19_Uma vibe mais presidiário e afins.

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~ Leiam as notas! S2

Sydney

De todas as maneiras que eu pensei que esse dia acabaria, essa foi a única que não passou pela minha cabeça. Eu nunca pensei que aquela tarde de orações e purificações acabaria comigo dentro de um carro com um Damon desesperado e a dona Leonor dirigindo bêbada e em alta velocidade. Ela não era evangélica, não era?

Bom, mas era isso. Eu estava completamente desesperada, querendo com todas as minhas forças sair daquele carro desgovernado, e o Damon não estava diferente. Ele estava a cada cinco segundos soltando gritinhos nada másculos e orando em sete línguas diferentes.

— SAI DA FRENTE, CARALHO! — chocada, olho na direção de dona Leonor que sorria diabolicamente enquanto desvia de um cara, quase capotando o nosso carro.

— Vovó, a senhora vai matar a gente, eu sou muito jovem e lindo pra morrer, ainda tenho que fazer muita coisa, tenho que casar com a Sydney, não tira esse sonho de mim, para esse carro agora! Ai senhor, eu vou ter um ataque! — Damon grita desesperado com a mão no coração.

— A gente não vai casar, Damon, pode tirar o cavalinho da chuva! — grito de volta, me segurando no banco do carro quando dona Leonor enrola em uma esquina.

— Você vai sim, deixa de graça. Tá na cara que você quer dar pro meu neto! — dona Leonor tira sua atenção da estrada pra me olhar e Damon e eu nós desesperamos ainda mais quando avistamos um caminhão vindo em nossa direção.

— Vovó, o caminhão, o caminhão! — Damon puxa os cabelos com os olhos arregalados em puro pavor. Eu riria se não estivesse mais preocupada com a minha possível morte.

Como se não estivesse nem aí para o que Damon tentava dizer, Dona Leonor acelerou ainda mais o carro — como se fosse possível — e partiu pra cima do caminhão.

— Senhor, eu peço perdão por meus pecados. Eu não queria desejar o homem alheio. — junto as mãos pra firmar minha oração — Eu não tenho culpa se o Damon é gostoso, se quiser castigar alguém, castigue ele.

Damon me olha, o rosto em total indignação.

— Agora quer dizer que eu tenho que pagar pelas safadezas que tu pensa? — se defende.

— A culpa é dele, senhor. É até um pecado alguém nascer bonito desse jeito. — olho pro teto do carro, quase batendo a cabeça nele quando dona Leonor passa por um quebra mola chegando cada vez mais perto do caminhão — Sem contar que é ele que fica andando sem camisa dentro de casa, eu não tenho minuto de sossego. Toda hora ele mostrando os peitos, meu pai. É tudo culpa dessa piranha!

Antes que Damon pudesse protestar, ouvimos uma buzina, e olhamos para a estrada. Era o motorista, que não parava de de mandar dona Leonor desviar do carro, sem ter êxito algum. Ele que lute.

— DESVIA, DESVIA! — o motorista abanava mão, o medo de morrer estampado no rosto.

A velha crente de Taubaté chegava mais perto do caminhão a cada momento e quando só sobrava um metro de distração entre o motorista e a gente, ela desviou rapidamente como se não fosse nada.

— DIRIGE COM CUIDADO, SUA VELHA LOUCA! — o motorista bota a cabeça pra fora.

— VELHA LOUCA É A SUA MÃE! — ela também põe a cabeça pra fora e mostra o dedo do meio, soltando o volante — MAMA AQUI, OH, GLUB GLUB!

𝗗𝗲 𝗣𝗲𝗿𝗻𝗮𝘀 𝗣𝗿𝗼 𝗔𝗿Where stories live. Discover now