"Hum... Tente!"

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Regina


— Regina, assim não vale! — Swan exclama, ao ver que eu havia acelerado e me afastado dela.

Um mês convivendo com Emma que, além de minha aluna, vem se tornando uma grande companhia, e melhorando os meus dias solitários. Hoje, sábado de manhã, combinamos de pedalar em uma trilha que há em uma área verde da cidade, aqui em nosso bairro, mesmo.

— A velha aqui sou eu, Emma. Não seja tão fraca, assim... — digo, olhando por cima dos ombros. — Vamos, já estamos chegando! — diminuo o ritmo da pedalada e espero por ela. Emma se aproxima ofegante, com o rosto vermelho e molhado de suor.

— Estou ficando tonta... Sabe quanto tempo faz que eu não subo em uma bicicleta? Mais de 3 anos, Regina! Mais de 3 anos, e olha como estou acabada...

— Menos drama, por favor. — gesticulo com a mão, antes de descer da minha bicicleta e começar a empurrá-la, e Emma faz o mesmo. — Quer água?

— Por favor! — exclama, esticando a mão para pegar a garrafa que lhe era oferecida. — Já estamos chegando no lago? Sério, eu estou me sentindo mal...

— Sim, nós já estamos chegando... Sua pressão deve ter baixado. Quer se sentar? — questiono, vendo-a menear a cabeça. Sentamo-nos em uma pedra, sob a sombra de uma árvore. — Você precisa controlar sua respiração. Respire fundo, devagar, e solte em um sopro. — oriento Swan, que faz o que digo. — De novo!

— Nossa, você vai me zoar até a morte, não vai? — pergunta, retomando o fôlego. Eu sorrio, enquanto meneio a cabeça. — Ah, você é muito má! — exclama, bebendo mais uma quantidade de água.

— Eu amo esse lugar! Fazia tempo que não vinha aqui... Da última vez que estive pedalando por essas bandas, Graham tinha oito anos e estava em minha garupa. Tem noção, de como o tempo passa voando?

— Pois é... E nós nem aproveitamos os bons momentos de uma maneira melhor, porque é tudo tão normal, que não nos damos conta de que tudo se tornará uma lembrança... — diz Emma, secando a testa com a própria blusa. — Esse momento, por exemplo, acabou de se tornar uma lembrança.

— Sim... E só nós, que vivemos, saberemos o quão fraca você é. E olha que nem pegamos subidas, hein?! — falo, rindo, e ela revira os olhos. — Como seu pai está?

— Bem, muito bem. Ontem foi um dos melhores dias... Depois que saí da sua aula, cheguei em casa e os encontrei jogando baralho. Papai ria tanto, se divertia de uma maneira que, há tempos, eu não o via se divertindo. — divaga, sorrindo. — Ele me reconheceu quando fui cumprimenta-los. Perguntou como havia sido o meu dia, e quis saber se eu ainda estava estudando.

— Que incrível, Emma... Foi dormir feliz, então?! — ao ouvir minha fala, ela assente com a cabeça, e uma lágrima solitária escorre por sua bochecha. Automaticamente, ergo o braço e limpo-a com o polegar. — Você está tendo uma chance de tê-lo contigo. Espero que essa lágrima seja de alegria...

— Sim, é. Eu só nunca imaginei que passaria por isso, sabe?! Nós somos tão cegos, ao que diz respeito a essas doenças. Só damos valor e atenção, quando passamos por isso em casa. — ela funga, limpando o rosto com a mão. — Vejo a inocência dele com as ações. Ele se tornou uma criança, novamente. O quão assustador isso pode ser?

— Depende da sua concepção. Eu, por exemplo, daria tudo para ter os meus pais com Alzheimer, desde que estivessem vivos, ao meu lado, para que eu cuidasse deles, assim como eles cuidaram de mim. — falo, e ela meneia a cabeça, concordando.

Pintando o AmorWhere stories live. Discover now