capitulo 10 - prometo voltar

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Sebastian batia a porta, isso não poderia estar acontecendo.
Não estava fazendo nada errado – Só escondendo um novo amigo que precisava de ajuda. – Tentou recuperar a calma, respirando fundo e olhando para Dante.
- Devo voltar para baixo da cama?
- Sim. Vai logo, é meu noivo.
- Eu adoraria bater um papo com ele e deixar bem claro que eu vou dar um tiro bem no meio das fuças dele se ele aprontar qualquer coisa com você ou tentar qualquer gracinha.
- Vai logo.
Dante dirigia-se para seu esconderijo, mas o espelho começou a brilhar, a forte luz branca surgiu fazendo com que Dante e Marina se olhassem perturbados, sem querer dizer adeus.
- Eu preciso ir. – Ele gaguejou, Marina concordou com a cabeça.
- Você volta?
- Se você quiser, volto. Volto por você.
- Você promete?
- Eu prometo voltar meu anjo. – E caminhou lentamente até a luz, assim que sua mão atingiu o espelho seu corpo foi sugado para dentro dele e desapareceu.
Marina tremia, ele havia ido embora. Acreditava que ele voltaria, acreditava em sua promessa.
- Querida por que demoras tanto a abrir a porta? – A voz de Sebastian soava desconfiada.
- Estou me vestindo. – Marina mentia pela segunda vez!
- Ah. Claro. Perdoe-me.
Marina puxou um pouco as cobertas para fazer que estava deitada. Puxou o ar com força e então abriu a porta.
- Que bom revê-la minha noiva.
- Obrigada pela preocupação, não precisava se incomodar. – Sebastian entrou no quarto acompanhado de duas criadas, Josefa e Joana.
- Estavas jogando xadrez sozinha minha querida?
- Não estava jogando, apenas pareceu-me em um dia destes que estava faltando peças trouce para conferir.
- Ah sim.
Marina sentou-se a cama, Sebastian acomodou-se em uma poltrona próxima a cabeceira. As duas criadas sentaram-se em cadeiras próximas da penteadeira onde em silencio começaram a bordar sem em nenhum momento ousar levantar os olhos.
- Como você se sente? – Ele perguntou.
- Estou bem, minha cabeça ainda está latejando creio que pela manhã estarei melhor.
- Espero que sim. Estou muito preocupado você está diferente.
Diferente! Com certeza ela estava.
Desejava contar toda verdade a ele, Sebastian era tão bom com ela e a o tratava com tanta ingratidão escondendo segredos, mas o perderia se falasse e ele não acreditaria em nenhuma palavra que sairia de sua boca. Perderia o casamento, mas no fundo talvez fosse melhor perde-lo do que viver com uma mentira. – Ela pensava. – Ela tinha absoluta certeza, Sebastian merecia alguém melhor, uma boa moça normal – Sem espelhos mágicos no quarto que trazem um homem bonito e audacioso do futuro – E ela merecia viver sozinha somente com suas lembranças.

