100 - A Grande Guerra - ato X (✓)

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"A morte dobra todos os joelhos."

Stechitti

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O mar furioso formou uma onda de cem metros de altura que invadiu as pequenas ilhas da costa de Westeros, afogando centenas de homens, mulheres e crianças de cidades e vilarejos. Os terremotos causaram grandes rasgos na terra, engolindo casas e templos. Em Porto Real e nas áreas próximas, os terrenos começaram a rachar, ruir e criar enormes crateras.

Todos que estavam vivendo aquilo, lembraram-se da Perdição de Valyria, de quando algo ocorreu nas quatorze chamas e derrubou aquele grande império. Uma situação quase parecida estava ocorrendo com boa parte da costa de Westeros naquele momento. Não era apenas uma guerra entre os humanos e as criaturas da noite. Uma luta sobrenatural ocorria entre o Deus da Luz e o Deus da Morte e era isso que causava toda aquela catástrofe na terra.

Mesmo voando nas alturas, Daenerys não conseguia ver toda a destruição que se alastrava, sobretudo pela escuridão que tomava os céus e pela nevasca que embaçava sua visão. Tudo que ela conseguia ter noção era das trombas d'água ao longe quebrando e afundando os navios, bem como da ventania arrancando árvores, telhados e janelas. Até mesmo se manter segura sobre os o lombo do dragão nunca havia sido tão difícil.

Diferente de Winterfell, ali Daenerys não via saída para salvar Porto Real. Os mortos e os vivos se misturavam e era impossível atacar sem causar mortes inocentes. Por isso, ela fez uma última tentativa para salvar o povo, fazendo os dragões voarem sobre os muros da capital, arrebentando tudo para que as pessoas pudessem fugir. Foi como quebrar um formigueiro, pois instantaneamente ela viu os cidadãos como milhares de pontinhos negros se alastrando pelas estradas noturnas, se salvando da morte.

— Vão... — Sussurrou ela — Corram para longe daqui...

***

Em meio aos desabamentos e ao tremor de terra, Arya avançava com Nymeria e os demais lobos gigantes, desviando das crateras que se abriam no chão. Seu corpo estava gelado da neve que caía e seus pulmões mal conseguiam puxar o ar, de tão pesado e repleto de fumaça. Mas ela insistia em correr para as ruínas da Fortaleza, sabendo que Jon havia ido para lá. 

Gendry lutava ao longe e ela sentia medo por ele, mas dizia a si mesma que o encontraria ao final de tudo, da mesma forma que havia encontrado ao fim da batalha em Winterfell.

— À frente, Nymeria!

Ela atravessou o centro da destruída capital, entre pessoas mortas e casas engolidas pelos enormes buracos no chão. Aquela parte do mundo parecia prestes a deixar de existir. Ela lutou com os mortos até se ver entre uma legião de vagantes brancos, com suas espadas de gelo e suas armaduras translúcidas. 

A matilha partiu sobre os vagantes e Arya lutou com todas as forças, sentindo que aqueles seres da noite nunca haviam sido tão habilidosos. Seu rosto estava tenso, exausto e feroz. Ela sentia a garganta seca e o frio doer cada osso de seu corpo. Então mais vagantes surgiram, se tornando centenas. Ela nunca tinha visto tantos. Eles fizeram uma roda em volta dela e dos lobos, deixando-os acuados.

— Senhora da morte... — Um sussurro passou em seus ouvidos e ela começou a ter uma estranha ilusão. As imagens ficaram trêmulas diante de seus olhos. Um por um, os vagantes brancos foram se transformando em homens sem rosto. Todos usavam capas pretas e brancas e suas faces eram vazias, sem olhos, narizes ou bocas. Uma visão horrenda e desesperadora.

— Senhora da morte... — As cabeças sem rosto repetiam e, pela primeira vez na vida, Arya sentiu-se completamente apavorada. Aquilo não era uma ilusão.

Final alternativo para GOT (concluída)Where stories live. Discover now