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P.O.V.'S BEATRICE • CALIFÓRNIA

- Pensei que ia morrer na rua. - O Jack fala quando entro no quarto.

- Sério que eu demorei tanto assim? - Pergunto.

- Sim. - Sua voz era quase inaudível, ele estava com a cabeça no meio dos travesseiros, de bruços, sem camisa e com o mesmo short.

- Oi mãe. - O Alex entra no quarto. Entrego pra ele a caixinha com as duas alianças, o mesmo abre e me olha. - São lindas, muito obrigado por me ajudar e me apoiar nessa.

- Por nada meu anjo. - Sorrio. - Bom, está tudo pronto, agora é só esperar amanhã.

- Verdade. Obrigado também pai, por me ajudar nessa. - Ele fala.

- De nada Alex. - Fala sem ânimo.

- O que aconteceu com ele? - Pergunto.

- Ele não sai da cama desde a hora que você saiu. - Só levantou uma vez e depois voltou pra cama de novo. Enfim, vou lá, qualquer coisa me chama mãe.

- Tudo bem. - Ele sai do quarto e fecha a porta.

- Trouxe doce. Você pediu hoje cedo. - Falo e pego a bala fini de dentro da bolsa.

- Obrigado, deixa aí em cima da mesa. - Ele fala.

- Está tudo bem, Jack? Você nunca é assim. - Me sento na cama.

- Está tudo bem Beatrice. Eu só passei o dia pensando nas coisas.

- Que coisas? - Pergunto e escuto um suspiro seu.

- Umas coisas.

- Sei muito que coisas são. Se você não falar, eu não tenho como te ajudar, amor. - Já virou mania de chamá-lo por apelidinhos carinhosos.- Viu os ternos dos meninos pelo menos?

- Vi, está tudo pronto.

- Jack, está me dando nervoso, levanta logo e faz o que você sempre faz. - Me sento sobre seu corpo. Na sua bunda, pra ser mais específica.

- O que eu sempre faço?

- Você... você é você ué. Chato uma hora, safado outra hora, carinhoso uma hora, grosso outra hora... seu jeito bipolar. - Falo e me deito sobre suas costas, ficando com a boca próxima ao seu ouvido. - Conta o que está acontecendo, por favor. Não gosto de te ver assim.

- Eu não sei como falar isso sem me sentir um idiota. - Ele fala. - Levanta um pouco. - Me levanto e ele vira de barriga pra cima. - Agora senta. - Sorri pervertido.

- Engraçado você né? - Me sento sobre seu corpo novamente. - Agora fala, o que está acontecendo? O que está incomodando o meu bebê? - Aperto as suas bochechas.

- Ah, não sei explicar. - Ele segura as minhas mãos para pararem de apertá-lo. - Eu andei sentindo umas coisas estranhas esses últimos meses.

- Prossiga, baby.

- Eu não sei, eu comecei a me sentir estranho diante de certas situações que envolviam você, o Alex, o Isaac e até mesmo... eu. - Ele pega as minhas mãos novamente.

- Como assim?

- É que... tipo, o Alex já vai fazer 15 anos e durante esse tempo todo eu fui um merda com ele. Eu sei que agora estou melhorando, mas... eu queria voltar atrás e ser um pai melhor.

- Vocês estão recomeçando agora Jack, você já pediu desculpas e já conversou com ele?

- Ainda não. Vou conversar amanhã, quando for pegar a gravata borboleta pra ele.

- Tudo bem então.

- Voltando, com ele fazendo 15 anos, vai começar a namorar a Pâmela, vai ter mais uma responsabilidade na vida.

- Mas Jack, eu não estou te entendendo. - Ele passa a mão no rosto e vai subindo para os cabelos.

- Eu sinto que estou perdendo o Alex cada vez mais rápido. E agora... você também.

- O que tem eu? - Pergunto.

- Bom, seu pai pagou uma boa quantia, agora estão faltando apenas uns dólares. Talvez em um mês ele consiga pagar tudo e... você vai ter que ir embora.

- Não sei nem o que falar disso. - Me sento ao seu lado.

- Nem eu Beatrice, nem eu. Eu praticamente te maltratei no começo e no final eu me apeguei a você. Quando um dos caras voltaram da casa do seu pai com o dinheiro, eu fiquei sem reação. Pra mim, ele não ia conseguir pagar tão cedo, porque as condições dele não eram tão boas. Agora eu estou tipo... não sei explicar. - Vira de bruços novamente.

- Se acalma, tabom? Eu sei que se apegou a mim, é visível. Não parece muito, mas eu também me apeguei a você, Jack. Você não sabe o quanto eu fico feliz quando você me fala algo bonitinho, quando você se enrola todo, quando você não quer ser fofo e parte para a safadeza, quando você me pede pra fazer cafuné, quando você me abraça e também quando você me beija. - Sorrio lembrando de cada uma dessas coisas. - Me apeguei também aos meninos, não sabe o quanto eu fico feliz quando eles me chamam de mãe.

- Os meninos conseguiram aproveitar mais que eu o tempo com você. - Ele baixo por conta de sua cabeça estar entre os travesseiros e cobertas.

- Calma, eu não vou ir embora amanhã. - Falo. - Você não disse que dentro de um mês o meu pai paga o resto? Então, temos um mês para aproveitar, até o dia de eu voltar pra casa.- Coloco a mão nos seus cabelos e faço carinho, descendo até a nuca.

- Por isso que eu fiquei sem reação. Eu não quero que você vá embora. - Ele se senta ao meu lado. Seus olhos cheios de lágrimas me partem o coração. - Eu não sei como vou ficar sem você aqui. Antes eu não pensava nisso, agora, eu não sei mais o que fazer. - Me puxa para o seu colo. - Eu sinto que... não tenho mais tempo com você. - Ele começa a chorar. Abraço o mesmo e ele apoia a cabeça na curvatura do meu pescoço.

ᴍᴀғɪᴀ ✦ ᴊᴀᴄᴋ ɢɪʟɪɴsᴋʏ  [ᴄᴏɴᴄʟᴜɪᴅᴀ]Onde histórias criam vida. Descubra agora