Festa pirada

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– Onde?

– Posso está viajando. Mas aposto que ele está em uma daquelas festas de ensino médio.

– Ele não iria sair sem dizer nada.

– Bom... Ele já fez isso uma vez que estava chateado.

– Quando isso?

– Longa história. Vamos.

Eu segui Lukas até a rua, estávamos indo em direção a essa tal casa que ele havia falado, no caminho tentava ligar para Erick, não tinha sinal, o que me deixou preocupado.

– Que cara é essa? – Lukas diz rindo. – Você sempre é assim?

– Assim como?

– Assustado com tudo.

– Eu não...

– Chegamos. – Ele me interrompeu e apontou para a casa, era enorme e parecia cem vezes mais escura que o próprio céu.

A única coisa que havia ao redor da casa era arbustos, parecia que não recebiam água a meses. Se aproximando mais da casa começo a escutar uma música alta vindo do lado de dentro, rock, o estilo musical que meu irmão mais escuta, comento sobre isso com Lukas e ele concorda comigo. Batemos na porta, está cheio de decorações de guitarras e outros instrumentos musicais, depois de alguns minutos, uma garota abre a porta, o visual dela é bem dark.

– Lukas... E... Hã, Carne nova! – Ela fez uma reverencia para entrarmos.

A música aumentava a cada passo que dávamos, o papel de parede estava caindo aos pedaços e tudo por lá tinha um cheiro horrível, inclusive as pessoas, principalmente as pessoas.

– Epa! – Um cara, aparentemente bêbado, esbarrou na gente derrubando um copo de sua bebida em minha roupa. Ele saiu e continuando andando.

– Babaca. – Lukas falou baixo.

– Do que você me chamou? – O rapaz deu meia volta e olhou para Lukas.

– Eu te chamei de babaca.

– Repete.

– Quer que eu fale mais alto? Babaca! – Ele falou em um tom mais alto.

O cara empurrou Lukas com uma grande força que fez ele cair no chão, logo, ele se levantou e várias pessoas se juntaram ao redor deles, alguns começaram a gritar em vaia o nome do cara...

– Elias, Elias, Elias.

Esse nome não me é estranho, se não estou errado, ele faz parte do time de futebol da escola adversária. A briga continuou e ouvi todos os tipos de xingamentos possíveis, a coisa estava ficando feia quando gotas de sangue estavam voando por todos os lados, tento passar pelo meio das pessoas para ver Lukas, puxo ele para fora da briga, segurando a mão dele, corro para o andar de cima, de onde vinha a música, uns quatro caras estavam nos procurando. Nós nos misturamos pelo meio da galera, minha camisa ainda estava suja por conta daquela bebida e o rosto de Lukas sujo por sangue.

– Olha! É o Erick.

Fomos na direção de Erick, que não parecia estar muito bem, ele estava sentado no chão, encostado na parede, havia vários copos de plástico do lado direito dele.

– Samuel. – Lukas solta minha mão, eu percebo que passei todo esse tempo segurando a mão dele. – Que surpresa ver você por aqui.

– O que você tá fazendo aqui, cara? – Falo zangado. – Por que não me avisou nada?

– Ah. Eu só saí.

– Ele não tá legal, Sam. – Lukas fala. – Melhor levarmos ele para casa...

– Na... – Erick mal conseguia falar.

– Você tem razão, vamos logo.

Concordo com Lukas, juntos, levantamos Erick com a ajuda da mesma garota que abriu a porta para nós, carregamos ele até a entrada, andamos um pouco agachados com a esperança de não vermos Elias, o cara da briga. Quando estávamos na porta novamente a garota entregou um papel com um número de telefone para Lukas e cochichou:

– Entregue a ele.

Saindo de lá, paramos em um ponto de ônibus quando estava extremamente difícil carregar Erick por aí, vimos que o próximo ônibus iria chegar em menos de uma hora, sentamos meu irmão no banco e esperamos pelo ônibus. Um tempo depois, o ônibus chega, algumas pessoas descem e após nós subimos, sentamos nos últimos bancos, onde tinha um maior espaço.

– Quando sua mãe chega? – Lukas pergunta sussurrando.

– Amanhã à tarde. Está na casa dos meus tios com Miguel.

Lukas assente e depois de um silêncio perturbador ele fala:

– Acha que ela se importaria se eu dormisse por lá hoje?

– Claro que não. Se você não se importar de dormir no chão. – minha risada saí um pouco mais baixa que o comum e ele compartilha do riso.

O ônibus parou no ponto mais próximo de casa, nós três entramos em casa, coloco Erick em sua cama enquanto Lukas procura um colchão para dormir. Saio do quarto de Erick e desço para procurar Lukas e seu colchão, vejo ele na pia da cozinha lavando o rosto, pego um pano que estava em cima do balcão e me aproximo dele.

– Toma.

Ele pega o pano com um sorriso no rosto, enxugando a pele ele fala:

– Então, o que acha que deu no Erick hoje?

– Ele... Tinha me contado uma coisa e acho que ficou chateado... Só isso.

– Sei, mudando de assunto. Onde eu vou colocar aquele colchão? – Ele aponta com a cabeça para o colchão jogado próximo a escada.

– Ah, onde você sentir mais confortável.

– Seu quarto? – O... O que!? – Ouvi sua mãe falar que é um dos maiores cômodos da casa.

– É exagero dela, mas tudo bem. Eu te ajudo a levar aquela coisa.

Subimos os degraus com o colchão, colocamos ele ao lado da minha cama, Lukas se deita no colchão, eu pego um cobertor e entrego um dos meus travesseiros a ele.

– Boa noite, Sam.

Ainda passo um tempo acordado e me perco nos meus pensamentos "Boa noite, Sam." "Boa noite, Sam." "Boa noite, Sam." Por que essas palavras não saem da minha cabeça, o que tem demais em um "boa noite"?

CONTINUA...

My dear and beloved secretWhere stories live. Discover now