Problemas de família

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   A forte luz do sol bateu em meu rosto fazendo-me acordar, estou deitado em um lugar macio e confortável, me levanto e olho ao redor, vejo um lindo campo, a grama mais verde que já vi, animais de todo mundo em um só lugar pulavam de um lado para o outro, as nuvens do céu formavam algo que não conseguia entender e isso me fazia rir, eu olho para baixo e vejo uma pequena casa de madeira do tamanho e ao lado do meu pé, me abaixo para ver a casa mais de perto, há pequenas portas e janelas fechadas, tento abri mas parecia que estavam trancadas, o que me deixou bastante curioso, mas deixo a casinha para lá e volto a olhar para o céu, não havia mais nuvens, nenhuma, apenas um azul muito claro em todo o céu, de repente sinto uma sede incontrolável, parecia que não bebia algo a décadas, procuro algum lugar com água por  todo lado, não acho nada e começo a ficar desesperado, sentia meu lábio cair aos pedaços, até que escuto um barulho familiar, é o som de uma cachoeira, corro em direção do som o mais rápido que posso, chego perto da cachoeira e me agacho para conseguir beber a água, naquele momento não importava se ali havia algum verme, bactéria ou algo assim, eu só precisava saciar minha sede, faço uma concha com as mão e levo a água até minha boca, devo ter feito isso umas dez vezes, estava satisfeito e poderia voltar para ver o que tinha naquela casinha, mas antes que conseguisse me levantar sinto uma mão em meu ombro esquerdo e acabo caindo na cachoeira com o susto que levei.

   Tentava nadar e sair da cachoeira mas era impossível, a correnteza estava muito forte, forte o bastante para me deixar parado, não conseguia abrir meus olhos, não sabia o que fazer, comecei a gritar por ajuda, talvez a pessoa que tenha me assustado pode-se me ajudar, mas não ouvia nada além da água caindo, a água foi entrando em minha boca e quase me deixando sem ar, tentei ao máximo me mover para os lados, para a frente, mas só conseguia ir para trás, minha visão começou a ficar turva, não sentia mais meus braços, não via mais nada, tudo foi tomado pelo silencio, até que ouvi uma voz.

– Sam?

   Era uma voz feminina...

– Samuel Dias!

   Parecia como...

– Acorde antes que eu chame seu pai, garoto.

   A minha mãe...

Sexta-Feira, 7 A.M 

   Eu abir meus olhos e vi o meu quarto, via a minha estante de livros e quadrinhos, o meu guarda-roupa, a escrivaninha, as paredes brancas e o monte de roupas sujas jogadas aos pés da minha cama.

– Não me diga que você ainda está dormindo, Sam.

– Não. – falei. – Não. Já estou acordado.

– Finalmente. – ela bufou por trás da porta. – Troque de roupa e desça. O café vai estar pronto logo. 

   Ouvi os passos zangados dela descendo os degraus, eu estava faminto.

   Melhor eu vestir uma roupa logo, pensei, não quero que Erick coma todos os maravilhosos bacons da mamãe, como ele sempre faz.

   Abri meu guarda-roupa e peguei uma regata branca e um pouco velha, também peguei uma bermuda jeans que ganhei da minha avó e um chinelo azul escuro, corri até a escada e desci para a cozinha, enquanto ainda estava no corredor escuto meu irmão mais novo, Miguel, chorar, me apresso para chegar até ele e  ver o que estava acontecendo, ele estava em uma cadeira de refeição para bebês cor de uma madeira clara igual as outras 6 cadeiras da mesa de jantar, cheguei mais perto dele e falei tentando acalma-lo.

– Miguel, porque está chorando? – Eu olho para o prato de comida em cima da mesa e volto a olhar para o Miguel. – Você quer o seu café? – Ele balançou a cabeça em forma de sim, eu peguei o prato que estava na mesa e fui buscar uma colher na gaveta, coloquei-os na bandeja da cadeira de bebê e ele começou a comer, eu vou em direção a minha mãe e vejo o que ela está cozinhando no fogão e ela fala concentrada na panela.

– Sam. Filho. Sente-se eu já vou terminar o café

– Posso ajudar em alguma coisa?

