Se tornando algo mais forte

920 111 35
                                    

● Tin ●

Abro a torneira e coloco no quente, até estar quase escaldante. Tiro todas as minhas roupas e entro atrás da cortina do chuveiro, observando minha pele ficar vermelha com o calor. Passando sabonete nos músculos do pescoço e do ombros, disse a mim mesmo que não estava atraído pelo Can. Mas o que digo, não condiz com o que sinto. De fato, há um misterioso campo de força entre nós, algo tão forte, que me faz querer ter ele perto de mim.

Fechei a água, saí do chuveiro e enxuguei a pele. Fico de frente para o espelho e passo a mão sobre o vidro esfumado pelo vapor da água quente, encarando minha imagem, frustrado. Será que ele me acha patético? Poderia ser que ele também se sente atraído por mim? Não, de jeito algum. O máximo que deve sentir, é pena. E eu estou confundindo o que sinto, por que estou em dívida com ele, por ter salvo a minha vida.

Quando o trouxe para sua casa, minha intenção era lhe oferecer dinheiro por ter me salvo, e depois nunca mais vê-lo. Mas quando ele me pediu que ficasse em sua casa, eu fiquei sem reação, aquilo me desarmou. Maldição! Talvez eu só esteja sendo egoísta, querendo prolongar o sentimento bom, o conforto e a paz que seu abraço me trás. Querendo me agarrar à algo ou alguém que faça eu me sentir melhor. Eu não sei mais de nada.

— Aí meu Deus!

— Can? — Olho para a porta do banheiro e vejo Can parado, de olhos arregalados, em choque. Esqueci de trancar a porta e estou nu. Embora ambos sejamos homens, me sinto de alguma forma constrangido, então não mexo um músculo. Apenas continuo olhando para ele, sem saber o que fazer.

— Eu...eu...me desculpe. Eu não fazia ideia. — Can está vermelho, falando uma palavra, depois dando uma longa pausa para falar a outra, em modo robótico. 

— Não precisa se desculpar. Não é nada demais. Vai ficar aí parado me olhando?

— Eu...não. — Ele vira a cabeça para o lado atordoado, e aproveito para pegar a toalha e enrolar na cintura. — Você está bem, Can?

— Estou. Com licença, Tin. — Ele diz sem em olhar nos olhos e depois saí do banheiro, fechando a porta.

● Can

— Droga! Que situação embaraçosa. — Eu sou idiota por acaso? Como fui abrir a porta daquele jeito? Sacudo a cabeça para afastar a imagem que se formava em minha mente, cada vez mais nítida dele nu. Espera um pouco, por que eu estou tão constrangido e pensativo sobre isso, se somos dois homens? Deveria ser algo normal, afinal somos iguais.

Mas só que o corpo do Tin é diferente do meu. Aí meu Deus, estou louco! Não era para ser assim, eu não devia nem estar reparando nele. O que há comigo? Estou confuso e frustrado. Nesse momento Tin aparece no quarto vestindo apenas sua calça de ontem, que pendia bem abaixo da linha da cintura. Bastou uma olhada para eu perceber que o Tin deve passar muitas horas correndo ou ele pratica algum tipo de esporte. Não é possível ter um corpo tão bonito e definido sem suor e exercícios ou é?

— Então, vamos almoçar juntos?

— É, sim. Só me dê uma meia hora. Estava esperando você sair do banheiro. — De repente, Tin para na minha frente, se abaixando e se curvando na minha direção, nossas bocas ficando perto, muito perto. Meu coração começou a bater mais rápido e a proximidade entre eu e ele, começou a me deixar agitado e inseguro. Meus pensamentos se dissolveram, e de um momento para outro, surgiu um outro pensamento em minha mente. Eu queria beijá-lo. Agora, nesse exato momento. E eu queria que ele me beijasse. — Tin, o que está fazendo?

— Você está sentado em cima da minha camisa.

— Ahhh tá, é isso?

— O que você achou que eu ia fazer?

A little pain, a little love [PAUSADA]Where stories live. Discover now