Eu sabia que minha visita ao reino não ficaria impune, assim que eu e Troy nos viramos para ir embora senti um chicote se enlaçando em meu braço atraindo nossa atenção para aquela figura grande e cheia de músculos. Era Antílope um dos maiores e fortes tritões dos soldados do rei. Me livro do seu laço sem muita dificuldade o que o deixou ainda mais furioso avançando em nossa direção com seu laço e tridente em mãos. Nos esquivamos indo um para cada lado o que o deixou confuso sobre quem atacar primeiro dando tempo para pensar no que fazer e como lutar contra ele.Seu objetivo era me atacar então veio na minha direção deferindo socos que prontamente desviei.
- corre Troy, vai chamar ajuda. - digo aflita quando Troy tenta o imobilizar por trás mas o tritão o joga para frente facilmente.
- você não deveria ter invadido o reino. Agora vai pagar. - gritou enfurecido.
Ele me lança seu tridente atingindo meu braço apenas de raspão. O suficiente para me causar um ferimento, o que facilmente me mataria dado a eficácia do veneno na ponta daquela lança. O que ele não sabe é que não posso mais morrer, não antes de cumprir o meu propósito. E em um lapso de força, uma força maior que se apodera sobre meu corpo, o ergo pelo pescoço e sussurro as palavras de cura para que seu rei escute.
A cura está em mim.
E o lanço com toda a força contra os rochedos destruindo parte daquela estrutura e o deixando imóvel e ensanguentado.
Não era hora de fugir mas deixar Antílope alí foi uma das escolhas de Troy quando ele me puxa para longe dele.
Voltar para as sereias noturnas não era seguro assim como nada mais seria depois desse ataque.
Assim que chegamos na caverna tudo parecia tranquilo, tranquilo até demais.
- você está bem? - pergunta Troy quando paramos ainda ofegantes.
- eu não sei. Seu pai está irritado.
- ele vai pagar por isso. - seu ódio era visível.
- eu não devia ter ido lá para provocar.
- você não tem culpa. - disse me abraçando tentando me provar o contrário. Eu sabia que tudo que estava acontecendo era por minha causa e eu faria o que fosse preciso para tentar evitar um mar de sangue.
Procurei por Liana e Celly mas as duas não se encontravam em nenhum lugar da caverna.
- será que alguém as levou?
- temos que procurar por elas.
Então começamos primeiro procurando algum indício que alguém estivesse estado alí.
- acho que sei onde elas possam estar! - digo encarando o desenho da coroa do reino de ciano desenhada com sangue na parede externa caverna.
O sangue de Celly.
- isso só pode ser um pesadelo. Meu pai não pode manipular vidas inocentes deste jeito.
- ele é o rei Troy, e na visão dele um rei pode tudo.
E agora ele estava com minhas amigas. Algo dentro de mim ferveu ainda mais só de imaginar as duas presas, sozinhas ou sendo torturadas pelos soldados a mando do rei.
- não deveria ser assim. Não contra sua própria raça.
Concordo com Troy que me abraça e me permito chorar em seus braços. Chorar não era uma coisa típica para mim mas é o meu lado sentimental a mostra.
Com esse ato de posse o rei abre oficialmente a guerra contra nós, especialmente contra mim.Precisávamos de uma estratégia para proteger nosso reino marinho e salvar minhas amigas.
— precisamos fazer algo e rápido.
— mas o que?
— não sei. Salvar a todos. — digo impaciente.
— você não pode salvar todo mundo e sua morte só serviu para reforçar isso. E não é morrendo uma segunda vez que vai conseguir. — Troy tinha razão, minha morte foi só uma amostra do quanto pessoas podem ser cruéis.
É evidente que Tyler tem ódio por sereias. Ele ficaria furioso se descobrisse que foi enganado todo esse tempo por sereias e Tritões. E por seu rei a quem tanto ama.
Ele vai descobrir mais cedo ou mais tarde.
— é preciso lutar, mesmo que isso signifique morrer tentando.
Estava decido iríamos reunir um pequeno exército comparado ao do rei mas teria que dar certo ou seria o começo do fim.
...
Reunimos os guerreiros mais fortes do mar juntamente com as sereias das vozes mais melodiosas e encantadoras para nossa missão de salvamento. Expliquei tudo o que teríamos que fazer aos nossos amigos e nadamos rumo a terra firme.
Claro que não iriamos agir por impulso, tudo teria que ser muito bem pensado antes de enfrentar qualquer um deles.
Surgi observando aos poucos a pequena movimentação na praia, com sorte conseguiríamos sair da água sem levantar suspeitas e iniciar uma possível revolta. Troy passaria despercebido afinal ele é um dos príncipes e um príncipe sempre fica acima de qualquer suspeita.
Algumas sereias ficariam próximo a praia caso precisassemos e outras duas vieram com a gente. A tensão de sermos descobertos nos acompanhava a cada passo, ainda mais com os olhares desconfiados de alguns cidadãos sobre nós.
Senti meu corpo tremer pela primeira vez ao ver que um homem se aproximava. Troy nos sussurra pedindo calma que tudo daria certo.
— vossa alteza, finalmente deu o ar da graça. — disse o homem que vi outro dia na praia apertando a mão de Troy. — seu pai e seu irmão estavam te procurando. — sorriu para mim e as sereias. Só espero que ele não me reconheça.
— como vai Elliot? Estou justamente a caminho do rei.
— como sempre bem acompanhado. — disse nos lançando uma piscadela e um sorriso descarado.
— minhas amigas. E se nos dá licença temos que ir andando, nunca se sabe como vai estar o humor do rei.
— claro. Foi bom revê-lo alteza. — disse fazendo reverência enquanto seguiamos com nosso trajeto.
— bem gentil esse humano! — Nereida só podia estar de brincadeira achar um humano gentil.
— lembro-me muito bem que foi confiando em toda essa gentileza que me cortaram a garganta sem dor nem piedade.
— calma Lavínia. Foi apenas um comentário.
Nos encaramos recebendo um olhar de reprovação de Troy, seu silêncio indicava que já estávamos próximos do começo do fim. Ao entrar no castelo já não haveria mais como recuar e parecia que justamente hoje eles decidiram deixar a guarda sem reforços. Apenas dois vigiavam a entrada principal e como já conheciam o príncipe passamos com êxito.
Agora era hora da próxima fase.
Continua...
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As Sereias de ciano
FantasySe sereias existem, a isso é um mistério. Um mistério que os cidadãos revoltos do pacato e calmo bem pelo visto nem tão calmo assim reino de Ciano, banhado por mares de águas misteriosas, estão prestes a descobrir. Seria o fim para estes seres místi...