– Não. Já estou acabando.

   Eu me sento na cadeira ao lado de Miguel e fico olhando para a janela, o cheiro da comida estava maravilhoso, pensei, nunca senti tanta fome só de sentir um cheiro na minha vida.

   Minha mãe desliga o fogão e coloca em meu prato dois pedaços de bacon, um sanduíche de presunto e queijo, e ao lado do prato colocou um copo de suco de laranja, eu agradeci e ela continuou colocando os pratos na mesa para o meu pai e irmão, eu comecei a comer e escuto algumas batidas vindo do andar de cima e quando olho para a escada vejo o meu irmão descendo-a com o meu pai atrás dele, o meu irmão parece muito desconfortável e o meu pai furioso, minha mãe sentou-se na cadeira do lado direito de Miguel para ajuda-lo a comer, Erick se senta na cadeira de frente  para a minha mãe e do meu lado esquerdo, meu pai se senta longe de Erick.

   Todos estávamos comendo em silêncio o que não era muito comum já que sempre falávamos sobre algo durante o café e acho que não era o único que estava pensando nisso pois minha mãe quebrou o climão e falou.

– Bom. – Ela teve uma pausa para engolir a comida que estava em sua boca. – O que vocês planejam fazer hoje depois do café?

   Ninguém falou nada, então, decidi falar.

– Eu vou para a escola e depois ficarei na casa da Bella para terminar o trabalho que foi passado na quarta.

   Meu pai parou de comer, me olhou ainda furioso com algo, e disse.

– Por que você só anda com essa tal de Bella? Por algum acaso vocês estão tendo algum. – Ele exitou por um segundo. – Lance? – Eu me surpreendi, não imaginei que ele iria dizer isso, já ouvi as pessoas da minha escola dizerem isso as vezes mas nunca pensei que meu pai pensava isso também.

– Pai! – Falei surpreso. – Ela é só minha amiga.

– Ainda bem. – Espera, o que? – Você andar com ela pode ser um má ideia. As pessoas podem pensar que você é como ela.

– O que você está querendo dizer?

– Eu estou dizendo que as pessoas podem achar que você é gay. – Eu não tô ouvindo isso. – Você já é famoso por andar com meninas másculas e homens afeminados ao invés de homens de verdade. Isso pode prejudicar sua vida social. Ninguém vai querer ser seu amigo se continuar andando com esse tipo de gente.

– Pelo amor, você está dizendo que eu devo me afastar dos meus amigos?

– Eu não quis dizer isso filho. – Ele tomou gole do suco. – Só acho que você deve passar um tempo longe de alguns. Começando com essa Bella. Não me entenda mal só estou querendo o seu bem e...

– Nós entendemos o que você quis dizer. – Erick cortou o que ele ia dizer. – Você sempre acha que está fazendo o bem para a gente quando na verdade só faz isso para ter uma reputação de ser um pai perfeito de uma família perfeita com seus colegas de trabalho.

– Eu estou protegendo vocês! – Ele se levantou da cadeira derrubando-a. – O Samuel deve se afastar desses "amigos" dele e você deve parar de pensar nessa história de música e focar no futebol americano para o bem de todos dessa família.

– Lorenzo. – Minha mãe falou um pouco mais baixo. – Se acalme. Por favor.

– Olívia me deixe falar! – Meu pai falou irritado. – Eles precisam ouvir.

– Acho que já ouvimos demais. – Erick disse. – Eu vou para a escola mais cedo hoje. Aproveito e vou para a aula de música. Você vem Sam? – Eu me levantei da cadeira.

– Erick e Samuel Dias não ousem sair dessa casa. – Peguei minha mochila que estava na sala e segui meu irmão até a porta da frente. – Vocês estão se prejudicando a cada passo que dão moleques. – Eu saí e fiquei esperando meu irmão na frente do carro.

   Ele fechou a porta da casa e destrancou o carro, eu entrei e me sentei no banco da frente sem falar uma palavra, ele entrou do lado do motorista e disse cabisbaixo

– Sam, eu preciso te contar uma coisa sobre o papai.

CONTINUA...


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