59 - Dragonborn (✓)

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"Você saberá, você saberá da vinda do dragonborn. E os mais ferozes inimigos fugirão ao ouvir teu grito triunfoso. Dragonborn, por tua bênção oramos!"

Malukah, música "The dragonborn comes"

***

Daenerys estivera tão doente que mal havia notado os sinais, mas agora podia ver que eles sempre estiveram ali. Os enjoos e vertigens não eram totalmente produzidos pelas feridas em seu corpo e pelo frio em sua alma, mas também eram um aviso de que algo estava crescendo dentro dela.

Mas Dany nunca se permitiria cogitar algo assim. Quando soube da existência de Meistre Aemon, sua solidão gritou muito alto. Havia perdido seu último familiar antes mesmo de conhecê-lo. Foi como um faminto a quem mostraram um banquete e não o deixaram comer. Por isso, reforçou em si a ideia de que era a última Targaryen e que nunca mais haveria outro de seu sangue. Ela seria sempre a que vagaria sozinha pelo mundo, a que levaria para o túmulo o nome de sua casa.

Mas o que estava acontecendo agora? Dany baixou os olhos e colocou a mão sobre o peito. Seu coração batia forte.

— Tem outro coração dentro de mim? — Ela tentou imaginar uma criança de sua carne, um novo Targaryen, a esperança de sua casa, e então voltou a olhar para Jon, assombrada. Ele havia lhe dado isso?

De repente ela não o viu mais. Sua mente vagava. Pensava em Rhaego, o menino valente com que sonhou um dia e que lhe fora arrancado. Como havia escapado da maldição de Mirri Maz Duur?

"— Apenas um Dragão pode dar vida a outro Dragão." — Vozes estranhas sussurraram em sua mente " — A mistura do sangue valiriano produz magia."

— Dany... — A voz de Jon parecia chamar de muito longe — Está me ouvindo?

Ela fez que sim, mas não olhou diretamente para ele. Mais parecia estar olhando através dele. A casa de porta vermelha se materializou como em um sonho.

— Pensei que me sentiria em casa ao chegar a Pedra do Dragão. — A voz dela se confundia entre a dor e a esperança — Mas só encontrei um grande castelo gelado. As vozes dos Targaryens mortos estavam caladas. Minha casa havia morrido, Jon. Minha família havia acabado.

— Mas não acabou, Dany.

Ela sorriu e apertou as mãos dele que estavam sobre seu colo, fitando finalmente o lobo sombrio e protetor que havia nos olhos dele.

— Não, Jon, não acabou. Um homem do Norte, cercado de sombras frias, parece estar devolvendo a minha casa. Um homem renascido da morte, com cicatrizes de uma estranha batalha, está fazendo o impossível... E eu não sei o que dizer a ele agora.

Jon também sorriu, mas com piedosa ternura. Não teria coragem de lhe contar que Bran pensava que, pelo que dizia a profecia, talvez a criança não vivesse. Ela não precisava dessa dor e ele também não. Precisava acreditar que seu irmão estava errado.

— Não conheço ninguém melhor para ocupar o Trono de Ferro do que você, Dany, mas creio que deseja mais do que um palácio vazio.

Ela engoliu o nó da garganta e pareceu orgulhosa de novo. Lembrou-se da voz de Daario lhe dizendo "você não será feliz como Rainha". Teve medo de que Jon também estivesse querendo podá-la.

— O que acha que eu desejo, Jon?

Ele olhou o fogo em seus olhos e a resposta estava nele.

— Seu lar.

***

Não havia como saber se era dia ou noite. Não era possível contar o tempo na escuridão em que estavam imersos. Todos ficavam muito mais cansados e despertavam sempre em busca da claridade que não viria. O céu era sempre negro e o frio sempre cortante.

Jon e Daenerys desceram para o salão e encontraram Bran e Sansa esperando pelos dois. Seus rostos estavam tensos. Ninguém mais teria paz enquanto o dia não voltasse a nascer naquelas terras.

— Os seus navios continuam evacuando as pessoas? — Perguntou Sansa à Daenerys.

— Um grupo de imaculados permanece em Porto Branco, levando todos os cidadãos para as ilhas próximas.

— Ainda há muitas pessoas nos vilarejos.

— Alguns não acreditaram nos avisos, Sansa. — Explicou Jon.

— Mas agora acreditam. — Ela estava preocupada — Estão chegando aos montes e não sei se teremos como abrigar e alimentar a todos.

— Pedirei aos imaculados para trazerem tudo o que puderem de Pedra do Dragão. — Daenerys a tranquilizou — Vamos estudar uma maneira de alimentar as pessoas e manter tudo em ordem.

Sansa a encarou com um leve sorriso.

— Já era hora de você voltar.

Bran olhou de uma para a outra e o desprazer da cena tomou sua mente.

— Esse não é o nosso maior problema. — Ele conseguiu a atenção de todos assim que abriu a boca — Os mortos que vocês abateram foram apenas uma distração.

Jon sentiu um frio na espinha.

— Onde está o Rei da Noite?

— Está rumando para o sul. Todos os Sete Reinos serão tomados pela escuridão.

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Nota: Pretendo trabalhar os sentimentos do Jon em um sentido oposto ao da série. Enquanto o laço de sangue fez com que se separasse da Dany na série, aqui na fanfic eu vou fazer com que acabe envolvendo ele como em uma teia de aranha. Começamos pelo fato de ele ter se casado com ela, de ser um Rei agora e de estar prestes a ser pai de uma criança Targaryen. Vê a diferença? Não é apenas um "namorico" como na série, aqui os laços são bem mais fortes e difíceis de serem rompidos. O conflito que ele vai ter é muito mais com relação à identidade que carrega e às coisas que ele precisará matar dentro dele.

Final alternativo para GOT (concluída)Where stories live. Discover now