Capítulo 74 (02/05)

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Perdoem os erros.

(Versão Álvaro parte II)
Horas Antes.

— O século era XI eu vivia nos arredores de uma floresta na zona oeste da Escócia. O ano era 1001, foi uma época muito difícil para mim. Eu era um ser incontrolável, ansiava pela guerra ainda não havia encontrado os meus irmãos, nem muito menos o meu cálice. Era um homem sozinho, tolo e selvagem. Todos me chamavam de aberração.

1 de janeiro 1001, Escócia

Correr é o primeiro instinto que todos nós temos quando nos sentimos em perigo ou ameaçados. Um sentimento de extasse, uma adrenalina sagaz que nos preenche até a nossa alma. Saber que que não iria acordar mais para vê o amanhecer era terrívelmente pavoroso.

A florestas era a mesma, todo o caminho já havia sido traçado pela fera do bosque. Ele sabia de cada centímetro, cada caverna e buraco daquele lugar, em seu cérebro já havia construído mapas, havia obtido esconderijos perfeitos em diversos lugares sobre as montanhas onde jamais poderia ser penetradas.

O território escocês era ótimo! Além de muito bem desenvolvido, era frio e acolhedor. Um ótimo lugar para um homem rude e sozinho morar. Sua sede por sangue estava cada vez pior, ele sentia as suas entranhas o rasgando por dentro como se estivesse pronto para abocanha-lo, dobrando mais uma esquina de árvores cheias e robustas a noite agia a favor do pecador, enquanto os caçadores precisavam de tochas e armas para caça-los, Álvaro obtinha apenas o seu lado animal presunçoso. Ele não se orgulhava em possuir aquilo, ele havia se tornado um homem estranho depois que o pecado o atingiu, os seus irmãos haviam partido crente de que ele já estava morto a cicatriz do seu rosto não o deixava negar, era para ele realmente estar morto.

Correndo até o alto de uma montanha, o pecador repousou ali. Os homens que o caçava iria muito além, eles jamais imaginariam que ele pudesse estar tão perto. O vento levava o seu cheiro para o Sul, os cães que os caçadores carregavam consigo estavam confusos não conseguiam identifica-lo com clareza. Erguendo um pequeno sorriso sobre o canto dos lábios, Álvaro esperou. Logo eles iriam se cansar e quando aquilo acontecesse ele iria matar a todos, excerto uma.

Um cheiro doce feito mel impregnou a sua narina, o tornando um novo viciado. Ele podia ouvir as batidas do seu coração, o sussurro saindo dos seus lábios, o som das sua botas batendo sobre o chão de barro. O mesmo sentimento de medo e pavor corria sobre as veias de alguém que estava junto ao homens naquela floresta.

Álvaro inclinou a sua cabeça ainda mais para frente. Ele conseguia ouvir a moça, os sentimentos dela estava o abraçando feito imã. Ele podia sentir a essência dela, a mulher era uma pecadora de luz ainda humana. Um rosnando saiu da garganta do pecador que ao notar a chance que tinha em mãos não exitou em pular.

Iria salva-la, ela seria sua.

— Então você os matou? Matou todos eles para salvar a ma... Me desculpe! Para salvar Arebella? — Álvaro deu de ombros. — Pode chama-la de mãe, se achar que deve. Uma pena que ela nunca teve a oportunidade em te chamar de filho. Tenho certeza que ela faria de tudo para estar em meu lugar, vendo o quanto você se parece conosco. E sim, eu os esmaguei feito insetos, aqueles malditos escoceses a tiraram de mim da pior forma que se possar tirar o coração de um homem.

Álvaro estava sendo sincero, olhar os olhos de Gael o fazia lembrar de quem ele era. Os olhos do detetive eram tão inocentes e obscuros quanto os dele naquela época. Olhar o seu filho depois de dois séculos era a mesma coisa de olhar para um espelho e observar o seu passado, era doloroso demais. Álvaro puxou do seu casaco mais um cigarro.

— Sente a falta dela?

— As vezes! Hoje não sinto tanto. Afinal, já se passaram duas décadas. Além do mais sou um homem, me acostumo fácil com o que tenho.

