandado, uma semana havia se passado desde o enterro do Senhor Lavontes e de Bento o amado de sua amiga. Desde então as duas não tinham se visto novamente e aquela carta era a única notícia que ela tinha da amiga, o mensageiro dos Lavontes havia trago de manhã cedo e entregado para Eliot que entregou a Marina, Valeria sabia que se fosse entregue diretamente a casa da família Maria Laura não deixaria a carta chegar às mãos de Marina, sabia disso pelos olhares reprovadores que ela lhe lançava na missa após o enterro, não só Maria Laura, mas também todo resto do povo da vila, da cidade ou das fazendas, os únicos que haviam sido generosos e prestado conforto a Valeria Luize foram Marina, Sebastian e sua mãe, a senhora Lavontes, ela dizia que todo acontecido foi culpa do pai de Valeria que levou o duelo até fim.
Desdobrou com cuidado o papel e começou a ler:
   “Querida amiga, é com dor e alegria que lhe escrevo esta carta. Ainda dói a perda de papai e de Bento, da forma que tudo aconteceu foi um grande golpe da vida, eu só queria um amor e acabei encontrando a morte. Agora mamãe concedeu minha mão em matrimônio a um velho amigo da família, o senhor Meireles, ele é um viúvo sem filhos que tem a idade de ser meu avô. Se eu soubesse que um simples beijo em Bento daria nisso tudo teria ajuizado minha paixão, mas agora é tarde demais, a vida segue. Fico imensamente feliz por saber que você e Sebastian ficarão hoje oficialmente noivos, ele é um bom homem, queria que você visse o jeito apaixonado que ele lhe olha quando você está distraída, e no futuro você será uma condessa, é bom saber que você está em boas mãos e saber que dei um empurrãozinho nisso tudo naquele baile te obrigando a não sair de onde estava porque o filho do conde estava vindo. Fiquei sabendo que seu noivado será um grande baile de máscaras, pelo o que lhe conheço você irá vestida de anjo não irá? Temo que vestidos brancos não dão boa sorte me bailes, veja o que aconteceu comigo. De todo coração, espero que sejas extremamente feliz minha irmã.” – Com amor, Valeria Luize Lavontes.
- Ah querida amiga se pelo menos eu tivesse ido com você para o jardim naquela noite, nada disso teria acontecido. – Murmurou sozinha. Marina sentia-se culpada ela podia ter acompanhado Valeria e evitado duas mortes, se ela fosse com a amiga não estaria agora pronta para seu baile de noivado com Sebastian, não importava. Salvar duas vidas era mais importante do que estar noiva do futuro conde, gostava de Sebastian ele era gentil, bonito, elegante, lidava bem com os negócios da família e parecia ser incapaz de fazê-la mal. Enquanto a amiga era azarada e agora teria de se casar com um viúvo, ela tinha sorte do destino ser tão generoso com ele.
Tentou evitar mais pensamentos ruins pegando ao lado da cabeceira o livro que havia começado a ler mais cedo, a primeira parte da obra Divina comedia escrita pelo italiano Dante Alighieri em 1472, a obra falava sobre os nove andares do inferno e também era conhecida como “o inferno de Dante”. Largou o livro assim que ouviu a voz da mãe chamar.
- Marina, você irá se atrasar. – Gritou Maria Laura de seu quarto.
- Já estou indo. – A filha falou alto em tom doce.
Marina levantou- se da poltrona, caminhou sob os sapatos altos pelo quarto, alisou as turquesas do colar, do último colar que seu pai havia lhe dado. Lhe tirou do pescoço e o pôs sob o bidê ao lado do espelho, era hora de um tempo novo em sua vida e isso indicava que havia chegado a hora de pôr o primeiro colar de turquesa que havia ganhado do pai, o que possuía apenas uma pedra de turquesa grande e seu nome escrito nele, Marina Flamelle, ela se orgulhava de ser uma Flamelle. Abriu o porta-joias onde o havia depositado, ele não estava lá.
- Onde posso ter colocado? Eu sempre o deixo neste porta-joias ao lado do vaso de flores.
- Senhorita Marina. – Falou Joana ao abrir a porta do quarto. – Sua mãe está aflita por sua presença.
