31 - Aquele do Stalker

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— Posso ficar com você, Zuleica?

Eu havia engolido todo o meu orgulho e ligado para a única pessoa que eu sabia que podia contar em qualquer momento.

— O que aconteceu? O que aquele projeto de bad boy fez com você? — disse ela zangada.

— Não quero falar sobre ele agora. Pode me buscar? — falei com a voz embargada.

— Claro, meu anjo! — Zuleica abrandou a voz. — Onde você está?

— No hospital.

— O quê? — Ela gritou ainda mais furiosa que antes. — O que aquele canalha fez com você?

— Só vem me buscar, por favor. — Comecei a chorar.

Em menos de vinte minutos Zuleica apareceu no hospital para me levar para a casa dela. Eu odiava admitir, mas ela tinha razão. Eu começava a perceber a burrada que havia feito me casando com o Victor. Onde eu estava com a cabeça? Eu não estava preparada e em um momento totalmente vulnerável, e ele, aproveitou da minha fraqueza. Como pude ser tão burra e cega!

— Eu poderia dizer que te avisei. — Zuleica cruzou os braços e me encarou severamente.

— Eu sei. — Me desmanchei em lágrimas mais uma vez.

— Vai me dizer o que aconteceu?

— Eu torci o tornozelo. — Funguei e enxuguei o meu rosto.

Zuleica arqueou as sobrancelhas e me olhou cética.

— É verdade! Torci quando corria para longe do meu marido, depois da pior humilhação da minha vida! — Tampei meu rosto com as mãos.

— Me conte exatamente o que houve.

Contei com detalhes do desastro ocorrido daquela noite para Zuleica. Depois de um sermão, merecido, ela me levou para a casa dela, prometendo matar o Victor assim que tivesse oportunidade.

O resto da noite eu passei em claro, procurando entender em que ponto eu havia perdido a minha essência e permitido que minha vida tomasse aquele rumo. Lembrei que minha mãe sempre me dizia quando eu era criança, que só havia um lugar onde eu encontraria todas as respostas para qualquer questionamento que poderiam surgir em minha existência: Na Bíblia sagrada.

Peguei meu celular e procurei um aplicativo da bíblia para baixar e foi ali que recebi o meu primeiro tapa na cara. Eu perdia horas lendo coisas supérfluas pelo celular e eu ao menos tinha a bíblia instalado nele.

Quando a instalação foi concluída e o aplicativo se abriu, uma série e versículos e devocionais pingaram na tela e aí eu levei o segundo tapa na cara.

"Onde está o seu coração?" — Era o tema de um dos estudos.

"Já que esse povo diz que é meu, mas não Me obedece, já que o coração dessa gente está longe de Mim, já que a sua religião não passa de um monte de leis feitas por homens, que aprenderam de tanto repetir." (Isaias 29.13)

— Onde estava meu coração? — perguntei a mim mesma.

Então, foi aí que entendi. Eu era hipócrita! Tentava demostrar algo que eu não era. Meu coração estava em todos os lugares, menos no mais importante: em Deus.

Durante anos eu havia depositado meus anseios e expectativas nas pessoas erradas, me esquecendo do único que realmente era capaz de supri-las. Eu havia me ancorado a tantas coisas, me esquecendo que Deus era meu único porto seguro.

Não precisei ler o devocional que se seguia depois do versículo. Apenas aquela palavra fez as escamas caírem dos olhos, me fazendo enxergar o óbvio. Senti vergonha de mim e da "cristã" que eu havia me tornado.

Caí de joelho ao lado da cama e chorei, derramando meus arrependimentos aos pés do Senhor, sem me importar com a dor latejante que vinha do meu tornozelo. Aquela pequena dor não era nada, se comparado ao que sacrifício de Jesus na cruz e eu havia negligenciado tal ato por mim.

Algumas horas depois, eu me sentia leve e ainda mais envergonhada. Depois de ler uma parte do livro de Lucas, fui até a cozinha tomar um copo de água. A porta do quarto da Zuleica estava entreaberta, então decidi ir até lá para contar a experiência que eu havia vivenciado naquela noite.

Quando abri a porta, senti meu coração quase parar. Um grande painel ocupava toda a parede que dava de frente para a sua cama, com fotos minhas e do John, como se estivéssemos sendo vigiados durante anos! Entre elas havia palavras chaves, setas e anotações. Minhas pernas fraquejaram e minhas vistas embaçaram.

— Ai meu Deus! Zuleica é um Stalker!

— Ai meu Deus! Zuleica é um Stalker!

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A Cristã e o Bad Boy Americano: Da Aposta ao ContratoWhere stories live. Discover now