95 - A família de um homem (✓)

826 104 29
                                    

"Há uma besta em cada homem, e ela desperta quando você põe uma espada na sua mão"

Jorah Mormont

***

Jon cavalgava em silêncio e só se ouvia sua respiração pesada à frente das tropas. Os cabelos negros e soltos estavam úmidos de neve e cobriam parcialmente sua face, mas era possível perceber seu semblante tenso e violento.

— Os inimigos estão se juntando. — Disse Verme Cinzento ao se aproximar dele, preservando um pouco da desconfiança que ainda sentia de Jon — Há dezenas de famílias sulistas vindo para a Campina, grandes e pequenas, mas que juntas são poderosas.

Jon não respondeu por um momento, mas então parou seu cavalo. Todos os homens também pararam, todos os milhares de homens que o seguiam.

— Então vamos atacar. 

— Quando?

— Agora. — A voz dele soava firme e enraivecida — Quero ver joelhos no chão para a Rainha ou mais pescoços serão beijados por minha espada.

Verme Cinzento fez um sinal positivo com a cabeça, satisfeito com o que ouvia. Ele então fez os imaculados e dothrakis se dividirem e armarem cercos nas principais estradas. Muitos lordes, com suas esposas e filhos, se ajoelharam diante de Jon, jurando sua lealdade à casa Targaryen, mas outros preferiram a morte e Jon não exitou em decepar suas cabeças com Garralonga. Eles invadiram todos os territórios inimigos possíveis até que apenas o castelo da família Tarly sobrou.

— Quando atacaremos meu pai?  — Perguntou Sam.

— Depois que as tropas descansarem um pouco. — Jon observou o amigo — Você está pronto para isso?

Sam respirou fundo.

— Nenhum homem está pronto para matar o próprio pai.

***

Jon estava deitado dentro da pequena barraca, ouvindo os sons dos galhos das árvores que balançavam com os ventos do inverno. Apenas os exércitos do Norte estavam no acampamento, pois os imaculados e dothrakis seguiam para outras terras. Separar os exércitos os deixava mais vulneráveis, mas estava tornando tudo muito mais rápido.

Enquanto Fantasma caçava noite à fora, Jon não conseguia dormir e se distraía do frio da Noite se lembrando do calor do corpo de Dany contra o seu. Há várias luas não a via, mas as lembranças pareciam a cada dia mais vívidas. Lembrava-se de sua voz meiga e maliciosa ao ouvido nas primeiras noites em Winterfell, da forma como sorria quando ele roubava um beijo quando estava sonolenta, e de como quase se assustava quando, nessa brincadeira de provocações, ele escorregava a mão entre suas pernas e acariciava sua carne úmida.

Jon também se lembrava dos dias tristes e até neles havia beleza. Era quando a esposa tomava-lhe o braço e dizia que nunca sairia do seu lado. Mesmo tendo experimentado tanta crueldade, havia sempre aconchego nos olhos de Dany e doçura em suas palavras.

— Meu amado Rei... — Jon se lembrou da voz amorosa de Daenerys naquele dia, do hálito doce e quente em seu rosto e dos dedos deslizando com suavidade por sua barba — Sabe que eu serei o seu pecado? A mancha em sua honra? O sangue em suas mãos?

Jon havia jurado sua lealdade à ela, à criança que trariam ao mundo e à casa Targaryen. Essa era sua honra e não temia cumprir sua palavra, não importava quanto sangue precisasse derramar. Ele faria tudo por ela, absolutamente tudo, pois entendia que a família de um homem deveria ser sempre a sua vida.

Final alternativo para GOT (concluída)Where stories live. Discover now