- Eu já vou Joana, obrigada.
- Ela não para de dizer que vocês vão se atrasar.
- Perdi meu colar.
- Seu colar de turquesas?
- Não, o de só uma pedra de turquesa com meu nome.
- Oh céus, temos um ladrão na casa.
- Claro que não, eu só devo ter esquecido onde o coloquei.
- Se a senhorita diz.
As duas reviraram o quarto inteiro e nada acharam, Maria Laura resolveu ir até lá reclamar da demora. Após saber do que acontecia Maria Laura mandou que Marina colocasse o velho colar de novo, que isso devia de ser um sinal de que ela precisava ir com aquele, já estando quase atrasada Marina obedeceu.
- Vamos minha filha.
- A senhora acha que estou bonita?
- Mais linda que todos os anjos, agora vamos o conde nos espera.
Marina olhou-se no espelho, o vestido branco apertado na cintura e rodado em baixo lhe deixava uma verdadeira mulher, nas costas havia grandes assas, Marina mesma havia criado um vestido a caráter, era um baile de máscaras e também era seu noivado, ela devia se destacar. Em seu cabelo um coque atrás da cabeça de onde alguns cachos cor de mel dele pendiam emoldurando lhe o rosto.
Naquela tarde o espelho parecia brilhar, talvez o sol lhe batendo lhe desse um tom mágico e encantador ao velho espelho rústico.
Marina sorriu e disse ao espelho:
- Que eu esteja tão bonita quanto realmente me vejo. Me traga boa sorte querido espelho. – E ele realmente traria.
Sebastian as recebeu com um largo sorriso, ao lado dele estava seu pai, o velho conde...
- Marina. – Ele beijou sua mão. – Minha bela Marina. – Ela sorriu. – Senhora Maria Laura. – Saudou sua mãe e então gesticulou para o pai.
- Minha noiva a senhorita Marina e sua mãe a senhora Maria Laura, este é meu pai o conde Lerand.
- É um prazer revê-lo. – Falou Maria Laura enquanto as duas mulheres faziam uma reverencia ao conde.
Marina por sua vez permaneceu calada, como uma boa noiva deveria se portar. Sebastian lhe ofereceu o braço e ela prontamente o segurou.
- Se nos dão licença, preciso exibir minha bela noiva pelo salão.
Maria Laura sorriu e abanou-se com o leque.
Eles caminharam até a mesa das bebidas.
- Está nervosa?
- Um pouco, afinal estou ficando noiva de um futuro conde e admito que nunca recebi tantos olhares em toda a minha vida.
- Você vai se acostumar, por ora faz de conta que estamos só eu e você aqui. – Ele pegou uma garrafa de vinho e serviu uma taça. – Para você.
- Geralmente eu bebo limonada.
- Hoje beba vinho, você vai precisar, será uma noite de grandes emoções, hoje eu vou coloca-la em um pedestal tão alto que todos irão te notar Marina, você será a coisa mais preciosa de tudo o que eu tenho.


Há uma semana Dante estava sendo seguido pelo fugitivo e de tão empenhado que estava em prendê-lo não imaginou que este tivesse tão perto. Lamentou por não ter colocado rastreadores em cada um daquela quadrilha. É claro que Dante já havia descoberto qual guarda havia ajudado a quadrilha a fugir a primeira vez e agora aquele membro que ele freneticamente estava a caça, e Dante já o havia prendido.
Agora era um típico final de expediente de sábado, Dante e o resto da equipe ainda investigavam o assassinato de Skinner Flamelle e estavam sem nenhuma pista, Dante estava irritado este não seria o primeiro caso a não ser resolvido em suas mãos, não mesmo!
No final do expediente Clary e Diego o afortunavam para ir com eles a uma festa da fantasia na boate eclipse. Dante Alegava dizendo que não vestiria nenhuma fantasia idiota.
- Vem Dante, vai ser divertido.
- Tenho trabalho a fazer.
- Dante o expediente está acabando.
- Não interessa, vocês são uns inúteis e eu tenho que fazer tudo sozinho.
