Prólogo

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Os cavalos pararam em frente a uma casa de madeira em meio às grandes árvores da densa floresta, a qual era habitada somente por exilados, dentre eles doentes, fugitivos da lei e pagãos. A jovem desceu do coche e apertou ainda mais o manto ao redor do seu corpo em uma tentativa de conter o frio do inverno. Bateu na porta de madeira com a sua mão trêmula e após alguns minutos, uma mulher de longo cabelo ruivo a atendeu.

- O que quer? - ela perguntou rudemente.

- Procuro por Diana. - a jovem respondeu buscando manter o tom de voz neutro.

Ela inspecionou a desconhecida à sua frente e depois analisou o coche com desconfiança. Voltou a sua atenção para a visitante.

- E o que deseja com ela?

- Questões particulares.

- Veja bem, se isso for uma emboscada...

- Não é, dou-lhe a minha palavra. - interrompeu-a, exausta. - Está frio aqui fora, permita-me entrar.

A mulher hesitou, porém cedeu por fim. Deu passagem para a visitante e fechou a porta logo em seguida.

- Vou chamá-la. - informou.

Observou-a entrar em um aposento e os murmúrios interromperam o silêncio do ambiente. A sua companheira de anos, a velha solidão, retornou. Sentou-se sobre a cadeira no canto da humilde sala e abriu a bolsa de couro que sempre carregava consigo, tirando dela dois papeis avulsos e uma carta amarelados e danificados pelo tempo. Sabia que a tal Diana iria demorar ou talvez nem viria, deixando-a esperando até que desistisse e fosse embora como outras já o fizeram. Desdobrou um dos papeis e traçou as linhas desenhadas com a ponta dos dedos, saudosa. Em seguida, levou a sua atenção para a carta. Qual é a profundidade do nosso ser que o poder das palavras poderia alcançar? A jovem não saberia responder. Suspirou. O único conhecimento que tinha era de que o que estava escrito nessa carta mudou para sempre a sua vida.

AÛSUB - Helene e AugustoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora