1. O herói disfarçado e o policial esquentadinho

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A vida de policial não era algo muito fácil e previsível. Nunca se sabe quando você vai sair de casa e ter que simplesmente multar alguns carros, ou então vai participar de uma perseguição a mão armada. Sua mente, corpo e emocional sempre precisam estar preparados para o que der e vier. Você sai de casa sabendo que pode lidar com mortes e acidentes.

E, mesmo com tudo isso, eu havia escolhido essa profissão para seguir. Não tinha nenhuma história emocionante que me fez escolher esse ramo ou algum motivo pessoal de vingança, eu simplesmente sabia que queria aquilo desde os 6 aninhos de idade. Sempre assisti a programas de investigação na televisão com meu pai, que adorava o assunto, amava filmes de ação e, toda vez que eu encontrava um policial na rua, jurava à minha omma que ela me veria daquele jeito daqui uns anos.

E, como prometido, aos vinte e seis anos, eu já era um dos policiais mais bem elogiados de Seul.

Ao longo desse tempo, passei por muitas dificuldades. Saindo do colégio, eu enfrentei a perda do meu avô, esse que eu estava brigado pelo simples fato de que ele não aceitava minha orientação sexual. Sempre fomos extremamente apegados desde quando eu era criança, sentia confiança para contar a ele que eu era homossexual, pois achava que ele me aceitaria, porém não foi bem assim, eu tive que ouvir palavras duras, tive que ouvir que havia me tornado sua maior decepção e que ele nunca esperava que eu o machucaria tanto. Decidiu, então, que não queria mais me ver até que eu tomasse o rumo "correto" e, com raiva daquilo, eu apenas aceitei. Ao passo de dois meses, minha mãe me ligou dizendo que ele sofreu uma parada cardíaca e acabou por não aguentar. Não sabia dizer se sofri mais por tê-lo perdido sem dizer uma última vez que o amava, talvez fosse.

Depois do acontecimento, entrei em uma crise, não estava conseguindo lidar com a perda do meu avô e me contestava se eu realmente tinha a capacidade de me tornar um policial. Quer dizer, uma das coisas mais importantes é saber lidar com a morte e eu não estava conseguindo. Era uma vida de perigo, você estaria a mercê de tudo.

Por um tempo, eu desisti dessa vocação e passei a estudar na faculdade de Busan, começando a cursar criminologia. Se fosse avaliar isso agora, sem dúvidas foi um mal momentâneo na época, mas, hoje em dia, foi a melhor coisa que eu fiz. Estudar Ciências Criminais foi algo que abriu meus horizontes, absolutamente tudo me intrigava e eu fiz todos os anos com um prazer gigante. Estudei um pouco de tudo ali: Psicologia, Direito, Ciências Humanas e Sociais, Ciências Biomédicas, estudos comportamentais e psíquicos, Ciência Forense. Me formei como um dos melhores da turma, só perdendo para o meu melhor amigo, Park ChanYeol. Nos conhecemos na faculdade e garanto que ele foi um dos principais responsáveis por ter feito eu sair da fossa que estava. Começamos a trabalhar em Busan, mesmo ele sendo de Daegu. Ambos atuávamos em delegacias como peritos em criminalística, era bom resolver os casos, investigar cenas de crime, suspeitos, os motivos que levaram tais indivíduos a fazer aquelas atrocidades. Contudo, sabe quando você percebe que falta algo? Falta ação?

Uma das minhas qualidades/defeitos era que eu odiava a monotonia. Odiava ficar parado, estável. Eu gostava de emoção, de ação, de sentir as emoções ao extremo, gostava de novidade. E isso não era somente para o lado profissional, com relacionamentos amorosos era a mesma coisa, se tudo ficasse sem graça, eu já terminava.

E foi essa falta de sossego, ou muito fogo no rabo como Chany falava, que eu me inscrevi para o teste da Polícia Civil de Seul e, óbvio, fiz Chany se inscrever para a área de criminalidade. Como ambos já trabalhávamos na área e tínhamos um bom reconhecimento, não foi muito difícil sermos aprovados. Precisei de 6 meses de treinamento para conseguir, enfim, ir para a rua.

E era o que eu realmente amava fazer, não tinha dúvidas. Cada dia era algo diferente, minha cabeça vivia lotada de casos, meu corpo sempre em adrenalina, sempre em movimento. Estava tudo perfeito até surgir o tal Super JK, um pirralho que, só por ter poderes, achava que poderia meter o narigão em tudo. Sim, vivíamos em uma sociedade que existia os super-heróis com super poderes e o caralho a quatro, e eu tinha aversão a eles. Por quê? Bom, primeiro que eles se achavam os donos de tudo, grandes mimados de merda! Tratavam a polícia como bestas idiotas e achavam que podiam fazer tudo sozinhos.

As (des)vantagens de namorar um heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora