Capítulo Especial

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Música: Soldier, Fleurie

Jeon Wonwoo foi o primeiro, e único filho, de um casal de comerciantes que vivia nas fazendas (assim era chamada uma das maiores cidades daquele Império quase isolado) ambos trabalhavam com peles e materiais de caça

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Jeon Wonwoo foi o primeiro, e único filho, de um casal de comerciantes que vivia nas fazendas (assim era chamada uma das maiores cidades daquele Império quase isolado) ambos trabalhavam com peles e materiais de caça. Dos mais finos aos mais baratos, de belas peças de couro à simples recursos. Assim eles ganhavam a vida e mantinham uma boa relação com a burguesia local.

Wonwoo era uma criança doce, andava pela cidade ajudando sua mãe e quando podia, acompanhava seu pai em algumas caçadas. Eles acharam que o Império nunca os atingiria, mantinham uma boa relação e não haviam motivos para sofrerem uma batida, no entanto um dia foi fatídico para a vida dos três.

Eles estavam cuidando da pequena tenda que possuíam na cidade, era uma noite calma, a senhora Jeon se distraiu ouvindo a história de sua vizinha que sofrera uma batida há dois dias. Quando se virou, seu filho estava sendo puxado pelo general e resistia chamando por ela. Não pôde ficar parada vendo algo assim acontecer, mas apenas recebeu chulas desculpas do homem sobre honra e dever e um tapa estalado no rosto por não se calar, a jovem mulher apenas chorou e gritou por seu filho.

Foi chocante para o pequeno Wonwoo ver sua mãe daquele jeito, mas o homem que o arrastava era mais forte e para seu azar, não tinha muita paciência. Bastou uma mera tentativa de escapar para ser acertado no rosto e então se calar com lágrimas nos olhos. Ele não entendia o porquê de tudo aquilo estar acontecendo nem como foi acontecer. E só pôde ver sua mãe encolhida nos braços de seu pai enquanto era arrastado por alguém que mal conhecia.

O general de roupas pretas o levou para o quartel, ele havia sido escolhido por um mero mal entendido. O general Ahn não conseguira crianças suficientes e precisava de apenas mais um menino para chegar em sua meta e manter sua posição. Portanto ao ver um garoto longe de sua mãe o homem não perdeu a oportunidade.

Foi a última vez que Wonwoo viu seus pais.

Assustado, cercado de pessoas que o davam medo e que não paravam de dizer o que ele tinha que fazer o pequeno Jeon não teve escolha, a não ser tentar se adaptar àquela nova vida em uma nova cidade. Portanto ele cresceu na cidade Portuária. Foi disciplinado, calado, treinado, punido e espancado por anos. Até que completou seus treze anos e foi então realocado para a Capital.

Mais uma vez o rapaz calado teve que se adaptar, agora àquela rotina dentro dos muros do Castelo. Ao menos não estava completamente sozinho, conhecera Kim Mingyu dois anos antes, quando o menino novo que estava tão assustado quanto ele mesmo lhe pediu ajuda e encontrou nele um amigo para lhe confortar em momentos difíceis.

O treinamento como noviço ali demandava muito e todas as regras daquele lugar junto à convivência com os soldados mais velhos deixou tudo pior. Wonwoo teve que treinar todos os dias, sem exceções, e se acostumar com o novo acessório irritante de seu uniforme que incomodava seu rosto. Isso sem falar no rapaz insistente que não perdia uma única chance de confronta-lo quando ficava quieto, e as vezes até mesmo quando se posicionava, os sete anos que os separavam pareciam não fazer diferença para um Mi Kwan que parecia o odiar. Mas apesar de tudo, Wonwoo sempre deu valor à tudo que acreditava ser certo, por isso era punido pelo próprio Imperador com mais frequência que seus companheiros.

Por muito tempo essa foi sua rotina, cada dia era pior que o outro, mais aterrorizante, sangrento e por muito tempo isso o assombrou. Até que completou seus anos de treinamento obrigatório junto de seus dezoito anos de idade e ganhou seu uniforme azul. E então, suas amarras foram afrouxadas, mesmo que minimamente.

