Capítulo 5

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Alguns meses se passaram, eu e Sofia nos aproximamos mais, antes éramos apenas colegas, agora somos amigos (que discutem muito, mas ainda sim... amigos...).
É sábado e estamos na sala assistindo TV. De repente me bateu uma curiosidade.

- Ei Sofia!

- Diga.

- Já estamos morando juntos faz um tempo, mas você nunca me falou sobre seu passado. Quando você era humana.

O clima ficou tenso no momento em que perguntei, Sofia estava com um olhar sombrio em sua face.

- Olha, se não quiser não precisa falar.

- Podemos dizer que minha vida não era perfeita. Meu pai nos abandonou muito cedo, nos trocou pela bebida. - Deu uma pausa. - Minha mãe sempre foi independente, mas também amava meu pai, ela não demonstrava mas percebi que estava sofrendo muito com aquilo.

Percebi lágrimas se formando no canto de seus olhos, mas ela não as deixou cair. Simplesmente limpou seu rosto com a manga de sua blusa e continuou.

- Com 15 anos, decidi deixá-la para ir morar com meus tios que me prometeram um futuro melhor. Foi a pior coisa que já fiz na vida, minha mãe adoeceu e acabou morrendo sozinha, me culpei por um bom tempo.

- Não foi sua culpa Sofia...

Ela apenas sorriu fracamente.

- Mas passado alguns anos na casa de meus tios, passei a ser tratada como uma empregada por seus filhos. Era maltratada e até abusada com pequenos gestos e palavras, já estava entrando em depressão. Até que conheci um vampiro.

- Qual era o nome desse vampiro?

- Victor Meyer.

- Victor Meyer?! Irmão de Hugo Meyer?!

- Sim, como os conhece?

- Longa história, digamos apenas que éramos amigos. Mas continue a contar a sua...

- Como ia dizendo. O conheci e nos tornamos amigos, na época não sabia que ele era um vampiro. Disse que poderia contar qualquer coisa a ele, então como confiava nele, acabei contanto sobre como estava sofrendo.

- Victor não é de confiança Sofia.

- Só me deixe terminar... Então ele disse que poderia me ajudar, me contou que era um vampiro. Não acreditei quando falou, mas então ele me mostrou.

- O que ele fez?

- Me mostrou suas habilidades. Na hora pensei que tudo poderia melhorar se eu fosse uma vampira, então quando completei 19 anos, pedi para me transformar.

- Sério?! Trocou sua vida por isso?! Sofia, entendo que você se tornou vampira a pouco menos de um ano, mas com o tempo vai perceber que estava errada em querer se transformar.

Ela apenas me olhou, prestando atenção.

- Você pode sair de controle a qualquer momento e fazer um banho de sangue na cidade assim como Victoria fez. Vai ficar entediada a medida que os anos forem passando e vai perder pessoas importantes pra você.

- Então por que se transformou Alec?

- Eu não tive escolha. Assim como você disse, minha vida também não era perfeita, e mesmo assim foi arrancada de mim por alguém que estava entediado. Eu amava ser bruxo, me dedicava a aprender cada feitiço mas meus poderes se foram com a transformação.

- Me desculpe, eu não sabia.

- Deixa pra lá, não há mais volta. Já superei isso também.

Me levantei e disse que ia sair um pouco.
Estou em um lago aqui perto de casa. Sempre venho até aqui quando preciso pensar.
Mas como tudo que é bom dura pouco...

- Olá Alec Mason.

Camilly se sentou ao meu lado.

- Tá me seguindo Camilly?!

- Hum... talvez um pouco.

- Por que você e Victoria tem sempre que aparecer nas piores horas?!

- Oh! Quer que eu volte outra hora? - Disse ela em tom de deboche.

- Eu quero que você suma de uma vez por todas.

- Lamento Alec, isso não vai acontecer... Não agora. Tenho assuntos a tratar.

- Com quem?

Então ela se aproximou do meu ouvido e disse.

- Lembra que quando te transformei, você matou meu namorado por vingança?! Agora irei fazer o mesmo com você.

Fiquei calado esperando ela terminar.

- Irei fazer você sofrer, vou tirar tudo o que ama até que implore por perdão e se desligue dos seus sentimentos.

(Sim, vampiros podem se desligar, mas nem sempre é o melhor a se fazer. Sem sentimentos, não vai dar a mínima para quem vai matar, seria um desastre)

- E eu sei que mesmo que você e Victoria não se deem tão bem, ainda se amam e fariam qualquer coisa para salvar um ao outro. Mas se ela ficar no meu caminho, vai morrer também.

Acabei perdendo a paciência, me levantei, cheguei bem perto e disse em tom de ameaça.

- Acho que já se esqueceu que não sou mais um vampiro ingênuo, tenho 294 anos Camilly. E também, já me desliguei dos sentimentos várias vezes. Já passei por situações bem piores e ainda estou aqui.

Depois disso, saí dali.

Vampiro - Andarilho das Sombras Where stories live. Discover now