Capítulo XXXVI

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  A sala era ampla e comprida, continha o chão de mármore e as paredes tinham algumas velas. Um tapete saía da porta até o trono, que era feito de mármore e prata.

  O rei dos demônios se encontrava sentado em seu trono. Ele era um homem de meia idade, vestia uma túnica cinza com detalhes pratas, tinha um longo cabelo castanho acinzentado e uma barba da mesma cor. Um par de chifres saíam de sua cabeça.

  -- Então vocês realmente vieram - o rei disse. - Era de se esperar.

  -- O senhor e-estava esperando pela gente? - Yuki tomou coragem de perguntar.

  -- Tragam-no - o rei anunciou.

  Dois demônios entraram no salão por uma porta do lado do trono e seguravam um homem com os pulsos acorrentados.

  -- PAI! - Yuki gritou.

  -- Pai? - Winry perguntou.

  -- Yuki! - o homem gritou de volta. - O que está fazendo aqui?! Eu te avisei para ficar na vila! Ele vai te matar!

  Os colegas de Yuki assistiam tudo como se estivessem em uma partida de tênis. Seus olhos iam de Yuki para seu pai. E discutiam entre si:

  -- Ele não parece com o Yuki - Monika comentou.

  Eles concordaram.

  -- Não, apesar de estarem grisalhos, os cabelos do pai dele são castanhos e os de Yuki são pretos - Winry disse.

  Eles concordaram.

  -- E seus olhos tem cores diferentes também - Ron observou.

  Eles concordaram.

  -- Mas o nariz é igual - Winry disse levantando o indicador. - Eles não pai e filho!

  Eles concordaram.

  -- Gente! - Yuki agitou os braços.

  Todos voltaram a realidade e prestaram atenção no que estava acontecendo.

  -- Certo - o rei dos demônios disse. - Agora vocês ouvirão a minha história.

  O rei dos demônios suspirou e começou a falar.

  -- O pecado mais grave entre os demônios é se envolver com um humano. Se apaixonar por uma raça tão fraca, tão inútil como insetos é o pior pecado de todos.

  Yuki pode ouvir os dentes de Monika rangerem e viu seus punhos cerrarem, mas ela se controlou para não fazer nada.

  -- E então um dia aconteceu - ele continuou. - Uma das minhas subordinadas favoritas, minha soldada favorita do meu exército, mais forte do que muitos dos meus homens e ainda era muito bonita, ela realizou esse pecado. Ela era uma boa mulher, corajosa, era sua melhor qualidade.

  "Em uma de suas visitas ao mundo humano, ela se apaixonou por um simples humano. Escondeu essa relação de tudo e de todos, saía escondida para que ninguém a visse, e os dois de amavam. História linda não? Uma história de amor proibido.

  "Ela resolveu fugir do Reino dos Demônios na calada da noite e se casou com aquele humano, e olha só que lindo, teve um filho! Um lindo e inocente bebê! Mas temo em dizer que essa história de amor não teve um final feliz. Um "felizes para sempre" como dizem.

  "Eu não podia deixar que isso infectadas meu povo, um meio humano meio demônio. Isso nos infectados como uma doença mortal! Isso acabaria com a nossa reputação! Uma raça tão superior se misturou com os humanos! Aqueles insetos!

  "Eu não queria fazer aquilo, mas eu tive que a matar e prometi para seu amado que mataria seu filho quando completasse dezoito anos. Sim, não consegui o matar naquela hora. Ele tinha os olhos e os cabelos da mãe, e ela era minha soldada favorita.

  "O pai ficou desesperado. Se mudou para uma vila pobre, dedicou sua vida inteira pesquisando sobre seres mágicos: dragões, fadas, sereias, tudo. Procurando de forma desesperada um jeito de me deter.

  As pernas de Yuki ficaram bambas. A medida que o rei falava aquelas palavras, mais sentido fazia. Isso tudo era a história da sua vida.

  Isso explicava o porquê que seu pai sempre se interessou por esse tipo de coisa e também explicava sobre a morte de sua mãe.

  Todos perceberam isso e encaravam o garoto com uma mescla de surpresa e pena no olhar.

  -- Mas infelizmente ele não conseguiu achar algo ou alguém mais poderoso do que eu. Sabe o por quê? Porque eu sou a própria Morte! Ninguém pode comigo! Eu sou a Morte! - o rei explicou com um enorme sorriso.

  "O pai valorizava muito a vida do seu filho, então ele se entregou no seu lugar achando que adiantaria!

  O rei dos demônios deu uma risada maligna, quase sádica.

  "Mas tudo o que eu queria era o garoto, e olha que maravilha! Eu nem precisei ir atrás dele porque ele veio atrás de mim! Que mundo pequeno, não?"

  Ele acabou de contar sua história e Yuki caiu de joelhos no chão. Ele era metade demônio? Sua mãe foi assassinada pela pessoa que se encontrava na sua frente? Seu pai passou a vida inteira procurando alguma maneira de o salvar?

  Monika se ajoelhou ao ledo dele e afagou suas costas.

  -- Tá tudo bem. Não importa se você é metade demônios, nunca vai ser como ele.

  Yuki se levantou de repente, assustando um pouco a loira, que levantou logo em seguida.

  -- Você sabia não é? - ele perguntou para Ron. - Sabia que eu sou um híbrido!

  -- Sim - Ron confessou. - Mas eu não sabia do que você era, por isso que eu nunca falei nada, não queria te assustar.

  -- Yuki se acalma, por favor - Monika disse.

  O garoto respirou fundo.

  -- A gente veio aqui pra resgatar seu pai - a loira continuou. - Se ficar assim vai perder a concentração e vai ser mais difícil levar seu pai de volta pra casa.

  Yuki conseguiu se acalmar e perguntou para seu pai:

  -- Por que você nunca me disse nada?

  -- Eu queria te proteger, eu queria que você não se assustasse. Você era só um menino.

  -- Eu não sou mais um menino agora - ele disse baixinho.

  Empunhando a espada, o garoto correu em direção ao rei, com o intuito de o atacar.

  O rei o viu imóvel enquanto Yuki avançava.

  Ele levantou a espada e desferiu o golpe no demônio.

  O rei pegou a espada com dois dedos e a quebrou na metade. Com um dedo, ele encostou na testa de Yuki e o garoto foi arremessado no ar.

  -- YUKI! - Monika berrou.

Magia Mística [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now