Mesmo não o observando fixamente, Álvaro notou o incômodo do seu filho, ele era igual a mãe. Obsevando as árvores a sua frente, Álvaro se perguntava como um garoto do passado podia atormenta-lo tanto no futuro. Porquê seu filho reencarnou? Porque o Criador o devolveu depois de tanto tempo?

— Mais conte-me mais sobre esse cálice. O que ele é? — O olhar o detetive se fixou nos dele mais uma vez. Por Deus! Eles eram tão parecidos. — Uma criação de merda do seu avô para acabar conosco. — o detetive arqueou sua sobrancelha. — Avô?

— Sim, você tem um avô. Ele é um deus rabugento e infeliz, acredite não vai querer conhece-lo. Nos o chamamos de Criador, e ele com toda a sua bondade e misericórdia criou mulheres específicas para nós pecadores, elas são como nossa outra metade ou como vocês humanos chamam elas são nossas almas gêmeas. O amor delas nos acaricia feito plumas, é um sentimento de merda.

Álvaro tomou mais uma tragada para os seus pulmões, a fumaça o preencheu por alguns segundos e logo depois ele o colocou pra fora.

— Diz isso porque à perdeu? — Álvaro grunhiu. Ele ainda não havia superado, a dor de ver aqueles lindos olhos tão brilhantes e vividos morrendo aos poucos era de se partir o seu coração ao meio, ele ainda podia ouvir os gritos de socorro da sua mulher enquanto ele estava preso daquela maldita jaula indefeso e imponente. — Ela era linda. Tão linda! Tinha os olhos azuis feito o céu e os seus cabelos... — ele sorriu ao se recordar do rosto da sua prometida. — Eles cheiravam a flores. Eram tão ruivo e cedosos, assim como o seu.

E por puro instinto o garoto tocou em seus próprios cabelos, parecia fascinado em saber que se parecia com a sua mãe do passado. Ele sorriu.

— Seus cabelos também são ruivos?- perguntou o garoto em um tom animado. Álvaro gargalhou. — Oh! Não. Definitivamente não, tenho cabelos tão negros quanto a noite, não permito que o cresça pois me faz lembrar de um passado que no momento só quero esquecer.

— Sim, sei o que é isso. Também possuo um passado, sou um homem tão desgraçado quanto você.

— Você não é um maníaco.

— Talvez, não sei. Em minhas veias correr o sangue do pior assassino do mundo, o que acha que eu sou?

Álvaro se ergueu, suas botas de combate bateram sobre a madeira da pilastra com força. Ele precisava ir!

— Você é quem escolhe ser, Gael. Em suas veias há sangue de pecador, mais também corre sangue humano. Escolha quem você quer ser e depois que decidir venha até mim.

O detetive ergueu os seus olhos rapidamente, neles Álvaro só podia ver surpresa.

— O que quer dizer? — Álvaro deu mais uma tragada para dentro do seu corpo. Ele precisava de um tempo. — Quero dizer que se decidir ser um pecador, irei treina-lo. Nesse mundo em que está prestes a entrar ele não é doce e gentil como em seu mundo. Aqui nós matamos, acabamos com quem entrar em nosso caminho e destroçamos quem ousar mexer com a nossa família. Não há leis, nem protocolos apenas mortes.

— Você acha que eu conseguiria viver como você? Matando pessoas sem ao menos se importar com elas? Eu não sou assim, cara.

Um sorriso cruel curvou sobre os lábios de Álvaro.

— Sim, você é. Apenas não descobriu ainda, você é o meu filho Gael é tão monstruoso quanto eu sou. — Jogando o restante do cigarro pelo chão, Álvaro pisou sobre ele apagando o rastro de fogo rapidamente. — Estarei aqui amanhã no mesmo horário, e espero que venha com a sua resposta.

O pecador estava prestes a partir quando a voz do seu filho o fez parar. Ele sentia estar perdendo o controle.

— E se eu disser não? — Álvaro se inclinou levemente em sua direção. Ele sentia o gosto amargo na boca. — Então farei o possível para evitar que o que aconteceu com a sua mãe, não recaia sobre você novamente.

E então ele partiu! Sem deixar rastros ou vestígios, abrindo um pequeno portal ele deslizou para dentro deixando para trás o seu filho e o passado que lhe causava tanta dor.

CORROMPIDOWhere stories live. Discover now