Capítulo 3 - JK ✨

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— JEON, SE EU TIVER QUE IR AÍ MAIS UMA VEZ PARA DESLIGAR ESSE DESPERTADOR, A CASA CAI! — minha tia gritava de algum canto da casa, provavelmente da cozinha.

A luz da manhã invadia o quarto, e meus olhos ardiam de sono. Acordar cedo definitivamente não era para mim. E estávamos apenas no segundo dia de aula.

Com uma meia no pé e o outro tênis desamarrado, saí correndo porta afora para pegar meu babydrive. A noite passada havia sido uma tortura. Fiquei rolando na cama, tentando adormecer, mas a ansiedade não me deixava em paz. Receber a mensagem avisando que o tutor havia sido selecionado e que começaríamos hoje antes do horário habitual me deixava um pouco fora de órbita. A verdade é que eu mal consegui fechar os olhos, e agora estava pagando o preço pelo sono perdido.

Adentrei o laboratório vazio, meu coração disparado. Caminhei até a mesa mais distante, tentando me aquietar. Escolhi a mesa no fundo da sala, algo que normalmente não faria, pois me distraio facilmente. Estar longe da professora e do quadro branco era um prato cheio para a desconcentração.

A porta rangeu, me tirando da minha aleatoriedade. Nela, estava Park Jimin. Ele entrou na sala com uma presença marcante, fechando delicadamente a porta atrás de si. Seu olhar feroz encontrou o meu, e senti um arrepio percorrer minha espinha. Caminhou com confiança, o quadril balançando suavemente, e suas botas fazendo ecoar passos decididos no chão de mármore. Quando chegou ao fundo da sala, abriu um sorriso e estendeu a mão para um cumprimento. Meu coração palpitava tão rápido que achei que tivesse levado um choque.

Definitivamente, havia uma aura em sua volta, e a grandiosidade de sua confiança era hipnotizante. Ele era absolutamente absoluto.

E seus olhos... eles pareciam meia luas quando sorria.

— Jeon? — perguntou sutilmente, quando percebeu que eu estava perdido em devaneios.

— Ah, prazer — respondi, assustado. — Desculpe, acordar cedo mexe um pouco com meus sentidos.

— Tudo bem. Bom, eu sou Park Jimin, e estamos no mesmo ano. Serei seu tutor neste semestre, ok? — comentou lentamente, como se eu tivesse algum problema mental.

Assenti e rapidamente abaixei para procurar meu livro na mochila, tentando esconder o nervosismo. Enquanto mexia nas coisas, reparei de relance no tornozelo esquerdo de Park: havia uma tornozeleira dourada. Não parecia ser de um material valioso, mas tinha um aspecto antigo e carregado de história. Era um detalhe curioso e intrigante, que contrastava com sua aparência moderna e confiante. Fiquei me perguntando qual seria a história por trás daquele acessório.

— Não sei o que a Sra. Ramirez te passou, mas minha dificuldade em química é um pouco grande. Acho que é a voz dela que me faz desligar nas aulas — disse, tentando quebrar o gelo entre nós com um sorriso meio sem graça. Minha tentativa de parecer descontraído soava forçada até para mim.

— Não sabia que para ensinar química precisava ter uma voz especialmente para você — rebateu ele, sem ao menos olhar para mim. O tom de sua voz era frio e cortante, deixando claro que ele não estava para brincadeiras.

Enquanto ele falava, continuei observando-o. A maneira como ele se movia era graciosa, quase felina, e seu olhar parecia perfurar cada palavra que eu dizia. Ele tinha uma postura impecável, como se estivesse constantemente em alerta. A tornozeleira dourada que eu notara antes reluzia levemente sob a luz fluorescente do laboratório, um pequeno mistério em meio à tensão crescente entre nós.

Engoli em seco.

— Vamos começar com algumas ligações orgânicas, hm? Como dá para ver por esse raciocínio, você precisa de uma certa numeração para chegar a essa ramificação - disse ele, enquanto eu tentava focar na aula. Mas conforme ele falava, minha cabeça ia se distraindo com questões nada pertinentes à matéria: a bota de couro polido que ele usava, o som suave do vento batendo contra as janelas, o reflexo distorcido no mármore barato da pia. Parecia que cada pequeno detalhe do laboratório estava mais interessante do que o assunto que ele tentava ensinar. E eu não podia evitar pensar que ele parecia odiar estar ali como meu tutor.

LÓTUS (pjm+jjk)Where stories live. Discover now