Capítulo 4

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Amanheceu... Eram 8:30 e Sofia ainda estava em seu quarto, então fui preparar nosso café (Sim, vampiros podem comer e beber outras coisas além de sangue, mas só ele pode satisfazer nossa fome). Eu estava na cozinha quando ela apareceu.

- Bom dia bela adormecida.

Confesso que falei aquilo apenas para provocá-la.

- Me deixa em paz Alec, você pode ser mais velho e forte, mas isso não me impede de tentar arrancar seu coração se tentar me irritar.

Dei uma risada e continuei com o que estava fazendo.

- Tô com fome, onde guarda suas bolsas de sangue?

- Não tenho nenhuma bolsa, quando estou com fome vou ao lado escuro da cidade ou me alimento de alguém por aí.

- Mas se alimentar das pessoas é errado. Raziel disse...

Interrompi ela no meio de sua fala.

- Raziel não entende a verdadeira natureza de um vampiro, ele é só um anjo que acha que está fazendo tudo certo.

- Não diga assim, anjos são criaturas superiores.

- Tanto faz.

Não falamos mais nada. Apenas terminamos o café, nos arrumamos e fomos à faculdade.

- Olha Sofia, acho que devemos nos separar. Não quero que pensem que estamos juntos.

- Por mim tudo bem. Ah e não ia dar certo, impossível ter que te tolerar o tempo todo.

Finalmente seu comportamento mudou de chata e mandona para divertida.
Como eu havia pedido, nos separamos e entramos no prédio.
Tudo ia bem até que ouço uma voz atrás de mim.

- Olá Alec!

Me virei e vi que era a garota que falava de mim durante a aula.

- Olá... desculpe, qual seu nome?

- É Vanessa White. Eu queria te perguntar algo.

- Pergunte.

- Olha, não me leve a mal, mas eu adoro garotos de cabelos escuros, olhos azuis e que usam jaquetas e parecem verdadeiros bad boys. Então poderia me passar seu número?

Ela me chamou de bad boy... Faz anos que não escuto isso. Não queria passar meu número, mas fiquei com pena e também, precisava me distrair um pouco.
Anotei em um papel e entreguei a ela.

- Muito obrigada Alec! Assim que der, eu te ligo.

Isso vai ser interessante...

O resto do dia passou normalmente, e por incrível que pareça, não vi Victoria em momento algum. Devia estar atormentando alguém, ou talvez tenha faltado sem motivos.
Estamos no último horário, Sofia também está aqui na mesa ao lado. Então ela me lança um olhar que eu conheço bem... está com fome.
Mas o que eu faço? Estamos no meio da aula. Sussurrei:

- Sofia, aguenta mais um pouco. A aula está acabando, daqui a pouco sairemos para nos alimentar.

Ela concordou, mas eu sei que é difícil para uma novata se controlar quando está com fome. Já havia passado por isso também.
Alguns minutos depois olhei para ela e vi que estava diferente, aposto que suas presas estavam prestes a aparecer. Então fiz o que pude.

- Professor, vou levar Sofia para tomar um ar. Ela não está bem.

Ela me olhou como se estivesse prestes a me bater, mas a arrastei da sala. Quando saímos, ela pulou para longe de mim.

- O que pensa que está fazendo Alec?!

- Calma aí, você precisa se alimentar, se eu te deixasse lá, ia acabar atacando alguém.

Sofia se calou de repente. E em sussurro ela disse. - Obrigada.

- Vamos matar o resto da aula, e iremos ao lado escuro.

- Para onde pretende me levar?

- Espere e verá.

Usamos nossa velocidade de vampiro para chegar mais rápido, não tem ninguém nas ruas então não há riscos.

- Ei, chegamos.

- É sério Alec? Me trouxe a uma festa das criaturas sobrenaturais?

- Não quer se divertir um pouco? E aqui também podemos nos alimentar dos humanos que acham que estão em uma festa comum como as do outro lado da cidade. Nem percebem que somos seres sobrenaturais.

Entramos... estava bem agitado, música alta, pessoas dançando, vampiros se alimentando, lobisomens completamente bêbados...
Olhei para Sofia e percebi seu olhar assustando apontado diretamente para um vampiro que mordia uma garota. Suspirei.

- Nunca se alimentou de alguém não é?

- Raziel disse que eu não deveria fazer isso.

- Como eu disse, ele não entende a nossa verdadeira natureza... Vamos, escolha alguém.

Ela me olhou como se eu estivesse ficando louco.

- Isso é normal pra nós, aposto que vai gostar. É bem melhor que bolsas de sangue.

Por um tempo, ficou observando a todos os humanos que ali estavam, depois, apontou para um cara que estava perturbando algumas mulheres.

- Boa escolha. Agora é só hipnotizá-lo para que não fique se debatendo ou gritando, leve ele para um canto e pode se alimentar.

Ela fez o que eu mandei, estava se saindo bem. Agora teria que esperá-la já que não estava com fome, então me sentei em uma mesa vazia e fiquei por lá até que ela voltou.

- Alec, você tinha razão. Isso é muito melhor.

Eu sorri, compreendendo-a.

- Só não perca o controle enquanto estiver se alimentando, não queremos mais problemas com os anjos. Agora vamos voltar pra casa.

- Por que ir agora? Eu te trouxe um lanche.

Sofia falou isso e estalou os dedos, logo depois uma garota apareceu e se sentou em meu colo.

- Você me ajudou, agora estou retribuindo.

É tentador, não posso resistir. Aquela garota tem um cheiro tão bom... Então fiz o que qualquer vampiro faria nessa situação. A mordi. Mas alguém começou a se alimentar dela comigo, era Sofia. Isso foi um pouco estranho, pois costuma ser um ato de vampiros que são mais íntimos ou querem algo mais.
O sangue era tão bom que nem me importei. Depois de um tempo, larguei a menina e disse para ela esquecer o que havia acontecido.

- Sofia, agora temos mesmo que ir. Não quero me encontrar com pessoas desagradáveis por aqui.

Mas como quem é vivo sempre aparece, Victoria parou na nossa frente.

- Maninho, está me evitando?

- Não quero falar com você Victoria, nos deixe em paz.

Seus olhos caíram sobre Sofia.

- E essa é sua nova namoradinha? Ou é só seu novo brinquedo?

- Raziel disse pra ela ficar de olho em mim, só isso. Agora, saia do meu caminho irmã.

- Ai Alec, eu vou te deixar dessa vez. Mas em breve estarei de volta.

Em velocidade de vampiro, voltamos ao apartamento.

- Então aquela é sua irmã problemática?

- É sim. Procure não se ofender com tudo o que ela diz.

- Não me ofendi, apenas fiquei surpresa.

Depois da conversa, fui tomar banho e entrei para meu quarto...

Vampiro - Andarilho das Sombras Onde histórias criam vida. Descubra agora