Capítulo 35

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Amizades

Anna

Assim como o céu pode se dividir entre tempestuoso e ensolarado, a vida pode se dividir entre lágrimas e sorrisos. Assim como vemos a lua e o sol no céu ao mesmo tempo, podemos sorrir enquanto choramos. Provando, então, que a vida é um paradoxo constante.

Minha vida estava como um céu tempestuoso, no qual o sol lutava para brilhar em meio as nuvens densas e cinzas.

Eu queria ser o meu próprio sol, brilhar por conta própria e correr atrás da minha felicidade. Porém, as minhas pernas estavam congeladas, fixas em um mar de gelo. Mesmo lutando para permanecer quente e luminosa, o frio subia pela minha coluna, congelando-me por inteira.

Guilherme era a minha fonte de calor. Nós éramos como o sol e a lua, ele me esquentava e iluminava e eu precisava dele para brilhar.

Mas eu não podia mais depender dele. Ele podia ser o sol, mas nada impedia que eu fosse uma pequena estrela cadente, vagando pelo espaço, trilhando meu caminho. Eu poderia amá-lo sem colocar nele a obrigação de me fazer feliz. Seria egoísta da minha parte criar expectativas para ele suprir.

— Por que está tão pensativa? — Gui questionou, interrompendo a minha linha de raciocínio.

— Verdade, o que aconteceu? — Henri perguntou ao se aproximar.

— Você e Christian estão juntos há quanto tempo? — Perguntei, ainda encarando o gramado verde e úmido.

Eu odiava educação física, odiava ainda mais fazer educação física no frio. Como não tinha escolha, lá estava eu, esperando o professor e suas ordens.

— Nos encontramos no dia dos testes para o time. — Ele falou sem me olhar.

— Isso já tem semanas, Henrique. — Falei zangada. — Não pensou em me contar?

— Você estava ocupada com os seus dramas particulares e Francis. — Ele cuspiu as palavras.

Revirei os olhos. Eu estive bastante ocupada colocando meus sentimentos em ordem, mas nada impedia que ele mandasse uma mensagem ou algo do tipo. Eu contava absolutamente tudo para ele. Pelo menos, eu tentava.

— E vocês? — Apontei com a cabeça para Rayssa e Mariana. — Quando pretendem me falar?

Todos olharam para mim com ar dúvida. Naquele momento, percebi que eu não era a única que não sabia do relacionamento de minha irmã e Rayssa. A primeira a entender o assunto foi Michele, ela sacava bem rápido os assuntos.

— O que? — Ela olhou de cara feia para as amigas. — Vocês estão juntas?

Mariana me olhou de cara feia e eu arqueei a sobrancelha direita, ainda questionando a omissão das duas. Rayssa abriu a boca para falar algo, mas logo se calou. Parecia não ter encontrado as palavras certas para usar.

O único que não parecia nada surpreso com o assunto era Guilherme.

— Eu falei para ela falar logo. — Ele falou em defesa própria.

— Eu não sou o único gay do bonde? — Henri comentou todo entusiasmado.

— Por que vocês mentiram para mim? — Michele falou com um olhar crítico, capaz de incendiar alguém.

— Nós não mentimos. — Rayssa tentou acalmar a amiga.

— Omitir não é muito diferente. — Michele cuspiu as palavras, indignada. — O que vocês acharam? Que eu ia ser contra? Vocês são as minhas melhores amigas, eu nunca criticaria o amor de vocês.

O Amor dos Meus SonhosWhere stories live. Discover now