- Capítulo 23 - Thorn

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    Vagarosamente, virei meu tronco para encarar o animal. Eu tinha quase certeza que era um dragão a julgar pelo rosnado, que era muito parecido com o de Trinity. Só esperava não ser uma criatura violenta. Matthew ainda estava boquiaberto, gaguejando.

    Realmente era um dragão. Lindo, por sinal. Ele era tomado por um coloração roxa desde a cauda até a ponta do focinho franzido. O dragão estava tão perto de mim que ousei me rastejar para trás, Matthew segurou minha mão. Atrás dele, Trinity estava agitada, mexendo a cauda de um lado para o outro, esperando qualquer movimento brusco do dragão roxo para que pudesse atacar.

     A criatura alada em minha frente, por outro lado, pareceu não se importar quando abriu aquela enorme boca em minha direção, milhares de dentes afiados quase me cortaram em pedacinhos se não fosse por minha agilidade. Matthew me puxa do chão, o dragão não desiste, continua dando outra investida. Trinity rugiu baixinho, como se fosse um alerta. A boca do dragão abriu-se novamente, e invés de dentes, algo me espanta. Um núcleo de energia e raios começou a se formar em sua boca, prestes a nos atacar. Trinity anula o poder do dragão de raios com uma forte lufada de gelo e neve. Desta vez, Trinity virou seu alvo.

    Ryder tinha razão afinal de contas, nem todos os dragões eram facilmente domados como Trinity e o filhote do castelo. Percebi isso quando o dragão puxou outra energia, formando eletricidade em sua boca e mirou em Trinity, novamente o dragão do inverno anulou o golpe com uma barreira de gelo. As enormes patas do dragão roxo se fizeram ao chão, formando uma posição de ataque. Entrei em pânico pensando que não poderia deixar Trinity se machucar.

    Rapidamente, deixo o escudo de Libertália no chão e dou um pulo alto o bastante para alcançar as costas do dragão de raios. Escalo suas escamas reluzentes até chegar em seu pescoço, não iria machucá-la de maneira alguma, apenas queria dispersar sua atenção de Trinity. O dragão para, suas escamas se eriçaram e meus pêlos também assim que o animal vira a enorme cabeça em minha direção, por sorte ele não conseguia me morder. A criatura alada começou a chacoalhar o pescoço bruscamente para que me tirasse dali, por consequência, agarrei-me mais forte em suas escamas. O dragão rugiu.

-HAEVYN VOCÊ VAI CAIR! - Matthew grita, tentando chegar até nós. Já era tarde demais, a cada movimento repentino que o dragão de eletricidade fazia, mais para a borda ele se aventurava, até chegar uma hora que seu limite foi ultrapassado e o dragão escorregou.

    Neste momento eu não soube dizer quem estava gritando mais: eu, Trinity ou Matthew. O dragão colocou-se na vertical, tornando assim mais fácil de chegar até o chão.

    O vento gelado batia contra meu rosto a medida que o dragão roxo recortou o céu indo em um encontro nada agradável com pedras afiadas perto de um lago. Comecei a xingar mentalmente, essa queda mataria nós dois, mas tinha a possibilidade da criatura de virar e fazer com que eu atingisse o chão primeiro.

    Tomei fôlego assim que parei de gritar, em seguida, andei até mais perto de suas orelhas e gritei.

-ABRA AS ASAS! - Berrei. - ABRA AS ASAS E FIQUE NA HORIZONTAL!

    O animal pareceu não me ouvir, estava em um pânico total quando viu aquelas pedras ficarem perto demais. Fechei os olhos tão forte que me deu uma leve tontura.

    No último segundo, um forte solavanco.

    Ousei abrir os olhos. Estávamos planando sobre o lago, tão perto que a umidade molhou minhas botas.

  Outro impulso, agora estávamos subindo, voltando até o topo dos Montes Verdes, de onde nunca deveríamos ter saído. Eu ainda estava tomando ar enquanto subia, não deveria ter gritado tanto.

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