Dante sentia- se zonzo, também sentia um aperto no peito. Se ele soubesse que o espelho brilharia outra vez não teria vindo agora, teria ficado para ver como era o tal do Sebastian.
Pouco importava, era tarde, ele estava de volta no presente.
Olhou em volta, aquela não era sua casa. Conhecia aquele quarto, já havia ido ali duas ou três vezes. Onde seria? E por que razão seu espelho máquina do tempo estava ali? Um pouco queimado, mas ainda era seu espelho, assim como sua mala cheia de coisas suas, provavelmente que sobraram do incêndio.
- Dante? – Ele levantou os olhos. – É você mesmo ou só seu fantasma vindo reclamar de algo?
- Sou eu mesmo Diego. – Agora havia se lembrado, o quarto do seu bom e fiel Diego. – O homem correu até ele e o abraçou confirmando que não era um fantasma.
- Eu achei que você tivesse morrido naquele incêndio, quase tudo ficou destruído. Espera como você veio parar aqui?
- É uma longa história.
- Por que você está com essas roupas ridículas?
- Isso faz parte da longa história.
- Você está hilário. – Receoso ele olhou-se no espelho, viu em seu reflexo uma mistura peculiar, a roupa era ridícula mas ele estava bonito, combinava com seu rosto, e mais do que isso havia algo diferente, seus olhos negros brilhavam.
- Me vê uma roupa sua, e eu te explico isso, ah explico com muita vodca.
- Senti falta das suas ordens, bom te ver de novo. – Diego saiu rindo e Dante se trocou.
Quarenta minutos depois já vestido com uma camisa pretas de mangas curtas e um jeans claro, Dante e Diego estavam no sofá com duas garrafas de vodca vazias, Dante havia contado todos os detalhes para Diego e ele havia ficado incrédulo, de início negou-se a acreditar, mas então Dante mandou que explicasse como apareceu em seu quarto do nada e com aquelas roupas. Diego não soube explicar e acabou acreditando.
- Então você acha que o espelho tem dia especifico para funcionar?
- Acredito que sim Diego, preciso descobrir quais.
- Ninguém vai acreditar quando te ver vivo, precisamos inventar uma história. Carraca você está vivo! Eu até te homenageei no facebook cara.
- Preciso prender quem colocou fogo na minha casa.
- A equipe já fez isso. Foi possível ver o cara foragido pelas câmeras de segurança na frente da sua casa.
- Vocês o pegaram?
- Sim, e ele confessou que foi vingança pela morte de Bruce.
- Pelo menos isso.
- Como foi a sensação Dante, de quase morrer, do fogo e não conseguir escapar?
- Foi horrível, na hora eu sentia raiva, desespero para sair, para viver, mas em nenhum momento eu consegui sentir medo.
- Você é inacreditável.
- Preciso inventar uma história, não posso dizer que escapei pelo espelho.
- É verdade.
- Vou falar que acordei hoje à tarde, em um campo vazio há alguns quilômetros, que as últimas coisas que lembro foi que cheguei em casa e parecia estar sendo vigiado, fui dar uma conferida e alguma coisa acertou minha cabeça, então só acordei hoje.
- Como o homem foi pego colocando fogo na casa pelas câmeras todos acharão que ele tinha um cumplice que te tirou dali dizendo que a casa era só um aviso.
- Um esplêndido plano para esta noite estrelada.
- Aff Dante, você está falando igual as pessoas do século XIX.
- Estou?
- Você está. Você mudou, está apaixonado.
- Só me faltava essa, eu apaixonado. Por acaso eu tenho tempo para me apaixonar Diego? – Antes que ele respondesse Dante levantou-se – Vem, vamos trabalhar.
- Hoje é domingo.
- Pouco importa, preciso vascular o que sobrou do laboratório de Skinner.
E lá foram eles, arrombaram a porta que havia sido levantada pela prefeitura e começaram sua busca. Na semana seguinte aquele local seria derrubado e ali construído uma creche, precisava achar rápido todas as pistas, se é que o fogo não tinha consumido com tudo.
- Dante tem uma caixa ali em cima com papeis, podem ser uteis.
- Boa Diegão.
Começaram a vasculhar a caixa, a grande maioria eram relatos de tentativas falhadas de transformar pessoas em “pessoas mutantes” o cientista acreditava que conseguiria mesmo este feito já que segundo outro papel ele havia conseguido implantar assas em um rato e o feito voar. Dante ria embora depois de sua viagem já não duvidasse de mais nada.
- Dante olha isso, acho que é um enigma. – Dante arrancou o papel velho das mãos de Diego e começou a ler.
“Quando a lua nova chegar o espelho brilhará e por oito minutos a ciência reinará. Primeiro as duas horas durante a madrugada, segundo as sete da noite, terceiro as dez da manhã e o ciclo volta ao início. Uma vez quebrado a magia findará! Não ultraje a dama que mora lá. Um Flamelle, dois Flamelles, três flamelles e ponto. O sangue correu no passado e no futuro correrá, descobri tarde para duas vidas salvar, resta um Flamelle.”
- Esse enigma é meu! – Dante disse com uma mistura de confusão e alegria, então ele era capaz de voltar nas luas novas, poderia cumprir sua promessa.

O espelho de SkinnerWhere stories live. Discover now