- Você é um reclamão, isso sim. – Cuspiu Diego as palavras presas em sua boca.
- E você Diego está fazendo o que para ainda não ter descoberto que é a tal da Marina Flamelle.
- Eu já te disse que a única Marina Flamelle que existe viveu do ano 1814 a 1831
- Você não procurou direito, estamos procurando alguém do presente, uma assassina, tenho certeza que é ex mulher do doutor louco.
Clary revirou os olhos farta daquele assunto e tentou mudar o assunto.
- Dante você vai para a festa sim.
- Eu não vou me vestir de nenhum príncipe e ir pra balada perder tempo quando há muito trabalho a fazer.
- Você precisa relaxar um pouco detetive Dante, palavra de psicóloga.
- Você vai ir vestida do que Clary? – Perguntou Diego.
- Chapeuzinho vermelho.
- Você vai ser o lobo mal ou a vovozinha Diego? – ironizou Dante.
- Serei um pirata, deixo o lobo ou a vovozinha para você Dante.
- Prefiro desvendar assassinatos.
- Você já faz isso todos os dias Dante. – Clary intrometeu-se – Hoje é noite de mudar um pouco o personagem.
- Eu não tenho fantasia gata e não vou gastar dinheiro com isso, o mês o grande, eu pretendo ter bastante grana para a bebida.
- E não é que por sorte eu tenho a fantasia certa para você.
- Tem?
- Eu tenho.
Horas depois os três dançavam loucamente e bebiam na balada, seus corpos misturavam-se com o de outras pessoas fantasiadas. Diego estava bem de pirata, a chapeuzinho vermelho não combinava com o rosto o cabelo vermelho de Clary, mas sem os óculos a fantasia lhe caia bem, já Dante, Dante estava ridículo naquela fantasia que muito bem lhe definia, Dante estava vestido de diabo.
As onze horas da noite Dante e Clary se beijavam loucamente, Dante sabia que pegaria aquela mulher mais cedo ou mais tarde, algum tempo depois ela estava aos beijos com Diego e Dante bebia mais que em toda sua vida. Resolveu que era hora de ir para casa embora agora que passava meia noite e meia.
Abriu a porta cambaleando e se jogou no sofá adormecendo imediatamente, não percebeu que foi observado a noite inteira e novamente foi seguido. Não percebeu que aquele era o momento oportuno para quem desejava o matar.
Acordou sentindo calor, seu corpo suava e sua respiração estava ofegante, abriu os olhos sentia-se tonto devido a bebida, sua consciência então voltou, viu que estava no meio de um incêndio.
Dante tossiu com tanta fumaça em seu pulmão. Tentou correr para a porta era tarde demais. Subiu as escadas correndo rumo ao quarto, talvez conseguisse saltar pela janela, já havia queimaduras em seu corpo e essas lhe doíam muito, no quarto tudo era fogo, não restava mais nada sem fogo, começou a perder o ar iria morrer ali.
Abanou-se e tentou achar uma saída, a porta do quarto despencou em chamas, definitivamente era o fim. Mas de repente do espelho começou a sair uma forte luz, não era fogo, era uma luz branca e lhe dava paz. Sem saber o motivo, sem nem pensar, com medo da morte e com uma tontura forte jogou-se de encontro com o espelho e tudo desapareceu.
Abriu os olhos devagar e o fogo havia sumido. Como era possível?  Sua cabeça ardia, sentia dor pelo corpo e estava vivo.
Olhou a redor confuso. Que lugar era aquele? havia uma cama com colchas antigas de flores, muitas flores pelo quarto, cortinas rosa também faziam parte da decoração. Perto da porta uma menina, uma linda menina, a mais linda que Dante já viu, vestia um vestido branco e tinha assas. Dante pensou que havia morrido e estava no céu, o que ele havia feito para merecer o céu?
A menina estava paralisada, tremia próxima porta, parecia querer gritar e não ter forças, os cantos de sua boca se mexeram e devagar ela sussurrou:
- O diabo está aqui.
Que raios! Ele ainda estava fantasiado e havia sido queimado no incêndio, obvio que ele parecia o diabo.

O espelho de SkinnerWhere stories live. Discover now