Capítulo 6

713 89 19
                                    

Helena levantou da banheira procurando imediatamente uma toalha. Desde que seus pais a deixaram na universidade, ela só "falou" com eles uma única vez; assim que voltou de Porto Rico com Maria, sua filha adotiva e que era sua verdadeira adoração. Contou de sua filha por uma única carta de um endereço antigo, desde então, eles sabiam somente o número de sua casa mas Helena não voltara a falar com eles. Raras vezes com sua mãe.

- O que disse a eles?

- Que daria o recado. Mãe, acho que tem que ir. — Maria disse seguindo sua mãe enquanto se vestia. — Eu não conheço meus avós, mãe, eles estão vivos.

- Liga de volta. Avisa que em três dias chegamos. Vamos na sexta-feira mas você volta no domingo pela manhã. Reserva os vôos. — Apesar das circunstâncias, Maria não escondeu o entusiasmo de saber que finalmente viajaria para o lugar que foi da infância de sua mãe, não sabia quase nada dela, Helena não falava e sua filha respeitava seu silêncio.

-

- Não acredito que estejam aqui outra vez! — Lígia disse abraçando a filha.

- É seu aniversário, eu sempre venho, mãe. — Estela disse de um jeito mais contido. Em nada lembrava a adolescente entusiasta e afetuosa que era. 

- E teu esposo?

- Insistiu em me acompanhar nessa viagem mas volta logo, bobagem, eu sempre venho sozinha.

- Ele te adora, minha filha. — Sua mãe disse e Estela lhe respondeu com um meio sorriso. — Lisa! Minha neta favorita! — Lígia abraçou a neta.
— Esqueci de dizer que esse ano virá Rodrigo, espero que não se importe.

Estela olhou para a sua mãe mas nada disse. Subiu deixando a filha e o esposo na companhia de Lígia, sabia que a qualquer momento chegaria seu pai com seu irmão e ela o evitava. Entrou no quarto sentindo uma enorme nostalgia, com tão só ouvir o nome de seu irmão, Estela lembrou da última vez que de verdade conversaram. Lembrou que por culpa dele jamais pôde voltar a ver Helena, aquilo doía, mesmo que de forma silenciosa nela.

-

Depois de resolver todos os seus dias que ficaria fora do hospital, Helena encontrou seu amigo, Fabiano, pelos corredores.

- Então já vão hoje?

- Sim, daqui a pouco. — Falou séria.

- Fique calma, verá que é mais forte do que pensa. — Ele disse tocando em seu braço e logo abraçando-a. — Acho que mais alguém quer falar com você. — Ele apontou para Mariana que observava de longe. Helena sorriu provocando-o e logo saiu a encontro dela na sala de arquivos.

- Vou sentir sua falta. — Mariana falou antes de beija-la em sua boca. — Tem mesmo que ir?

- Tenho sim. E por favor, se divirta na minha ausência, saia, namore, trabalhe menos. — Helena falava e Mariana mesmo séria, sabia que ela diria isso, não era a primeira vez. Tentando parecer menos fria, Helena abraçou a Mariana por sua cintura encostando-a na porta.

- Não gosto quando me pede isso. — Helena a beijava várias vezes vendo Mariana parecer render-se a ela, como sempre era. Mariana segurava seus braços com certa firmeza e Helena sorriu beijando seu pescoço.  — Por que faz isso?  

- Porque não gosto de brigas.  — Ela deu outro beijo nos lábios dela e afastou-se.  — Não faça mais coisas desse tipo, Mariana. Não me cobre.

- Então não me peça pra namorar quando o que eu quero é...  — Helena olhou séria para ela e Mariana resolveu não continuar.  — Faça boa viagem, Helena. 

Com amor, HelenaWhere stories live. Discover now