E novamente ele foi realocado.
Dessa vez para uma cidade em ascensão, onde boa parte dos avanços científicos se encontravam — nada muito avançado como no exterior, mas já eram grandes avanços — precisavam de soldados para patrulhar o local que ainda mantinha pouca interferência do Império.
Como um soldado formado, ele podia sair quando quisesse, contanto que continuasse a cumprir seus deveres. Por um ano ele saia do quartel, trocava seu uniforme e andava pela grande cidade como um rapaz normal. Foi em uma dessas saídas que ele conhecera Kwon Soonyoung.

Wonwoo o encontrou enchendo uma carroça com tudo quanto é tipo de coisa, desde armas à mapas e joias. E ao invés de interferir ele ficou apenas o observando, vendo para onde o contrabandista mandaria aquilo. Em parte ele levava para outras cidades, mas as roupas e comidas que restavam Hoshi distribuía para as pessoas que viviam na parte pobre da cidade.

Os rumores sobre um contrabandista aumentaram e a missão do quartel era encontrá-lo. Ao invés de cumprir seu dever o jovem soldado resolveu agir e salvar a pele do contrabandista, o ajudou a se esconder enquanto o procuravam e assim que ouve uma brecha Wonwoo o ajudou a sair da cidade.

Em seu segundo ano naquela cidade ele continuou a sair disfarçado pelas ruas, juntou dinheiro o suficiente para comprar os óculos que tanto precisava e enfim foi comprá-los. O senhor que cuidava do local vendeu uma boa armação que no fim serviria para amenizar seu problema de visão. Ele ficara surpreso na diferença com que o tratavam quando estava sem uniforme, era tudo tão simples, fácil como nunca havia sido. Contudo as coisas deixaram de ser simples quando conheceu Oh SuJin.

Ela era uma jovem alegre, trabalhava como florista. O rapaz se sentira balançado quando a conheceu em uma de suas escapadas, e no fim, quando voltava para sua vida sempre escondia um sorriso bobo abaixo do pano que lhe cobria o rosto. Wonwoo sentia que era ele mesmo quando estava com a moça, no entanto quando um romance nasceu entre os dois ele se dividiu.

Queria contar a verdade sobre quem era, sobre servir ao Império mesmo contra sua vontade, mas ele tinha medo. Medo de perdê-la quando revelasse a verdade e acima de tudo, medo de assusta-la pela vida que leva e pela posição que ocupa.

Então ele manteve a verdade escondida.

Mas no momento em que recebera uma missão depois de longas semanas sem estritas ordens ele ficou de mãos atadas. A missão era simples, deveria entrar na casa marcada e prender o homem que havia roubado do Império. O Jeon e outro guarda fizeram o que foi ordenado, mas quando ele viu e reconheceu a casa só pôde xingar baixo, sabendo o que estava por vir.

O senhor Oh foi levado, sua esposa morta e apenas sua filha ficara na casa. SuJin terminou reconhecendo o soldado, o mesmo rapaz gentil que estava a cortejando há boas semanas e no fim ela apenas o expulsou dali e o amaldiçoou pelas suas mentiras.

Machucado, derrotado, cansado de ser quem não era e estar preso à esse mundo que não escolhera entrar, ele fez seu caminho de volta, destruindo qualquer mínima esperança de encontrar felicidade que restara em seu ser. Wonwoo com quase vinte anos decidiu que estava na hora de deixar aquele lugar para trás, mas desertar jamais seria uma tarefa fácil e para o seu azar sua mudança súbita fora notada. Por fim os generais decidiram que o jovem indisciplinado e desatento seria transferido para o Castelo.

Quando recebeu a notícia, Wonwoo tomou uma decisão: Mesmo quebrado ele reconstruiria sua máscara e ela seria mais sólida que nunca. Porque tudo o que precisa é conquistar a confiança dos que o observam para então ter a chance de quebrar as correntes que o prendem e alcançar a liberdade que tanto deseja.

Por três anos ele manteve essa farsa, escondendo quem era de verdade por baixo de um falso eu tão convincente que até ele mesmo não se reconhecia. E no momento em que Hoshi resolveu pagar sua dívida e um noviço se arriscou a ponto de descer às catacumbas para fugir, Wonwoo soube que finalmente havia chego sua hora.

Ele seria livre e deixaria aquele lugar sujo de sangue e más memórias para trás.

Behind the Mask  » » Jeon WonwooWhere stories live. Discover now